Pelo menos desde a década de 1930, quando Orson Welles transmitiu no rádio “A Guerra dos Mundos”, de H.G. Wells como se fosse algo real, a possibilidade de invasões alienígenas têm provocado um genuíno terror na população da Terra. Extraterrestres, seus discos voadores e raios da morte têm sido uma dos temas favoritos de Hollywood. Em “Independence Day – O Ressurgimento”, exemplo desse fenômeno, os alienígenas não querem mais dominar ou colonizar o planeta, mas simplesmente exterminar a humanidade.
Por sorte, até hoje os contatos com ETs continuam restritos às telas do cinema. No mundo real, enquanto a ciência descobre cada vez mais planetas parecidos com a Terra nos quais a vida também poderia florescer, os pesquisadores que vasculham o espaço não encontraram nenhum sinal de vida alienígena. Agora, uma nova teoria explica esse vazio: os alienígenas podem estar todos mortos.
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Segundo um estudo publicado no começo deste ano pelo astrobiólogo Aditya Chopra, da Universidade Nacional da Austrália, a vida pode até ser comum no universo. Mas ela é frágil e se extingue muito rapidamente, antes mesmo de se desenvolver de maneira mais complexa. “A maioria dos planetas se aqueceu ou resfriou descontroladamente pouco depois de desenvolver a vida”, diz o pesquisador. “Devem ser muito poucos aqueles onde os seres vivos continuaram se desenvolvendo ao longo de bilhões de anos até ficarem complexos o suficiente para fazer contato conosco.”
Onde está todo mundo?
O mistério sobre o silêncio das espécies extraterrestres é tão antigo quanto os filmes de invasões alienígenas. Ele ronda a ciência desde 1950, quando o físico Enrico Fermi, ao se deparar com o céu coalhado de estrelas, se perguntou: “Onde está todo mundo?”. De início, a pergunta foi recebida com certo desdém pela comunidade científica, pois esse não era considerado um tema respeitável.
A dúvida, no entanto, foi se tornando cada vez mais incômoda conforme os cientistas foram explorando os céus. Apenas nos últimos anos, foram descobertos milhares de planetas orbitando estrelas distantes do Sol. Pelo menos mil deles estão na zona habitável de seu sistema estelar, onde o clima não é tão quente nem tão frio para que a água possa existir em sua forma líquida — uma das exigências para que a vida se desenvolva.
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Ao mesmo tempo, projetos como o SETI, que busca por sinais de rádio emitidos por civilizações avançadas, só encontraram ruído e estática. Se os ingredientes para a vida eram tão comuns ao redor do universo porque até hoje ninguém deu sinal de vida? “’É porque o que aconteceu na Terra deve ser muito raro”, responde Chopra.
Quente demais. Gelado demais
Segundo o estudo, as primeiras evidências de vida na Terra datam de cerca de um bilhão de anos depois da formação do planeta. Nessa mesma época, Marte e Vênus também tinham condições de hospedar seres vivos. Mas Vênus passou por um efeito estufa descontrolado e se tornou um planeta quente demais para sustentar a vida, enquanto Marte perdeu sua atmosfera e se tornou um deserto gelado. “Havia no Sistema Solar três planetas capazes de hospedar a vida, mas apenas o nosso sobreviveu. É possível que isso tenha acontecido em outros sistemas estelares ao redor do universo”.
O pesquisador diz que, na Terra, a vida — quando ainda era formada basicamente por microrganismos — aprendeu de forma muito rápida, a interagir com o meio ambiente e garantir sua sobrevivência. “Se o planeta começasse a esquentar demais, esses seres vivos conseguiriam absorver o CO2 por processos como a fotossíntese e prevenir o efeito estufa. Se o planeta estivesse esfriando, poderia soltar esse CO2”, diz. “Para sobreviver, a vida tem que aprender a influenciar o planeta antes de ser extinta. Como a evolução é um fenômeno aleatório, isso deve ser muito incomum.”
Ou seja, a extinção é a regra no universo. Ainda assim, segundo o pesquisador, não é impossível que outros planetas tenham passado pelo mesmo processo que a Terra: “Ele é raro, mas não único. Os outros planetas nos quais ele aconteceu podem estar muito distantes, mas ainda há esperanças de encontrarmos vida alienígena.” Enquanto isso, se depender de Hollywood e do sucesso do novo Independence Day, os contatos alienígenas continuarão a ser feitos nos cinemas por muitos anos.
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