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Fila em frente à popular Juliana's Pizza, em Nova York
Fila em frente à popular Juliana’s Pizza, em Nova York| Foto: Bigstock

"Eles simplesmente não querem que as pessoas sejam felizes", disse o governador da Flórida e candidato presidencial republicano, Ron DeSantis, sobre uma fatia de pizza autêntica da cidade de Nova York no mês passado. "Eles", neste caso, eram os funcionários do Departamento de Proteção Ambiental da Cidade de Nova York, que recentemente propuseram uma regulamentação que poderia custar muito dinheiro às tradicionais pizzarias da cidade.

A regra proposta exige que estabelecimentos que usam fornos a carvão e lenha instalem novos sistemas de filtragem de ar. A razão ostensiva é reduzir o que o departamento descreve como "poluentes prejudiciais" em 75%. Os sistemas custam cerca de US$ 20.000 por unidade, exigem um estudo de viabilidade aprovado pela cidade e precisam de manutenção regular após a instalação.

O porta-voz do departamento, Ted Timbers, chamou a proposta de uma "regra de bom senso" e observou que ela foi desenvolvida em consulta a "grupos de restaurantes e justiça ambiental" – não exatamente as pessoas que a maioria de nós gostaria que ditassem nossas opções alimentares. Casos de dificuldades entre as cerca de 100 pizzarias afetadas podem se qualificar para uma dispensa do governo da cidade. A falta de conformidade pode resultar no fechamento dos estabelecimentos infratores. O departamento afirma que a regra proposta, que deve receber comentários públicos antes da aprovação final, é consistente com a Lei Local 38, uma portaria de redução de emissões de carbono que a cidade aprovou em 2015, mas adiou em parte por causa da pandemia de Covid-19.

Alguns proprietários de pizzarias reclamaram que a regra é muito onerosa ou pior, que os novos sistemas de filtragem de ar alterarão o sabor de sua icônica pizza. Dois advogados com interesse no assunto formaram uma Aliança de Pizza da Cidade de Nova York para resistir à regra, que descrevem como "um esforço conjunto para minar e suprimir o negócio de pizzas a carvão e lenha", enquanto um vereador republicano da cidade afirma que está buscando um acordo.

Outros opositores são mais conflituosos. No dia seguinte ao anúncio da regulamentação, o artista conservador e nativo da cidade de Nova York, Scott LoBaido, jogou 48 pedaços de pizza na Prefeitura, exclamando "Dê-nos pizza, ou dê-nos a morte!" LoBaido acrescentou: "Destruir pequenos negócios – é isso que esta cidade continua fazendo."

Os números sugerem que LoBaido tem razão. A cidade de Nova York lidera o país em fechamentos de negócios, com cerca de 26 mil estabelecimentos desaparecendo entre março de 2020 e abril de 2022. Grandes corporações ainda sediadas em Nova York instituíram políticas de trabalho remoto permanentes ou transferiram pessoal para lugares com perfis fiscais, regulatórios ou de custo de vida mais amigáveis. Cerca de metade do espaço comercial de Nova York permanece vago. Mas muitos pequenos negócios, incluindo pizzarias, não têm o luxo de sair da cidade.

"Esta era a melhor cidade – e a razão pela qual não é mais é porque as pessoas votam no mesmo lixo repetidamente", disse LoBaido em uma entrevista à televisão. Ele se referia às suas próprias esperanças frustradas de que o prefeito Eric Adams seria uma melhoria em relação ao impopular prefeito anterior, Bill de Blasio.

"Não queremos prejudicar os negócios na cidade e não queremos prejudicar o meio ambiente", disse Adams, embora aparentemente espere que pequenos negócios sofram em prol do meio ambiente. Sinalizar virtude e as contribuições políticas do lobby ambiental pesam muito mais do que os interesses de algumas dezenas de pizzarias sobrecarregadas. E atacar pizzarias é muito mais fácil do que resolver os problemas mais urgentes da cidade, incluindo a criminalidade desenfreada, que aumentou 30% na maioria das categorias em 2022.

No entanto, quando se trata de comida, os nova-iorquinos são capazes de se erguer de sua apatia política. Em 2012, quando o então prefeito Michael Bloomberg propôs uma proibição de servir bebidas adoçadas em volumes acima de 16 onças [N.t. algo em torno de meio litro] (com aprovação unânime da junta de saúde da cidade), a medida foi imediatamente levada aos tribunais. Depois de mais de um ano tentando enfrentar desafios legais, Bloomberg perdeu, e os nova-iorquinos voltaram a pedir seus Big Gulps [populares refrigerantes de 950 ml da marca 7-Eleven].

Em 2019, Nova York tentou proibir o foie gras, supostamente a pedido de uma organização radical de direitos dos animais que havia contribuído pesadamente para a campanha de reeleição de De Blasio. O mesmo grupo havia travado uma batalha legal bem-sucedida de oito anos para proibir elefantes e outros animais grandes de circos em Nova York. Depois de dois anos de litígio, no entanto, os opositores do foie gras também perderam no tribunal, tendo inspirado uma oposição diversificada, incluindo fazendeiros do interior, donos de restaurantes do centro, o Departamento de Agricultura e Mercados do estado e até mesmo o consulado francês.

O poder da classe intervencionista da cidade é forte, mas enquanto os nova-iorquinos amarem sua pizza, ninguém deve achar que essa batalha acabou.

© 2023 City Journal. Publicado com permissão. Original em inglês: Give Me Pizza, or Give Me Death!

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