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Saúde mental

Pessoas com posições políticas extremas, em especial jovens, têm sinais mais intensos de depressão

Depressão e política
Moderados, especialmente conservadores, se mostraram mais otimistas quanto às chances de mulheres e minorias raciais, descobriram os pesquisadores dos EUA. (Foto: Eli Vieira com Dall-E)

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Pessoas com crenças políticas mais extremas têm mais sinais de depressão, indicou um estudo da revista Skeptic publicado em julho, com quase três mil participantes americanos. Entre quatro gerações analisadas, os jovens são os mais afetados.

As faixas etárias analisadas, das mais jovens para as mais velhas, foram a geração Z (nascidos entre 1997 e 2012), os millenials (nascidos entre 1981 e 1996), a geração X (nascidos entre 1965 e 1980) e a geração boomer: nascidos entre 1946 e 1964, período conhecido como baby boom por causa de um pico histórico no número de filhos. Por meio de entrevistas, os participantes, com representação de sexo e raça proporcional à população americana, foram classificados politicamente nas posições “muito progressista”, “progressista”, “de centro”, “conservador” e “muito conservador”.

Juntando as posições políticas extremas, o índice médio de depressão da geração Z e dos millenials ficou acima do limiar para a depressão moderada (mais de 14 pontos na escala), mas não nas duas gerações mais velhas. Esse índice foi calculado com base em sete perguntas a respeito da frequência com que os participantes sentem sintomas associados à depressão. A posição política foi autodeclarada. Confira no gráfico abaixo o resultado principal.

“Cinismo” a respeito de problemas sociais

Os 2938 participantes também responderam em que medida concordam com duas frases  afirmando que mulheres ou minorias raciais dos Estados Unidos “não têm esperança de sucesso” por causa do preconceito sexista ou racista. Como era de se esperar, os progressistas concordaram com mais intensidade com essas frases, especialmente a respeito da falta de esperança para as minorias raciais. Entre os muito progressistas, 59% concordaram que o racismo é insuperável no país, mais que o dobro dos 27% dos muito conservadores que concordaram.

Entre os mais moderados ou centristas, a posição mais esperançosa para as mulheres e minorias raciais foi a dos conservadores: 81% e 77% deles, respectivamente a cada assunto, não concordaram com as frases pessimistas.

Entre os que “concordaram muito” que as minorias raciais não têm esperança de serem bem-sucedidas, o índice médio de depressão ficou no limiar inferior da depressão severa. O pessimismo quanto ao sucesso das mulheres na mesma intensidade ultrapassou esse limiar. A média de índice de depressão para todas as posições de concordância (“concordo um pouco” e “concordo muito”) está dentro dos valores esperados para depressão moderada.

Não está claro se é o extremismo político que causa a depressão, ou vice-versa. Em um estudo de dois psicólogos holandeses publicado em 2019 na revista Current Directions in Psychological Science, uma publicação da Associação pela Ciência Psicológica (APS, fundada em 1988), os autores concluíram que o estresse psicológico “estimula a adoção de uma posição ideológica extrema”. Eles explicam que posições extremas são caracterizadas por uma percepção simplista do mundo social, que o reduz a dicotomias como opressor e oprimido.

“Por causa de tal simplicidade, os extremistas políticos ficam excessivamente confiantes em seus julgamentos”, explicaram os cientistas, “e menos tolerantes a grupos ou opiniões diferentes, quando comparados aos moderados políticos”. Essa postura tem consequências disruptivas para a vida social e saúde mental dos extremistas.

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