Existem discriminações de todos os tipos, entre elas a discriminação racial. Assim, é de alguma forma estúpido debater a existência da discriminação racial ontem e hoje.
Do ponto de vista das políticas públicas, uma pergunta mais útil seria: quanto do sofrimento enfrentado pelos negros pode ser explicando pela discriminação racial atual?
Vamos analisar alguns dos maiores problemas atuais enfrentados por muitos negros, com o objetivo de tratar da discriminação no passado e no presente.
Na raiz da maioria dos problemas que os negros enfrentam está a ruptura da estrutura familiar.
Pouco mais de 70% das crianças negras são criadas em lares chefiados por mulheres. De acordo com estatísticas sobre lares sem pais, 90% das crianças de rua vêm de lares assim; 71% das adolescentes grávidas não têm uma figura paterna; 63% dos suicidas jovens vêm de lares sem pais; 71% dos jovens que abandonam o ensino médio vêm de lares sem pais; e 70% dos delinquentes juvenis em instituições administradas pelo Estado não têm pai.
Além disso, meninos e meninas sem pais têm duas vezes mais chance de abandonarem o ensino médio e de serem presos.
Alguém pode argumentar: “Williams, não se pode ignorar o legado da escravidão e do racismo explícito e da negação dos direitos civis no passado recente!”
Vamos analisar se os lares negros sem pais são consequência do “legado da escravidão” e da discriminação racial.
No fim do século XIX, dependendo da cidade, de 70% a 80% dos lares negros tinham pais e mães presentes. O economista e sociólogo Thomas Sowell argumentava: “A família negra, que sobreviveu a séculos de escravidão e discriminação, começou a se desintegrar com o Estado de bem-estar social que subsidiou a gravidez fora do casamento e transformou a assistência social, antes um recurso emergencial, num meio de vida”.
Já nos anos 1950, somente 18% dos lares negros eram desfeitos. De 1890 a 1940, uma porcentagem ligeiramente mais alta de adultos negros era casada, em comparação com os brancos adultos. Em 1938, os filhos ilegítimos de negros eram cerca de 11%; hoje eles são 75%. Em 1925, 85% dos lares negros de Nova York tinham pai e mãe. Hoje, a família negra é uma mera sombra do seu passado.
Vamos analisar alguns dados sobre a criminalidade e a educação e a discriminação racial.
O fato é que, anualmente, mais de 7000 negros são vítimas de homicídios. Eles compõem pouco mais de 50% das vítimas de homicídios nos Estados Unidos. Em 94% das ocorrências, o perpetrador é outro negro. Além de serem maioria entre as vítimas de homicídio no país, os negros são as maiores vítimas de outros crimes violentos, como lesão corporal e assalto.
Em muitas escolas predominantemente negras, o ambiente é caótico. Há uma alta taxa de agressões contra alunos e professores. Os jovens que são hostis ao processo educacional têm permissão para impedir a educação daqueles que estão preparados para aprender. Como consequência, os resultados educacionais dos negros são um desastre.
Eis aqui minhas perguntas àqueles que põe a culpa pelos problemas dos negros na discriminação racial: temos de esperar uma espécie de reforma moral por parte dos brancos antes que medidas sejam tomadas para pôr um fim ou ao menos reduzir o comportamento que dissemina o desastre socioeconômico em muitas comunidades negras? Temos de esperar uma mudança moral entre os brancos antes de impedirmos alguns jovens negros de prejudicarem a educação de outros jovens negros?
Os negros não são os únicos a sofrerem discriminação nos Estados Unidos. Judeus e asiáticos não foram escravizados, mas eles enfrentaram discriminação. Ainda assim, nem judeus nem asiáticos sentiram que tinham de esperar o fim da discriminação para tomarem medidas que lhe permitissem ascender socialmente.
Intelectuais e oportunidades políticos que culpam a pobreza, a discriminação racial e “o legado da escravidão” pelo sofrimento dos negros são cúmplices da decadência socioeconômica e moral.
Os negros têm de ignorar a pauta progressista que sugere a eles esperarem pelo dinheiro do governo antes de tomarem medidas que possam melhor as condições de vidas trágicas de muitas das nossas comunidades urbanas.
Intelectuais e políticos, tanto negros quanto brancos, que sugerem que os negros devem esperar por soluções governamentais não vivem nessas comunidades perigosas e com altas taxas de criminalidade, nem mandam seus filhos para as perigosas escolas que muitas crianças negras frequentam.
Walter E. Williams é colunista do Daily Signal e professor de economia na George Mason University.
© 2019 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês.
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