As leis contra o trabalho infantil parecem sensatas, mas não são.
Lugares que são pobres a ponto de precisarem que as crianças trabalhem terão trabalho infantil mesmo que os governos não queiram.
Se houver proibição, será impossível aplicá-la se o trabalho infantil já estiver disseminado; e, se a proibição for imposta, ela levará as crianças a trabalharem em atividades muito piores do que as atividades que elas exerceriam se o trabalho infantil fosse legalizado.
Legislando a escassez
Infelizmente, não dá para eliminar a escassez por meio da legislação.
Os lugares que não precisam que as crianças trabalhem em condições degradantes não terão crianças fazendo isso. As leis que proíbem o trabalho infantil não têm nada a ver com isso.
Mas vamos esclarecer algo sobre a ideia do trabalho infantil. Ele existe hoje em dia, até mesmo em países ricos o bastante para não precisarem de crianças trabalhando.
Nos Estados Unidos, as crianças são obrigadas a trabalharem à mesa, em salas de concreto, durante 13 anos. É obrigatório e muito difícil fugir disso. Elas não têm escolha quanto à atividade ou horário. Elas não recebem salário. Elas adquirem poucas habilidades que são úteis mais tarde na vida. Elas são constrangidas e punidas quando não gostam de fazer isso, quando não são boas ou quando falham.
Essas mesmas crianças são impedidas de oferecerem voluntariamente seu trabalho em troca de um salário. Elas não podem ir a uma estufa e pedirem um punhado de dólares para aguar as plantas. Mesmo que amem as plantas e aprendam muito e mesmo que o proprietário as adore. É ilegal que elas recebam salário trabalhando na empresa dos pais ou vendendo serviços de edição no YouTube para pequenas empresas.
Algumas encontram lacunas e formas de trabalhar sem serem pegas. Mas a maioria dos trabalhos mais inteligentes e bem pagos são juridicamente dúbios demais para que as empresas se deem ao trabalho de pagar os jovens. E as leis de salário mínimo os excluem até mesmo das funções mais simples.
Libertação
Não é de se admirar que as pessoas saiam das faculdades com pouco mais de vinte anos e entrem para a força de trabalho sem muitas habilidades e sem saber o que o mercado valoriza. Elas foram mantidas fora do mercado por mais de vinte anos.
As crianças adoram brincar. E elas adoram objetivos e as coisas que valorizam. Elas adoram estar perto de adultos e aprender com eles. Elas adoram ajudar. Elas adoram ganhar dinheiro e também a confiança e independência que o acompanham.
Mas elas são criadas distantes do livre mercado, num ambiente escravagista desvalorizado e proibidas de se libertar.
Não é de se admirar que a maioria das pessoas tenha uma relação tão doentia com o trabalho, salários, comércio e empresas.
Mais liberdade de trabalho e menos trabalho sob coerção nas escolas seriam maravilhosos para todos.
Isaac Morehouse é fundador e CEO da Praxis. Ele é membro da rede FEE.
© 2019 FEE. Publicado com permissão. Original em inglês