Escombros em um kibutz atacado pelo Hamas em 7 de outubro| Foto: EFE/Manuel Bruque
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Localizado a menos de dois quilômetros da fronteira de Gaza, encontra-se o kibutz Kfar Aza, uma comunidade serena de kibutzianos fundada na década de 1930 por judeus marroquinos e egípcios que fugiram da perseguição. Desde sua fundação, o kibutz tornou-se conhecido por promover iniciativas ambientais de ponta, bem como por seu desejo geral de fomentar relações importantes com seus vizinhos de Gaza.

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Mas no dia em que visitei, era algo completamente diferente. Como a comunidade mais próxima da fronteira de Gaza, foi a primeira a ser infiltrada por terroristas do Hamas e civis palestinos em 7 de outubro (por três entradas diferentes, para ser exato). A vila doce e alegre, cheia de casas modestas e aconchegantes, foi devastada quando mais de 100 assassinos furiosos, com a intenção de matar judeus, escalaram as duas cercas que separavam a comunidade de Gaza. Dos 960 moradores da comunidade, 66 foram assassinados, 18 foram sequestrados e um continua desaparecido.

Caminhar pelo kibutz Kfar Aza é como andar por um apocalipse onde o tempo parou abruptamente. Na pia, há louças do jantar de Shabat da noite anterior, enquanto móveis virados e pertencem pessoais espalham-se pela rua. Alguns quintais ainda têm seu sucot [cabanas ou tendas] de pé, um vestígio do feriado em que ocorreu o massacre. Casas inteiras foram queimadas até o chão, com as poucas paredes ainda de pé cheias de buracos de balas e estilhaços. O Hamas atirou indiscriminadamente em tudo e qualquer coisa em cada casa — máquinas de lavar, geladeiras, móveis — antes de assassinar famílias inteiras, inclusive bebês. Na verdade, o kibutz Kfar Aza foi um local onde os socorristas resgataram bebês e crianças israelenses decapitadas.

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O objetivo não era apenas matar judeus. O objetivo era a crueldade pura e absoluta. Como me disse um morador, Hanan Dann: "Você não sabe quem foi morto, sequestrado, estuprado ou queimado".

Uma casa que visitei era simplesmente uma casca carbonizada, com o telhado totalmente desaparecido. Soube de Hanan que uma mãe, um pai e uma criança de um ano moravam lá. Os civis palestinos saquearam a casa, juntando-se à selvageria do Hamas, antes de abrirem um cilindro de gás de cozinha e incendiarem a casa com a família dentro. A família conseguiu escapar por pouco, percorrendo as estradas do kibutz por duas horas, coberta por queimaduras graves. Um vizinho me informou que a mãe apenas acordou dos ferimentos há duas ou três semanas.

Entrei em outra casa que ainda cheirava a morte. Um soldado israelense me informou que uma jovem morava ali com seu marido. Às 9h30, ela havia enviado uma mensagem para o grupo de WhatsApp de sua família alertando sobre os terroristas e dizendo que havia entrado na sala segura [trata-se de um esconderijo para habitantes em caso de invasão ou ataque terrorista] de sua casa. Quando as forças israelenses chegaram, o sofá da sala estava coberto de sangue — a partir da localização da morte dela, ficou evidente que o Hamas a arrastou para fora e a executou.

Outra casa, habitada por um pai e um filho, ficou coberta de buracos de estilhaços, enquanto o cheiro de detritos queimados ainda pairava no ar. Mas a porta da sala segura da casa conta a história real. Dezenas de balas cercam a maçaneta da porta, indicando que o Hamas sabia que as portas não trancavam por dentro e que os habitantes da sala estariam desesperados para segurar a maçaneta. Muitas vítimas, como esse pai e filho morreram, agarrando a maçaneta de sua sala segura.

Caminhei pelo kibutz Kfar Aza por mais de uma hora. Conforme você se aproxima do fundo dele, as casas se tornam menores, mas os danos se tornam mais extremos. As casas mais simples, pertencentes principalmente a jovens casais com filhos pequenos, foram algumas das mais destruídas. Segundo relatos, o Hamas tinha informações fornecidas sobre o layout do kibutz, levando os moradores a acreditar que os portadores de permissão de trabalho de Gaza — os mesmos que eles defendiam — podem ter ajudado a fornecer informações. Novamente, a crueldade era o ponto. Eles sabiam onde estavam as crianças.

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Hanan declarou com um suspiro que, antes de 7 de outubro, "tínhamos uma vida linda aqui". “Conhecíamos as regras”. Confrontos ocorreram a cada poucos meses, casos de disparos de foguetes poderiam durar uma ou duas horas, e algo maior poderia acontecer em intervalos menos ocasionais. Mas o que aconteceu em 7 de outubro foi diferente de qualquer coisa imaginável. De fato, antes de 7 de outubro, muitos no kibutz haviam chegado a acreditar que os gazenses queriam a paz, ou pelo menos tinham aceitado mais ou menos compartilhar a terra com Israel.

Não é claro quando uma área será considerada reparada e segura para o retorno dos moradores da comunidade. No momento atual, cerca de 200.000 israelenses permaneceram deslocados internamente.

Ao nos dirigirmos para a entrada do kibutz, notamos uma churrasqueira acesa com espetinhos em cima. Parecia que um casal mais velho, de ex-residentes do kibutz, estava preparando um churrasco. Quase como um chicote, a varrição do terraço pela esposa contrastava fortemente com a devastação ao nosso redor. Mas também serviu como um lembrete do espírito indomável israelense que anima o país há décadas e que, na última análise, permitiu que prevalecesse, apesar de estar cercado pelo mal. Ao passarmos, o marido sorri para o nosso grupo.

A autora deste artigo está em viagem patrocinada pela Organização Sionista Mundial.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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© 2023 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês: The Cruelty Was the Point