O ex-presidente e senador do Uruguai José Mujica durante encontro com estudantes na concha acústica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), no campus do Maracanã| Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Por décadas consolidada no poder, a esquerda agora começa a perder espaço na América Latina: há seis anos, dos 12 países da região, só três estavam sendo governados por políticos de centro ou mais à direita (o Chile, de Sebastián Piñera, o Paraguai, de Federico Franco, e a Colômbia, de Juan Manuel Santos).

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Mesmo com uma tendência à direita se consolidando, é preciso considerar o legado de anos de políticas progressistas em determinados países. Abaixo conheça o histórico dos principais líderes da esquerda latino-americana e qual sua influência atual no continente:

RAFAEL CORREA (Equador)

Auge: 2007-2016

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Eleito pela primeira vez em 2007, Correa assumiu afirmando que, com seu mandato, chegava ao fim “a triste noite neoliberal na América Latina”. Chegou ao poder em meio a um cenário de dificuldades econômicas, quedas no PIB e aumento no índice de desemprego. Aproveitando a popularidade do início de governo, conseguiu implementar uma série de medidas drásticas: criou uma nova Constituição em 2008, encerrou o acordo pelo qual os EUA mantinham uma base militar no Equador e instituiu a criticada Lei de Comunicação, que os opositores apelidaram de “lei da mordaça”.

Declínio: 2017

No fim de seu governo, Correa já acumulava tantas críticas que, nas eleições de 2017, a oposição baseou o discurso de “mudança” precisamente na derrubada de algumas das bandeiras de seu governo: prometiam uma reforma constitucional, o fim da Lei de Comunicação e a redução de impostos. Embora tenha conseguido eleger seu sucessor, Lenín Moreno, nem mesmo o nome apoiado por Correa manteve-se alinhado a ele: recentemente, Moreno acusou o governo anterior de corrupção e pediu que a Procuradoria do Equador investigasse projetos de infraestrutura de petróleo, com suspeita de superfaturamento na ordem de quase 2,5 bilhões de dólares.

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Às voltas com a Justiça, Correa já teve dois pedidos de prisão preventiva emitidos contra si. O primeiro veio em 2018, quando o ex-presidente foi acusado de ser o mentor do sequestro de um deputado de oposição, seis anos mais cedo. Em agosto deste ano, um novo pedido de prisão preventiva foi emitido por suspeita de suborno durante sua campanha eleitoral: Correa teria recebido dinheiro da Odebrecht em troca de contratos com o Estado. Hoje, para escapar dos processos, está vivendo na Bélgica. Um jornal do país europeu chegou a noticiar que Correa teria pedido asilo por perseguição política, mas seus advogados negaram.

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CRISTINA KIRCHNER (Argentina)

Dilma concede à então presidente argentina Cristina Kirchner colar da Ordem do Cruzeiro do Sul. A seu lado, o então presidente paraguaio, Horacio Cartes (Wilson Dias/Agência Brasil)| Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Auge: 2007-2011

Cristina chegou à presidência em 2007, navegando na onda de popularidade causada pela redução do desemprego e da pobreza durante o governo de seu marido, Néstor Kirchner, iniciado em 2003. Com a morte de Néstor em 2010, Cristina buscou a reeleição e, embora já estivesse começando a perder apoio, conseguiu seguir no cargo para um segundo mandato.

Declínio: 2014

Os primeiros sinais de que Cristina começava a perder apoio vieram em 2009, quando seu partido foi derrotado nos principais distritos argentinos e ficou sem maioria parlamentar. A partir de 2014, denúncias de corrupção começaram a se acumular, e o governo Kirchner também foi acusado de falsear dados econômicos, como os índices de inflação, para mascarar a real situação do país, que em seus últimos anos de governo viu um aumento no trabalho informal e recessão. Sem poder concorrer a uma nova reeleição em 2015 e com o governo imerso em um mar de lama, Cristina não conseguiu fazer um sucessor e viu Mauricio Macri chegar à presidência.

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A continuidade das dificuldades econômicas na Argentina durante o governo Macri fez com que a oposição voltasse a ganhar força, apesar de novas denúncias contra Kirchner seguirem vindo à tona. Para driblar a impopularidade de seu nome, Cristina desistiu de concorrer como candidata principal em sua chapa, aparecendo como vice de Alberto Fernández, seu ex-chefe de gabinete. Após vencer com sobras as primárias na Argentina, a tendência é que o kirchnerismo retorne ao poder na votação marcada para outubro deste ano.

