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Retrato de Mao Tsé-Tung na Praça Tiananmen, centro de Pequim.
Retrato de Mao Tsé-Tung na Praça Tiananmen, centro de Pequim.| Foto: BigStock

“Genos”, em grego, significa “raça”, “tribo”. E “cide” é matar. O termo genocídio significa, portanto, o ato de eliminar um povo inteiro, e foi cunhado pelo advogado polonês Raphäel Lemkin, em 1944, em um livro que abordava as ações da Alemanha nazista na Europa ocupada.

Como explica um artigo da Organização das Nações Unidas, “Lemkin desenvolveu o termo em parte para responder às políticas nazistas de assassinato sistemático do povo judeu durante o Holocausto, mas também em resposta a casos anteriores na história de ações direcionadas para a destruição de determinados grupos de pessoas”.

Em 1946, o genocídio foi reconhecido pela primeira vez pela Assembleia Geral das Nações Unidas como crime sob o Direito Internacional. É um conceito diferente do de crime contra humanidade ou de crime de guerra.

Em alguns casos, como no genocídio armênio provocado pela Turquia em 1915 e no Holodomor, impetrado pela União Soviética no início dos anos 1930, os países acusados alegam que não agiram de forma proposital, o que é extremamente questionável. Em outros casos, como no da Alemanha nazista, os objetivos eram explícitos.

Produzidas a partir da década de 1940, aplicando o termo recente a atos do passado, as listas de maiores genocídios da história consideram o que se sabe sobre as intenções dos líderes que cometeram assassinatos direcionados contra povos inteiros. Os sete maiores genocídios da história, em termos de número de vítimas fatais, são os seguintes.

1. A grande fome de Mao

Quando: 1958 a 1976
Onde: China
Quantos mortos: 38 a 48 milhões
Quem tomou a iniciativa: Mao Tsé-tung (1893-1976)
O que aconteceu: Somando o Grande Salto Adiante, de 1958 a 1962, e a Revolução Cultural, de 1966 e 1976, o ditador chinês levou a China ao caos e se tornou o ser humano que mais matou pessoas, e em um espaço de tempo relativamente curto. Com o salto adiante, Mao desestabilizou toda a produção agrícola e industrial. Com a revolução cultural, perseguiu minorias e estimulou cidadãos a delatar suas famílias.

2. Invasão mongol

Quando: Século 13
Onde: Ásia e Leste Europeu
Quantos mortos: 40 milhões
Quem tomou a iniciativa: Gengis Khan (1155-1227)
O que aconteceu: Na proporção da população mundial da época em que viveu, o líder mongol Gengis Khan supera qualquer outro genocida: aproximadamente 10% das pessoas que existiam naquele momento perderam a vida em consequência das ações desse líder político e militar. Em suas conquistas, que seguiram da Coreia até o Leste da Europa, passando pelos atuais China, Rússia e Afeganistão, o Khan destruiu vilas inteiras, matou os homens adultos e escravizou as mulheres, os idosos e as crianças. Assim, eliminou uma série de povos nos caminhos por onde esteve.

3. Crueldade sem limites

Quando: Século 15
Onde: Ásia Central
Quantos mortos: 17 milhões
Quem tomou a iniciativa: Tamerlão (1336-1405)
O que aconteceu: Inspirado nos feitos – e na violência – do líder mongol que viveu dois séculos antes, Tamerlão pretendia criar um novo império de proporções continentais, com a diferença de que as terras dele seguiriam a religião islâmica. Instalado na Turquia, ele fez o caminho contrário de Gengis Khan, seguindo pelo Oriente Médio e pela Ásia Central até alcançar a Mongólia. Cruel, Tamerlão aplicava castigos e mortes cruéis aos povos conquistados, como enterrar vivos todos os habitantes de uma cidade derrotada ou cimentá-los pela metade em paredes.

4. Mortes no gulag

Quando: Décadas de 1930 e 1940
Onde: União Soviética
Quantos mortos: 9 a 20 milhões
Quem tomou a iniciativa: Josef Stalin (1878-1953)
O que aconteceu: As ações na região da Ucrânia e do Cazaquistão levaram milhares de pessoas a morrer de fome, enquanto que a produção agrícola dessas áreas era despachada para outras áreas da União Soviética; os ucranianos batizaram o incidente de Holodomor. Stalin também desalojou populações inteiras, que foram enviadas para os gulags – quem sobreviveu se viu desterrado e isolado, e não conseguiu dar continuidade aos próprios costumes.

5. Holocausto

Quando: 1939 a 1945
Onde: Europa
Quantos mortos: 10 a 12 milhões
Quem tomou a iniciativa: Adolf Hitler (1889-1945)
O que aconteceu: A inspiração para criar o termo genocídio veio dos fornos onde eram queimados os cadáveres do holocausto. De fato, foi na Alemanha nazista que a morte de grandes quantidades de pessoas, especialmente judeus, se tornou uma prática de nível industrial. A lista de povos perseguidos incluiu sérvios, romenos e ciganos.

6. Holocausto africano

Quando: Década de 1890
Onde: Congo Belga
Quantos mortos: 5 a 15 milhões
Quem tomou a iniciativa: Rei Leopoldo II (1835-1909)
O que aconteceu: Tradicionalmente, países europeus que colonizavam nações africanas estabeleciam alianças com algum dos grupos locais, de forma que parte dos moradores era transformada numa elite, enquanto que a maioria era reprimida. No caso do Congo Belga, não foi isso o que aconteceu: o rei Leopoldo II transformou todos os moradores em escravos, obrigados a trabalhar apenas em atividades que rendessem retorno para a colônia. A violência contra a população em geral transformou estupros, amputações e assassinatos em práticas corriqueiras. O governo belga só se desculpou oficialmente em 2019.

7. Caminhada mortal

Quando: 1915 a 1923
Onde: Turquia
Quantos mortos: 2 a 2,7 milhões
Quem tomou a iniciativa: Governo turco
O que aconteceu: Armênios, em especial, mas também gregos e curdos foram expulsos das terras do Império Otomano, que se dissolvia em meio à Primeira Guerra. Na caminhada forçada desde a atual Turquia até a região onde hoje fica a Síria, para se instalar em campos de concentração, milhões de pessoas morreram. O governo turco continua se defendendo da ação: diz que a deportação foi mal planejada, mas não caracteriza um massacre proposital.

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