O Partido Comunista Chinês (PCC) utiliza instituições educacionais na África, nomeadamente a Escola de Liderança Mwalimu Julius Nyerere, para auxiliar líderes locais a avançar políticas autoritárias em todo o continente, de acordo com observadores líderes de política externa.
Apesar das repetidas garantias do PCC de que a China não exportaria seu sistema político e ideologia para o exterior, a escola — localizada na Tanzânia — fez precisamente isso, de acordo com uma investigação aprofundada publicada pelo site de notícias Axios.
A Escola de Liderança Mwalimu Julius Nyerere foi inaugurada em 2022 e representa uma parceria entre o PCC e nações africanas aliadas, incluindo Namíbia, Angola, África do Sul, Zimbábue, Moçambique e Tanzânia. A instituição está localizada a 30 milhas a leste de Dar es Salaam e foi estabelecida após um investimento de US$ 40 milhões (R$ 194 milhões na cotação atual) do PCC.
Um dos participantes, Collin Ngujapeua, membro do partido governante da Namíbia, SWAPO, frequentou o instituto em junho e refletiu que o PCC está "trabalhando de mãos dadas [com o governo]… Esse é um dos aspectos muito importantes em que também precisamos trabalhar na Namíbia e em outros partidos irmãos africanos."
"Devemos trabalhar juntos, o partido político e o governo", acrescentou o oficial, elaborando que um instrutor, "nos disse que devemos resolver nossos próprios problemas. Em vez de ir a um tribunal, em vez de usar meios judiciários… ele disse que devemos resolver nossos próprios problemas internamente."
Um relatório posterior elaborado por Ngujapeua para a SWAPO incluiu referências a "eliminar tigres", "bater [moscas]" e "caçar raposas", ecoando termos frequentemente usados pelo PCC.
"Houve relutância por parte de muitos estudiosos em afirmar que a China está claramente tentando exportar autoritarismo", disse Daniel Mattingly, professor de ciência política na Universidade de Yale, especializado em política autoritária chinesa, ao veículo. O acadêmico ainda observou que os participantes saem da academia de liderança com a impressão de que "precisamos evoluir para um modelo de estado de partido único muito mais forte."
No entanto, o PCC negou quaisquer intenções maliciosas com a escola e reafirmou seu compromisso de que não tem a intenção de influenciar politicamente as nações africanas. "O PCC e os partidos políticos na África aprendem uns com os outros sobre experiência de governança e apoiam o caminho de desenvolvimento uns dos outros que se adequa às respetivas condições nacionais. Não buscamos exportar nosso sistema", disse Liu Pengyu, porta-voz da embaixada chinesa em Washington, D.C., ao Axios.
"O PCC é a força central líder de todos os empreendimentos e causas na China. É a razão fundamental pela qual o povo chinês e a nação chinesa conseguiram transformar seu destino nos tempos modernos e alcançar o grande sucesso que vemos hoje."
Richard McGregor, pesquisador sênior no Lowy Institute da Austrália, focado no leste da Ásia, discordou, dizendo ao Axios que a "parte mais importante de … [seu] modelo é impregnar os partidos revolucionários com a ideia de que eles são o partido de governo permanente e educá-los sobre como alcançar esse objetivo."
©2023 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês: Chinese Communist Party Using African Schools to ‘Export Authoritarianism’
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