HUGO CHÁVEZ (Venezuela)

Odebrecht cimentou a relação entre os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez| Foto: Jorge Silva

Auge: 2002-2007

Eleito presidente em 1999, Hugo Chávez viveu o primeiro grande teste de seu governo três anos mais tarde, quando um golpe de Estado chegou a afastá-lo do poder por 48 horas. No entanto, ainda contando com grande apoio entre a população e os militares, Chávez, que já convivia com acusações de estar ensaiando uma escalada autoritária, voltou ao poder e intensificou as reformas. Em 2004, um referendo que tentava tirá-lo do poder acabou por ratificar seu governo e, no ano seguinte, a oposição boicotou as eleições à Assembleia Nacional, acusando Chávez de fraude, deixando o partido governista sozinho no poder. Favorecido pelo aumento do preço do petróleo, o governo investiu em programas populistas que aumentaram sua base de apoio, e seguiu intensificando o controle estatal sobre diferentes setores da vida venezuelana: em 2007, deixou de renovar a concessão de um importante canal de TV opositor e, dois anos mais tarde, conseguiu passar uma reforma constitucional que permitiu a reeleição indefinida para a presidência. 

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Declínio: 2010-2013

A partir de 2010, o governo Chávez começou a perder espaço nas eleições legislativas e, simultaneamente, passou a conviver com cada vez mais denúncias na comunidade internacional. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) divulgou, naquele ano, um relatório de mais de 300 páginas em que acusava Chávez de perseguir jornalistas e impor limites à liberdade de imprensa no país. Com a piora da economia e a queda no preço do petróleo, a inflação começou a crescer, atingindo 19,9% ao ano em 2012.

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Chávez, porém, não viveu para ver a pior parte da crise que legou à Venezuela: morreu no dia 5 de março de 2013, aos 58 anos, em decorrência de um câncer. Nicolás Maduro herdou e agravou ainda mais os problemas do país.

NICOLÁS MADURO (Venezuela)

Nicolás Maduro, ditador da Venezuela, profere discurso em evento militar que relembrou o 17º aniversário da tentativa de golpe de Estado contra o Hugo Chávez (Foto: Yuri Cortez / AFP)
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Auge: 2013

Maduro nunca teve um “auge” propriamente dito. Vice de Chávez e indicado como seu sucessor quando sua saúde piorou, Maduro deu, porém, uma demonstração de força um mês após a morte de seu mentor: em abril de 2013, disputou e venceu as eleições convocadas para substituí-lo. A margem foi estreita (fez 50,6% dos votos válidos) e a oposição alegou fraude, mas Maduro assumiu o poder, onde segue desde então.

Declínio: desde 2014

Os problemas deixados por Chávez no fim da sua vida só se agravaram nos anos imediatamente seguintes. Entre 2013 e 2017, o PIB venezuelano teve uma queda de 37%. A inflação, que já vinha crescendo, entrou em uma espiral cada vez mais intensa e se tornou a maior do mundo: estima-se que deva bater em 10.000.000% em 2019.

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Nicolás Maduro ainda governa a Venezuela na prática, mas enfrenta, desde o início do ano, questionamentos cada vez maiores à validade de seu mandato. Juan Guaidó, oposicionista que preside a Assembleia Nacional, assumiu como “presidente interino” e obteve reconhecimento de mais de 50 países, incluindo o Brasil, e vem negociando tratados internacionais. Ainda assim, o impasse permanece, com Maduro dispondo de grande parte do poderio militar ao seu lado. Sem uma resolução ao conflito, o povo venezuelano sofre: além da hiperinflação, a economia não para de encolher — o FMI estima uma retração de 25% este ano.

MICHELLE BACHELET (Chile)

A alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet| Foto: FABRICE COFFRINI/AFP

Auge: 2006-2010, 2014

Primeira mulher eleita à presidência do Chile, Michelle Bachelet deu sequência aos governos da coalizão que presidiu o país desde o fim da ditadura pinochetista, em 1990. Encerrou seu primeiro governo com 80% de aprovação e, como não existe reeleição consecutiva no Chile, precisou esperar até 2014 para retornar ao poder, o que fez com 62% dos votos. Sua plataforma previa a revisão do sistema educacional superior no país, com mais vagas gratuitas, além de atualizações nas leis relacionadas ao aborto e ao casamento homoafetivo.

Crise: após 2015

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Bachelet nunca enfrentou um grande declínio como a maioria de seus colegas de esquerda na América Latina e encerrou seu mandato, em 2018, ainda com avaliações positivas. Mas, em 2015, esteve às voltas com um escândalo de corrupção e tráfico de influência envolvendo seu filho e nora. Exatamente como havia ocorrido em 2010, encerrou seu mandato sem conseguir eleger sucessor e viu Sebastián Piñera assumir pela segunda vez.

