Nas preparativas para as eleições gerais de 2020 dos Estados Unidos, o Twitter recebeu e acatou solicitações do governo federal e de órgãos estaduais, bem como de agentes partidários, de que apagasse as contas que eles achavam problemáticas, segundo revelou nesta terça-feira (03) uma continuação da série de revelações chamada "Twitter Files".
Durante o outono boreal de 2020, cada vez mais órgãos tentaram se intrometer nos processos de moderação de conteúdo do Twitter, o que já envolvia o FBI, o Departamento de Segurança Doméstica, a Agência do Diretor Nacional de Inteligência, entre outros.
Por exemplo, a Comissão Seleta do Senado sobre Inteligência (SSCI, em inglês) entrou em cena no dia primeiro de setembro para se certificar de que o Twitter seguia as indicações do FBI sobre certas contas, segundo os e-mails obtidos e analisados pelo jornalista independente Matt Taibbi. O Twitter assegurou à Comissão, num e-mail elogioso, que iria suspender cinco contas "por manipulação da plataforma, que nós podemos, de maneira confiável, atribuir a agentes governamentais russos."
Alguns documentos internos do Twitter publicados recentemente mostraram que o FBI estava em constante contato com o então chefe de Confiança e Segurança (Trust and Safety) da empresa, Yoel Roth. De janeiro de 2020 até novembro de 2022, houve uma troca de mais de 150 emails entre o FBI e Roth. Em muitos casos, o FBI alegadamente mandava que o Twitter combatesse "desinformação" eleitoral.
Entre setembro e novembro de 2020, o Departamento do Tesouro, o Departamento de Justiça, o estado de Connecticut, a Agência Nacional de Segurança, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos, bem como outros órgãos, procuraram o Twitter, parecendo pressioná-lo para agir contra vários indivíduos e agentes.
Por exemplo: o chefe da unidade da Força Tarefa de Influência do FBI informou a Roth em setembro de 2020 que o Tesouro atualizou sua lista de indivíduos sob sanção, passando a incluir o agente russo Andrii Derkach, que, segundo alegava o governo, estava envolvido na interferência estrangeira para atacar a eleição presidencial prestes a ocorrer. Um advogado da Secretaria Estadual de Connecticut avisou ao Twitter de "algumas contas suspeitas que, à primeira vista, estão hospedadas no CT, e tentam parecer oficiais."
Poucos dias depois da eleição de 2020, o gabinete do representante democrata e chefe da Comissão da Câmara de Inteligência, Adam Schiff, pediu ao Twitter para banir as contas do jornalista Paul Sperry e outros, alegando que punham em circulação na plataforma as teorias conspiratórias do QAnon.
A Comissão fez vários outros pedidos, tais como suprimir os resultados de busca relativos a certos membros, a fim de "deter a disseminação de futura desinformação no Twitter" sobre certos membros que "não são figuras públicas e não foram atores centrais no inquérito de impeachment, nem na eleição presidencial de 2020", e "rotular e reduzir a visibilidade" de certo conteúdo. O gabinete de Schiff pediu ao Twitter para coibir a suposta intimidação dos defensores do QAnon ao assistente Sean Misko.
O Twitter então fez pé firme. Rejeitou muitas das exigências feitas em seu primeiro e-mail de respostas, e passou a dar respostas como "não, isso é inexequível" e "não, não fazemos isso", segundo os documentos.
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Copyright 2023 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.
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