No dia 10 de maio, o Facebook anunciou uma parceria com duas agências verificadoras de fatos, a Agência Lupa e o Aos Fatos, a fim de conter a enxurrada de notícias falsas que assola a rede social. O Facebook está engajado numa campanha contra as notícias falsas (popularmente chamadas de fake news) desde a surpreendente vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas de 2016. A iniciativa da empresa já está em prática nos Estados Unidos e chega ao Brasil a tempo para as eleições de 2018, que prometem ser as mais acirradas da história e nas quais as redes sociais terão um papel fundamental. Assim como nos EUA, a iniciativa não foi bem recebida igualmente por todos, dando origem a um novo campo de polarização política.
Opinião do Diretor de Redação da Gazeta do Povo: A liberdade de expressão, as agências de checagem e o bom debate
O Facebook contratou as agências checadoras por meio da IFCN (International Fact-Checking Network), rede que tem entre suas atribuições a de auditar as agências.
Para garantir a imparcialidade das agências de checagem que audita, a IFCN estabeleceu cinco princípios aos quais elas devem se submeter: apartidarismo, transparência quanto às fontes, transparência quanto ao financiamento, transparência na metodologia e compromisso com correções honestas. Foi com base nesses compromissos que o Facebook contratou as agências Lupa e Aos Fatos. A Agência Pública (Truco), apesar de ter a aprovação da IFCN, decidiu não participar da iniciativa do Facebook por uma questão estatutária.
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A Agência Pública, ao se submeter ao escrutínio da IFCN, afirmou que “revelamos os nomes de todos os membros da nossa equipe e nenhum deles faz parte de partidos ou movimentos políticos. Achamos que esse tipo de envolvimento compromete a imparcialidade”.
A agência Aos Fatos, ao se submeter à auditoria da IFCN, diz que “nossos jornalistas são livres para expressar pensamento crítico em redes sociais ou quaisquer outras plataformas” e que “o Aos Fatos encoraja nossos leitores e jornalistas e diferenciarem questões políticas de questões partidárias”. Já na Agência Lupa, os checadores assinam um documento concordando em se manterem distantes de envolvimento em partidos e movimentos políticos enquanto trabalharem para a empresa”.
Ataques
A iniciativa do Facebook foi vista por alguns como uma forma de censura, que responderam publicando os perfis de jornalistas das agências de checagem, os acusando de parcialidade.
Os ataques aos jornalistas que fazem parte das agências foram motivo de um comunicado da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), no qual se lê que “perfis pessoais de colaboradores dos veículos em redes sociais têm sido vasculhados e expostos em montagens, como supostas evidências de que as agências de checagem estariam a serviço de uma ideologia”. Entre as “acusações” estão as de que certo membro faz parte da comunidade LGBT ou que defende a “igualdade racial”.
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Em comunicado divulgado nesta sexta-feira, o Facebook se posicionou repudiando os ataques aos membros das agências checadoras. A empresa reafirma ainda que a ferramenta não tem como objetivo censurar opiniões e análises. “O trabalho delas é checar fatos, não ideias”, diz a nota.
O Facebook explicou ainda que as notícias consideradas falsas não serão excluídas. Elas receberão um aviso alertando o usuário que quiser compartilhá-las e também terão um alcance menor dentro da plataforma.
Apesar de isso não estar escrito quando do lançamento da iniciativa contra as notícias falsas, um funcionário da empresa disse à Gazeta do Povo que o Facebook terá mecanismos próprios para que o autor da publicação considerada falsa se defenda.
Para o analista político Alexandre Borges, a iniciativa tem, sim, viés político e é uma forma de censura. “Eles não vão excluir a publicação, mas você vai ser jogado num fosso e ficará lá, falando para ninguém”, diz. Para ele, a melhor forma de combater as notícias falsas é com liberdade. “Os problemas da liberdade são corrigidos com mais liberdade”, afirma.
O Facebook, contudo, pensa diferente. Para a empresa, o serviço de verificação de informações nasceu da demanda dos próprios usuários. “As pessoas não querem a disseminação de notícias falsas no Facebook. E nós também não”, diz o comunicado à imprensa.
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