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Ainda vista como uma das principais lideranças democráticas de esquerda na América Latina, Bachelet imediatamente assumiu como Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, cargo que exerce atualmente.

EVO MORALES (Bolívia)

Presidente da Bolívia, Evo Morales| Foto: Yamil Lage/AFP

Auge: desde 2013

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No poder desde 2006, Evo Morales já mudou a Constituição para se eternizar na presidência, e tem dado indícios de que não pretende deixar o cargo tão cedo. Seu governo foi marcado pela nacionalização de recursos naturais, como o gás, e a defesa dos povos cocaleiros, contrariando a agenda antidrogas dos EUA. Diferentemente de seus colegas venezuelanos que adotaram táticas similares, porém, Evo tem conseguido manter um continuado bom desempenho econômico, que garante altos índices de popularidade. Desde que assumiu, o PIB boliviano tem crescido a uma média acima de 4%, chegando a 6,8% em 2013.

Crises: 2011 e 2019

Em 2011, as primeiras críticas à sua eternização no poder começaram a emergir, com temores de que o governo pudesse ganhar traços ditatoriais, especialmente após violenta repressão policial a uma manifestação indígena. Apesar disso, foi reeleito em 2014. Agora, em 2019, Evo voltou a enfrentar críticas que apontam para a má gestão ambiental de seu governo, incapaz de controlar as grandes queimadas que vêm destruindo biomas importantes do país desde a metade do ano.

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Ainda gozando de grande apoio e com a economia a seu favor, Evo é favorito para um quarto mandato consecutivo nas eleições marcadas para outubro.

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SALVADOR SÁNCHEZ CERÉN (El Salvador)

Auge: 2014

Eleito em 2014 com uma margem de apenas 0,22 pontos percentuais, Sánchez Cerén tinha como principal missão o combate à violência urbana e à pobreza — El Salvador é dominado por gangues e tem os mais altos índices de homicídio do mundo. Seu antecessor, do mesmo partido, havia sido acusado de mascarar uma redução na violência ao “negociar” com as gangues, facilitando o contato dos chefes de facções com seus comandados ao tirá-los das prisões de segurança máxima. Sánchez Cerén chegou ao poder prometendo avanços orgânicos nessas questões, mas não conseguiu promover mudanças significativas.

Declínio: desde 2017

O ex-presidente salvadorenho passou a enfrentar críticas pelos fracos resultados no combate à pobreza, por escândalos em que era acusado de favorecer familiares ao colocá-los em cargos públicos, e por seu contínuo apoio a Nicolás Maduro. Nos anos finais de seu governo, Sánchez Cerén enfrentou crises de desabastecimento de medicamentos e epidemias de doenças antes controladas.

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Deixou o poder no início de junho sem conseguir eleger sucessor — o candidato de seu partido ficou em terceiro lugar com apenas 14% dos votos. Chegou a ser investigado por enriquecimento ilícito, mas até o momento a Justiça salvadorenha não encontrou provas.

OLLANTA HUMALA (Peru)

Auge: 2011

Humala chegou ao poder em 2011 após derrotar Keiko Fujimori, filha do ex-ditador que governou o país nos anos 90, prometendo manter o crescimento econômico e focar na inclusão social. Também afirmou que acabaria com a “economia neoliberal”. Mas enfrentou dificuldades desde o início.

Declínio: desde 2012

Tendo governado até 2016, Ollanta Humala passou por grandes crises ao longo de todo o seu governo. Ainda nos primeiros anos, encontrou resistência popular a projetos como a mina de Conga, que causaria grande impacto ambiental na região de Cajamarca. Logo em 2011, já precisou enfrentar a renúncia de um de seus vice-presidentes (no Peru, há dois vices) por escândalo de corrupção. O próprio Humala eventualmente apareceria na longa lista de presidentes peruanos investigados pelas propinas da Odebrecht e chegou a ficar preso entre 2017 e 2018.

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Humala continua a ser investigado pelo envolvimento com a Odebrecht e, em maio de 2019, viu a Justiça de seu país pedir a sua prisão e a da ex-primeira-dama por 20 anos. Ainda às voltas com a Justiça, Humala tem viajado intensamente pelo interior do país, gerando especulações de que tentaria concorrer novamente a algum cargo político. As próximas eleições gerais do Peru ocorrem apenas em 2021. Seu índice de rejeição, porém, é elevado: 83%.

MANUEL ZELAYA (Honduras)

Auge: 2006

Político de carreira, tendo exercido três mandatos no Congresso hondurenho, Zelaya elegeu-se em 2006 prometendo combater a pobreza, que vinha crescendo no país, mas enfrentou crises desde o início, com a oposição chegando a pedir uma recontagem dos votos.

