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Há algumas semanas, dediquei um texto a um artigo sobre mim publicado na revista Newsweek com a manchete “Radialista Conservador Ridiculariza Anne Frank”. Como o contexto das minhas falas no vídeo deixa claro, era uma mentira.
Se bem que, depois de o editor ter sido notificado sobre o caso, a Newsweek mudou a manchete, revisou o artigo e publicou uma errata.
Desde então, fui vítima de mais duas difamações, uma por parte de uma autoridade da Purdue University e outra por parte da Canadian Broadcasting Corporation, a principal emissora de notícias do Canadá.
Na edição de 21 de janeiro de 2020, o jornal estudantil The Exponent, da Purdue University, publicou a seguinte história sobre John Gates, o recém-nomeado vice-reitor de diversidade e inclusão da instituição:
John Gates testemunhou várias opiniões distintas sobre a Purdue, mesmo na sua primeira semana na universidade, no começo de 2019. Durante um evento chamado Turning Point no qual Dennis Prager falava, ele notou que era um dos três negros na plateia.
“A tese central dele era a seguinte: a diversidade é ruim. Todo o dinheiro gasto em diversidade é um desperdício”, disse Gates. “Ele disse que a escravidão não tinha sido tão ruim. Na verdade, ele disse que toda civilização tinha sido fundada na escravidão e que os negros deveriam estar felizes por morarem nesse país. E ele foi aplaudido”.
Um vice-reitor da Purdue University me citou como se eu tivesse dito que “a escravidão não foi tão ruim assim”.
Desnecessário dizer que nunca disse nada remotamente parecido com isso.
Depois de mencionar o caso no meu programa de rádio, alguns dos meus ouvintes escreveram a Gates, o que o levou a me responder – não recuando ou pedindo desculpas, mas me convidando para uma conversa.
Escrevi ao vice-reitor Gates uma carta que começava assim:
Dr. Gates:
Estou anexando oito arquivos de vídeo da minha palestra em Purdue. Vejamos se o senhor é capaz de encontrar o momento em que digo ou sugiro que a escravidão não foi ruim.
Permita-me responder ao seu convite para uma conversa telefônica. Se eu, enquanto judeu, tivesse escrito em algum lugar que você disse que “o Holocausto não foi tão ruim assim” e depois o convidasse para conversar, o senhor aceitaria? Ou primeiro exigiria que eu me retratasse de tamanha difamação?
Quando o senhor se retratar no Exponent pelo que o senhor disse e pedir desculpas por ter dito, ficarei feliz em conversar com o senhor. Na verdade, eu até o convidarei para meu programa de rádio.
Nunca recebi uma resposta de Gates.
Depois, há cerca de uma semana, no meu programa de rádio, discuti a questão do discurso privado versus o discurso público, e a questão do caráter, usando o ex-presidente Harry Truman como exemplo de um homem bom que falava mal dos outros em particular, sobretudo usando o termo “kike” [em inglês, uma forma pejorativa de se referir aos judeus] ao escrever ou falar sobre os judeus e aquela palavra que começa com “n” para se referir aos negros.
Um ouvinte ligou para perguntar por que eu podia mencionar a palavra “kike”, mas não aquela que começa com “n”. Eu lhe disse que a esquerda proibiu o uso da palavra que começa com “n” em inglês, mesmo que seja para discutir o assunto, como fiz no caso de Truman. E, claro, acrescentei que usar a palavra que começa com “n” para se referir a um negro era “deplorável”.
No domingo, a rede CBC publicou um artigo com o título “É uma idiotice não poder usar a palavra que começa com ‘n’, diz o radialista Dennis Prager, que em breve falará numa conferência em Calgary”.
O título era um eco da manchete da Newsweek, usando uma frase completamente fora do contexto para fazer parecer que eu queria usar a palavra que começa com “n” para me referir aos negros.
Ora, mas por que a CBC se dá ao trabalho de escrever sobre um programa de rádio norte-americano e por que inventou essa mentira?
A resposta à primeira pergunta é que a CBC, descrita pelo ex-primeiro ministro canadense Stephen Harper como “à esquerda da MSNBC”, que acusar a organização conservadora canadense The Manning Centre de convidar palestrantes racistas. (Darei uma palestra em Ottawa na conferência anual da instituição mês que vem).
E como a CBC inventou o título e a história mentirosos? O próprio autor escreveu como a notícia lhe chegou: a partir da Media Matters for America, um site de esquerda que diariamente distorce e mente sobre o que os conservadores dizem. O autor nem se deu ao trabalho de ouvir meu programa. Ele leu o que a Media Matters escreveu e requentou o texto.
Então por que a imprensa esquerdista faz isso?
Valores
Há dois motivos principais.
Primeiro, a verdade não é um valor de esquerda. Como digo e escrevo desde que comecei a estudar o comunismo e a esquerda, na Columbia University Russian Institute, a verdade é um valor liberal e conservador, mas não um valor esquerdista.
Ao mesmo tempo, destruir os oponentes acabando com a reputação deles é um valor esquerdista — seja acusando o ministro da Suprema Corte Brett Kavanaugh de estupro, dizendo ao país que a campanha presidencial de Donald Trump conspirou com a Rússia para manipular as eleições de 2016 ou com as acusações feitas contra mim.
Em segundo lugar, a difamação não é apenas um valor esquerdista; é o modus operandi da esquerda. E o motivo para isso é que a esquerda não ganha por meio da argumentação. Ela ganha por meio da difamação.
Se você discorda da esquerda, você é, por definição, sexista, racista, preconceituoso, intolerante, homofóbico, islamofóbico, xenófobo, fascista e/ou uma pessoa cheia de ódio. A prova? É impossível citar um único oponente da esquerda que não tenha sido chamado dessas coisas.
Se os bons liberais e conservadores não lutarem contra a esquerda, a verdade perderá. Se a verdade perder, tudo se perde.
A CBC precisa mudar seu título e publicar uma errata, como fez a Newsweek. Meu e-mail para o autor do artigo, no qual pedi essas mudanças e expliquei o contexto, não obteve uma resposta.
Dennis Prager é colunista do Daily Signal, radialista e criador da PragerU.