Desde o Brasil Império até os tempos atuais, vários políticos e chefes de Estado brasileiros já sofreram atentados contra a sua vida – bem-sucedidos ou não. Veja a seguir alguns dos casos que tiveram impacto na história do país.
Assassinato de Líbero Badaró (1830)
Durante o governo do imperador Dom Pedro I, um atentado tirou a vida de Giovanni Battista Líbero Badaró, jornalista, político e médico italiano radicado no Brasil. Badaró vivia em São Paulo, onde fundou o jornal O Observador Constitucional, em 1829, que não era bem visto pelos absolutistas. O jornal fez uma campanha em favor de manifestantes que protestaram contra o governo monárquico, e Badaró ganhou alguns desafetos.
Ele foi assassinado quando voltava para a sua casa (na rua que hoje é chamada Líbero Badaró). Suas últimas palavras teriam sido “morre um liberal, mas não morre a liberdade”.
O principal responsável pelo assassinato foi preso. Historiadores dizem que a ordem para matar Badaró pode ter partido de Dom Pedro I. O fato complicou a situação política do imperador, que abdicou do trono e mudou-se para Portugal no ano seguinte.
Atentado contra Dom Pedro II (1889)
O Brasil passava por um período de instabilidade social no ano seguinte à promulgação da Lei Áurea, que abalou o poder escravista. O Imperador Dom Pedro II estava doente e cada vez mais afastado das decisões políticas do país durante essa crise institucional.
O atentado de julho de 1889 foi uma tentativa sem sucesso de tirar a vida do Imperador brasileiro. O imperador saía de um espetáculo no Teatro Sant’Anna, no Rio de Janeiro quando um tumulto o surpreendeu. Segundo jornais da época, algumas pessoas gritaram “Viva o Partido Republicano!” e uma confusão se seguiu. Dom Pedro II chegou à sua carruagem em segurança. Enquanto estava sendo conduzido, três tiros de revólver foram disparados contra o veículo.
O autor dos disparos não conseguiu atingir Dom Pedro II e fugiu. Mais tarde, foi capturado pela polícia e reconhecido como um republicano português.
Prudente de Morais (1897)
Prudente de Morais foi o terceiro presidente do Brasil, o primeiro civil a assumir o cargo e o primeiro eleito por eleição direta. Seu mandato começou em 1894.
Em 5 de novembro de 1897, sofreu um atentado durante uma cerimônia militar. Prudente de Morais escapou ileso, mas Marechal Bittencourt, seu ministro da Guerra, faleceu defendendo a vida do presidente.
Durante a cerimônia, um soldado chamado Marcelino Bispo de Melo encostou uma pistola no peito de Prudente de Morais. O presidente foi rápido e, com a cartola, conseguiu afastar a arma. O soldado, então, sacou uma espada e matou o ministro da Guerra, conta o site de notícias do Senado.
O seu vice-presidente, Manoel Victorino, foi processado como mandante do atentando, mas foi inocentado por falta de provas.
Assassinato de José Gomes Pinheiro Machado (1915)
Influente político da Primeira República, Pinheiro Machado foi senador pelo Rio Grande do Sul entre 1890 e 1915. Ele foi assassinado com uma punhalada nas costas em 8 de setembro, no saguão de um hotel de luxo no Flamengo, Rio de Janeiro.
O autor do crime foi Francisco Manso de Paiva Coimbra. Ele entregou o punhal sujo de sangue e esperou calmamente que a polícia chegasse ao hotel para prendê-lo. Ele insistiu que agiu por iniciativa própria.
João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque (1930)
Enquanto era governador da Paraíba, João Pessoa foi assassinado na Confeitaria A Glória, no Recife, quando tinha 52 anos. O seu assassinato, em 26 de julho de 1930, é considerado o estopim para a Revolução de 1930, o golpe de estado liderado por Getúlio Vargas que depôs o presidente Washington Luís.
A capital do estado da Paraíba, que até setembro de 1930 se chamava Parahyba, passou a se chamar João Pessoa em sua homenagem.
No mesmo ano, João Pessoa foi candidato a vice-presidente na chapa de Getúlio Vargas. Eles perderam para a chapa governista de Júlio Prestes, alguns meses antes do crime.
Atentado na rua Tonelero contra Carlos Lacerda (1954)
Na madrugada de 5 de agosto de 1954, uma tentativa de assassinato foi cometida contra o jornalista e político Carlos Lacerda. Ele foi surpreendido por balas ao chegar à sua casa, no número 180 da Rua Tonelero em Copacabana, Rio de Janeiro.
Lacerda era o maior opositor do político Getúlio Vargas. A tentativa de assassinato ganhou importância histórica porque acentuou a crise política pela qual passava o país, pavimentando o caminho para o suicídio de Getúlio Vargas, 19 dias depois.
Atentado do Aeroporto de Guararapes contra Costa e Silva (1966)
Durante a ditadura militar, um atentado a bomba feito em 25 de julho de 1966 no aeroporto de Guararapes, em Recife, teve como alvo o General Costa e Silva, que viajava em campanha antes de suceder Castello Branco na presidência. Ele escapou porque mudou o trajeto e desembarcou em João Pessoa.
Uma bomba explodiu no saguão do aeroporto e deixou 14 pessoas feridas e matou um vice-almirante, Nelson Gomes Fernandes, e um jornalista, Edson Régis de Carvalho.
O crime partiu da organização de esquerda Ação Popular (AP), mas há divergências sobre a identidade dos autores desse atentado.
Atentados contra José Sarney (1967 e 1988)
Enquanto era governador do Maranhão, José Sarney passou por um atentado contra a sua vida. Em São Luís, no dia 8 de novembro de 1967, o então governador participava de um comício.
Quando começou o seu pronunciamento, surgiu na multidão um jovem empunhando uma longa faca, que invadiu o palanque e gritou “Sarney, tu vai morrer agora”. Sarney e os outros políticos ficaram paralisados no palanque. O capitão Albérico Ferreira, tio do governador e seu secretário particular, e Mundinho Guterres interceptaram o jovem.
A multidão que assistia ao comício tentou sem sucesso linchar o criminoso, que foi preso.
Em setembro de 1988, quando José Sarney exercia o cargo de presidente, um maranhense de 28 anos sequestrou um avião da VASP, planejando atingir o Palácio do Planalto para punir Sarney. O plano não teve sucesso. Ao pousar em Goiânia, o autor do atentado, Raimundo Nonato Alves da Conceição, foi morto por policiais federais.