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Elon Musk em visita ao Reino Unido em novembro de 2023. Chefe de gabinete do novo primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, fundou organizações que aconselham a campanha de Kamala Harris nas eleições dos EUA e prometem "matar o Twitter de Musk".
Elon Musk em visita ao Reino Unido em novembro de 2023. Chefe de gabinete do novo primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, fundou organizações que aconselham a campanha de Kamala Harris nas eleições dos EUA e prometem “matar o Twitter de Musk”.| Foto: EFE/EPA/TOLGA AKMEN / POOL

Uma organização britânica dedicada ao combate ao “ódio” online, cujo fundador é consultor da campanha presidencial de Kamala Harris nos Estados Unidos, planeja “matar o Twitter de Elon Musk”, mostraram documentos obtidos pelos jornalistas americanos Paul Thacker e Matt Taibbi.

A campanha de Donald Trump, que tem Musk como um de seus coordenadores e financiadores, fez uma queixa formal contra o Partido Trabalhista do Reino Unido por suposta interferência estrangeira nas eleições.

O Centro de Combate ao Ódio Digital (CCDH, na sigla em inglês), que tem registro em ambos os países, foi fundado por Morgan McSweeney, chefe de gabinete do primeiro-ministro trabalhista Keir Starmer. McSweeney, que já foi chamado de “Rasputin de Starmer” pela imprensa britânica, é considerado por analistas um dos principais articuladores que levaram o político e seu partido a vencerem as eleições de julho de 2024. Outra organização fundada por McSweeney que leva o nome do partido, “Labour Together”, tem prestado consultoria à campanha presidencial de Kamala Harris e Tim Walz nos Estados Unidos.

Três documentos do CCDH vazados para os jornalistas listam entre suas “prioridades anuais” matar a rede social de Elon Musk, entre outras metas como “progredir na direção da mudança nos Estados Unidos”.

Os documentos são de 8 de janeiro, 5 de março e 10 de junho de 2024. “Matar o Twitter de Musk” era sempre posto no topo da agenda da organização.

“Reaja contra Elon Musk”, diz uma mensagem destacada no site da organização, que é registrada em ambos os países — com as revelações, o CCDH pode se complicar com a lei americana, que concede isenções fiscais a organizações sem fins lucrativos apenas se elas forem apartidárias e não tiverem “uma parte substancial de suas atividades dedicada à tentativa de influenciar a legislação”, nas palavras do maior órgão fiscal do país, o Internal Revenue Service.

Outro documento vazado indica que o centro tem o plano de “acionar ação regulatória” em diferentes países. A entidade já esteve envolvida em lobby pela criminalização da “desinformação” em Washington D.C.

O CCDH acusa a rede social X (o Twitter de Musk) de ignorar denúncias contra “extremo discurso de ódio” que estaria circulando entre postagens. O centro já usou com sucesso táticas de pressão contra anunciantes para intimidar publicações. Entre seus alvos estiveram a publicação libertária Zero Hedge e a plataforma Substack. Essa seria a tática para prejudicar o X de Elon Musk.

Contato com políticos pró-censura

O mesmo documento mostra que o CCDH buscou reuniões com Amy Klobuchar, senadora democrata pelo estado do Minnesota. A página de Klobuchar no Senado americano mostra que ela trabalha pela criminalização do “discurso de ódio” desde 2007. Ela também propôs projetos de lei para criminalizar a “desinformação”. O escritório da senadora não retornou o contato de Thacker e Taibbi.

O site Politico, especializado em bastidores do poder, disse em agosto passado que o Partido Democrata e o Partido Trabalhista têm uma relação íntima. Depois de 25 anos de um “relacionamento especial” dos dois lados do Atlântico em que os americanos tinham o papel de aconselhar os britânicos, nas eleições deste ano os democratas “agora acreditam que na verdade têm algo a aprender com os trabalhistas”, afirmou a publicação.

Cerca de 100 pessoas já envolvidas na assessoria trabalhista estão ajudando a campanha de Harris, disse o Politico na semana passada.

Outro documento vazado do CCDH mostra que o centro promoveu “60 reuniões no Capitólio” com legisladores americanos no começo do ano, visitando “16 gabinetes de congressistas em duas semanas para atualizações sobre o processo de Elon Musk” — o empresário processou a organização por suposta manipulação de dados sobre a proliferação de discurso de ódio na plataforma X, mas o processo foi arquivado.

Um dos planos do centro frente aos congressistas é o “arcabouço STAR”, que, à maneira do PL das “fake news” no Brasil, criaria um órgão regulador das redes sociais que pudesse “impor consequências por conteúdo danoso” às Big Tech.

Organização pró-liberdade de expressão britânica critica o CCDH

A Gazeta do Povo conversou com a Academy of Ideas, organização britânica que defende a liberdade de expressão e promove um evento anual de debates em Londres.

“Por volta da última década, ONGs ocidentais criticaram uma alegada interferência russa, ou outras interferências estrangeiras, em eleições”, disse Alastair Donald, diretor associado da organização. “Dessa forma, quando decidem se envolver nas campanhas eleitorais dos Estados Unidos, os dois pesos e duas medidas ficam evidentes.”

“Que as organizações possam planejar ‘matar o Twitter de Musk’ mostra o quão ousados ficam os novos censores quando governos ocidentais recuam da defesa de valores fundamentais como a liberdade de expressão”, afirmou Donald.

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