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A maior ameaça à Terra Média não é mais Sauron ou Morgoth, e sim Jeff Bezos. A Amazon divulgou o trailer da nova série “O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder” durante o Super Bowl [a final do campeonato de futebol americano], e o produto anunciado não inspira confiança.
A série se passa bem antes de Frodo e a Irmandade do Anel cruzarem a Terra Média e se atém a todo um novo elenco nunca antes visto na televisão. Alguns desses personagens foram criados por J.R.R. Tolkien e foram tirados de outros textos. O preocupante é que outros surgiram do nada e foram criados especialmente para a série.
E é por causa desses personagens inventados que surgem alguns problemas. Pegue, por exemplo, a princesa Disa, interpretada pela atriz Sophia Nomvete. Na série, Nomvete é uma mulher negra. Em outro contexto, seria uma escolha totalmente aceitável. Mas estamos falando de “O Senhor dos Anéis”, obra na qual as descrições de Tolkien são bem claras. E os anões não têm essa aparência.
Os criadores de “Anéis de Poder” explicaram por que fizeram essa escolha. Numa entrevista para a “Vanity Fair”, a produtora-executiva Lindsey Weber disse que “foi natural para nós adaptarmos a obra de Tolkien de modo que ela refletisse o mundo atual”.
Que mundo? Ora, o nosso mundo contemporâneo, claro.
Para esquerdistas como Weber, a Terra Média – um mundo inspirado na mitologia antiga das ilhas britânicas, terra de Tolkien — deveria ser parecida com a Nova York ou San Francisco de 2022. A diversidade deve estar em lugares onde ela não cabe e a obra original deve ser desprezada.
O tratamento dado aos personagens conhecidos não é muito melhor. Galadriel, a elfo interpretada por Cate Blanchett na adaptação do diretor Peter Jackson, mudou radicalmente de personalidade.
A Galadriel etérea e graciosa da obra de Tolkien não existe mais. Ela foi substituída por uma guerreira genérica, uma cópia grosseira de tantas outras personagens femininas “empoderadas” existentes na fantasia atual. Weber e sua equipe parecem acreditar que, para que uma personagem mulher demonstre força, ela deve ser uma guerreira que se impõe fisicamente. Em outras palavras, ela deve ser um homem.
Ainda assim, Galadriel transborda poder no filme e no livro, sem que tenha sido necessário fazer dela um homem.
Pior ainda, quando fãs de um livro como “O Senhor dos Anéis” apontaram problemas com a adaptação, foram acusados de preconceito por não admirarem as transformações que a esquerda fez na franquia.
“Anéis de Poder” está longe de ser a primeira séria a intencionalmente alienar fãs da obra-matriz. Mas a série constitui uma nova fronteira na invasão radical da cultura popular pela esquerda sauronesca.
Tolkien e “O Senhor dos Anéis” representam a base sobre a qual se assenta boa parte da fantasia contemporânea. George R.R. Martin, autor da popular série “As Crônicas de Gelo e Fogo”, que mais tarde inspiraram a série “Game of Thrones”, da HBO, disse ter se inspirado em Tolkien para escrever seu épico de fantasia.
Ao sequestrar a obra de Tolkien, os radicais de esquerda estão enviando uma mensagem ameaçadora aos admiradores do trabalho do escritor: “Somos donos disso agora. E vamos retratá-la como quisermos”.
“Anéis de Poder” parece ser outra obra medíocre, desprovida do amor e cuidado com que Tolkien tratava sua obra e com os quais Jackson tratou os filmes da trilogia “O Senhor dos Anéis”.
Ironicamente, a obra de Tolkien parece retratar justamente a corrupção da cultura popular pela esquerda radical. Em seu “O Retorno do Rei”, Frodo, o herói hobbit, diz o seguinte sobre a natureza dos orcs, uma raça do mal criada por Sauron a fim de se apoderar do Anel: “A Sombra que os criou só é capaz de zombar das coisas feitas e nunca de criar coisas novas. Não acho que ela tenha dado vida aos orcs; ela apenas os arruinou e corrompeu (...)”.
A esquerda radical dissemina sua ideologia não por meio de atos de criação, e sim corrompendo e maculando as coisas que as pessoas amam. A obra de Tolkien não será a última a ser corrompida, mas deveria servir de alerta para que protejamos a série tão admirada.
Ainda bem que esta é uma batalha que estamos vencendo. A reação ao trailer da Amazon tem sido ostensivamente negativa e os fãs estão reclamando da diversidade forçada e das imprecisões descritivas.
Como diz o sábio mago Gandalf, “o desespero é para aqueles que vêm o objetivo para além de qualquer dúvida. Não para nós”.
Douglas Blair é colaborador do Daily Signal e faz parte do programa para jovens líderes da Heritage.