Declínio: 2009

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A impopularidade de Zelaya começou a crescer conforme o mandatário foi se aproximando de governos autoritários do continente. Em 2007, visitou Cuba e, no ano seguinte, aderiu à Aliança Bolivariana das Américas (Alba). Finalmente, sua tentativa de mudar a Constituição em 2009 provocou uma rápida resposta do Congresso e um golpe de Estado, que o derrubou em 28 de junho daquele ano e o expulsou do país. Zelaya voltou secretamente a Honduras em setembro daquele ano, ganhando proeminência ao se refugiar na Embaixada do Brasil.

Por onde anda

Zelaya retornou a Honduras em 2011, fundando o Partido Libertad y Refundación (“Libre”), que buscou recolocar o ex-presidente nos círculos de poder, ainda que sem ser o nome principal da chapa. Em 2013, sua esposa, Xiomara Castro de Zelaya, concorreu à presidência e ficou em segundo lugar. Ainda forte nos bastidores, sua próxima aposta é na filha, Hortensia “Pichu” Zelaya, indicada como pré-candidata para o pleito de 2021.

FERNANDO LUGO (Paraguai)

Auge: 2008-2011

Eleito em 2008 com o Paraguai mergulhado em altos índices de desemprego, insegurança e corrupção generalizada, Lugo, um ex-bispo, interrompeu uma hegemonia do Partido Colorado que já durava 60 anos no país, tornando-se o primeiro governante de esquerda. Enfrentou resistências por parte dos grandes agropecuaristas, sobre os quais queria aumentar os impostos, e também entrou em rota de colisão com o próprio Parlamento, dominado pela oposição, e com o governo brasileiro, com quem Lugo pretendia renegociar os contratos de Itaipu. Ainda assim, assumiu em alta: na época, 76% dos paraguaios acreditavam que o país melhoraria sob a presidência de Fernando Lugo.

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Declínio: 2011-2012

Lugo começou a enfrentar seus primeiros escândalos ainda em 2009, quando a Justiça exigiu que ele reconhecesse um filho gerado quando ainda era bispo católico. Outros casos do tipo vieram à tona na sequência. Mas o que levaria à derrubada de Lugo, por impeachment, foram acusações por mau uso de forças militares, com o estopim sendo o confronto de Curuguaty, quando o governo enviou 150 soldados do Exército para controlar uma disputa territorial próxima à fronteira com o Brasil, em um episódio que deixou 17 mortos, sendo sete policiais. Sem apoio no Congresso, a destituição de Lugo foi formalizada em 22 de junho de 2012, um episódio que o ex-presidente qualificou de “golpe”.

Por onde anda

Lugo segue envolvido com a política, segundo ele, por considerar que “não fez tudo o que poderia”. No entanto, não tem conexão com nenhum dos partidos políticos, dedicando-se a endossar nomes. Nas eleições de 2018, apoiou o candidato à presidência Efraín Alegre, que acabou derrotado pelo colorado Mario Abdo Benítez.

JOSÉ MUJICA (Uruguai)

Auge: 2010-2018

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Personagem carismático e envolto em uma imagem de humildade, José Mujica foi um dos presidentes uruguaios mais reconhecidos internacionalmente na história. No comando da Frente Ampla, coalizão de esquerda que já governava o país com Tabaré Vázquez (que foi, também, o sucessor de Mujica após o fim de seu mandato em 2015), chegou à presidência em 2010 e tomou a dianteira em uma série de bandeiras progressistas, como a legalização da maconha, do aborto e do casamento homoafetivo. Após o fim de seu mandato, assumiu um posto no Senado.

Declínio: 2019

Mujica permaneceu como uma figura popular, especialmente fora do Uruguai, muito após deixar a presidência, há cinco anos. Recentemente, sua imagem acabou abalada por suas falas sobre a Venezuela — a esquerda o criticou por definir o governo de Nicolás Maduro como uma ditadura, já seus opositores tradicionais se indignaram com a fala em que dizia que os manifestantes contra o regime venezuelano não deveriam se colocar à frente dos tanques (após a difusão de um vídeo em que grupos pró-Guaidó eram atropelados por blindados militares).

Por onde anda

Mujica renunciou à cadeira no Senado em 2018 e, aos 84 anos de idade, segue atuando nos bastidores da política. Nas prévias das eleições presidenciais deste ano, apoiou a ex-ministra da Indústria, Carolina Cosse, derrotada nas primárias da Frente Ampla, que será representada pelo ex-prefeito de Montevidéu, Daniel Martínez Villamil. Mujica segue à frente de uma lista de candidatos legislativos denominada Espacio 609, que representa a ala mais à esquerda dentro de sua coligação.

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