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Ideia do prefeito Bill De Blasio parece bem-intencionada, mas só terá a consequência perversa de transferir empregos e empresas para o exterior.
Ideia do prefeito Bill De Blasio parece bem-intencionada, mas só terá a consequência perversa de transferir empregos e empresas para o exterior.| Foto: Reprodução/ Twitter

O prefeito de Nova York tem um plano para resolver o problema da substituição dos trabalhadores por robôs. Bill de Blasio quer que o governo federal crie um “imposto sobre robôs”. A proposta de De Blasio sugere que, quando uma empresa usa a automação para diminuir a mão de obra, como um guindaste num porto, ela teria de pagar ao governo federal o equivalente a cinco anos de impostos sobre a folha de pagamento para cada trabalhador substituído pela máquina. O empregador também teria de encontrar novas ocupações com o mesmo salário para os trabalhadores – ou então teria de lhes pagar indenização. Além disso, a lei criaria uma nova agência federal para determinar quais ocupações seriam eliminadas pela automação e o valor do imposto sobre robôs devido pelos empregadores. De Blasio inventou até um nome para a agência: Agência Federal de Automação e Proteção ao Trabalhador (FAWPA, na sigla em inglês). Separadamente, ele ainda propõe que o governo federal elimine todos os subsídios à inovação; apesar de usar a palavra “automação” em vez de “inovação”, ele quer dizer a mesma coisa.

O dinheiro arrecadado com o imposto sobre robôs supostamente ajudaria a cobrir os impostos que os trabalhadores substituídos deixariam de pagar e ajudaria na transição deles para encontrarem outras ocupações ou para se aposentarem. Mas a ideia de que os trabalhadores substituídos pela automação ficarão sem ter o que fazer – ideia popular em alguns círculos, sobretudo com o colega de De Blasio e candidato presidencial democrata Andrew Yang — se perde diante de tudo o que sabemos sobre a inovação e seus efeitos. Séculos de dados estatísticos e históricos mostram que a inovação, mesmo que a princípio substitua alguns trabalhadores, gera muitas novas oportunidades de trabalho e aumenta a produtividade.

Desde que a Revolução Inicial teve início, há 250 anos, os negócios absorveram ondas seguidas de inovações, e ainda assim as economias continuaram empregando em média 95% das pessoas dispostas a trabalhar. Se a inovação, seja ela simples teares ou os robôs dos anos 1960, realmente tivessem tirado o trabalho das pessoas para sempre, como as pessoas hoje temem que aconteça com a Inteligência Artificial, então a porção da população trabalhadora teria caído consistentemente. Isso não aconteceu.

É quase impossível imaginar que tipos de empregos surgirão em reação a qualquer onda de inovação – e é sempre mais fácil ver quem está perdendo o emprego agora. Mas como os registros estatísticos mostram, as novas ocupações sempre surgem. Nas últimas décadas do século XX, o processamento de texto, o e-mail e a Internet tiraram o emprego de milhares de datilógrafos, mensageiros e assistentes administrativos. Mas nunca houve uma classe destinada para sempre ao desemprego porque a mesma tecnologia que desempregou facilitou, entre outras coisas, a emergência (ou transformação) de serviços como o Federal Express e outras empresas de entrega, incluindo a Amazon. Aviões e caminhões sempre estiveram presentes, mas não a capacidade de garantir que as encomendas chegassem ao destino rapidamente — muito menos a habilidade de rastrear os itens. Da mesma forma, a criação de caixas eletrônicos ameaçou tirar o emprego de milhares de bancários, mas em vez disso as máquinas geraram tanto lucros para os bancos que eles foram capazes de contratar mais bancários – que, com a ajuda de novas tecnologias, puderam realizar trabalhos mais interessantes, complexos e importantes, recebendo mais por isso. Consequências como essa se repetem.

De Blasio, Yang e outros mencionam estudos que dizem que milhões foram desempregados por causa da robótica. Uma pesquisa muito citada, publicada na MIT Technology Review prevê que a IA pode eliminar 47% dos empregos nos Estados Unidos e 35% dos empregos no Reino Unido até 2035. Mas um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico discorda desses números. A análise fala que o primeiro estudo abrange todas as funções que a IA é capaz de realizar, sem levar em conta a realidade econômica. Levando em conta apenas os trabalhos que os robôs podem realizar com lucro, os empregos em risco caem para 10% nos Estados Unidos e 12% no Reino Unido. Mais importante, nenhum dos dois estudos levou em conta as novas funções que as economias certamente criarão, como sempre criaram.

A despeito da falta de perspectiva histórica e imaginação de De Blasio, sua lei também levaria as empresas para outros países. Uma empresa norte-americana que percebesse a oportunidade de usar robôs em suas operações, diante do imposto de De Blasio, simplesmente construiria uma instalação no exterior. Todos os empregos técnicos e de manutenção com salários altos também seriam dados a estrangeiros. A empresa pode encerrar suas operações domésticas não-automatizadas e, como não haveria robôs envolvidos, as demissões não custariam nada em impostos. Algumas empresas norte-americanas que já se transferiram para o exterior para tirar proveito dos salários menores têm usado a eficiência das máquinas para trazer suas operações de volta para casa. Diante do imposto dos robôs, mais empresas permanecerão no exterior.

Qualquer proposta de criação de mais um órgão governamental em Washington merece ser vista com ceticismo. O poder da FAWPA de determinar a responsabilidade de uma empresa seria um convite ao abuso. Os administradores pensariam menos em produção, lucro e eficiência e mais em regras burocráticas. Em vez de se ater à vantagem competitiva, as empresas gastariam tempo tentando esconder os efeitos trabalhistas da decisão de instalar equipamentos novos e mais eficientes. A proposta de De Blasio também estimularia os empresários a procurarem exceções à regra – algo que os órgãos administrativos invariavelmente criam para favorecer empresas ou setores -, orientando suas decisões em termos de manter alguns empregos aqui em vez de mandá-los para o exterior. Tudo pode ser por uma boa causa; pode até ser sincero. Mas ainda assim os empresários supostamente têm mais o que fazer do que alinhar suas decisões empresariais com a política da moda.

As ideias de De Blasio são tão equivocadas que este artigo só consegue resumi-las. Na improvável hipótese de sua proposta prosperar, ela manterá as pessoas presas ao que um observador honesta descreveria como trabalhar extenuante, repetitivo e monótono. Mas o mais provável é que sua proposta fracasse em seu intento de salvar os empregos, reprima a inovação e diminua a eficiência e a competitividade das empresas norte-americanas. A perda de eficiência, claro, faria com que os produtos americanos custassem mais, diminuindo o padrão de vida dos consumidores. É possível falar mais sobre a proposta tola de De Blasio – mas isso já não basta?

Milton Ezrati é editor-colaborador da National Interest, afiliada ao Centro de Estudos do Capital Humano da Universidade de Buffalo e economista-chefe da Vested, empresa de telecomunicações baseada em Nova York.

© 2019 City Journal. Publicado com permissão. Original em inglês

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