No meu programa de rádio, recebi o telefonema de um homem que dizia ser um ator gay e conservador e que “é muito mais fácil se dizer gay do que se dizer conservador em Hollywood”. Essa ligação ocorreu nos anos 1980.
Se bem que não é novidade dizer que a cultura do cancelamento de conservadores de hoje, com suas demissões, humilhações e difamações, é pior do que há trinta anos. Como resultado, a maioria dos norte-americanos conservadores – cerca de metade do país – omite suas convicções.
Eles temem dizer alguma coisa que discorde do que diz a esquerda. Entre essas coisas estão sentimentos repreensíveis tais como:
- Dizer que, com todos os seus problemas, os Estados Unidos é o melhor país da história.
- Dizer que homens não dão à luz.
- Dizer que só existem dois sexos.
- Dizer que a cor da pessoa é a coisa menos importante dela.
- Dizer que o maior problema na vida de um negro não são os brancos, e sim a falta de pais.
- Dizer que um homem que “se transforma em mulher” e compete em esportes femininos está trapaceando.
- Publicar nas redes sociais um vídeo de um renomado epidemiologista, virologista ou médico que diz que ivermectiva e cloroquina, quando usadas precocemente, quase sempre impede a hospitalização por Covid-19.
A lista é bem maior do que essa. Mas se você acha que essa lista é um exagero, tente escrever algo assim nas redes sociais e veja o que acontece. Veja se os parentes o excluem do Facebook ou até mesmo de suas vidas. Veja o que seu patrão dirá ou fará. Veja o que o Twitter ou Facebook farão com a sua conta.
Há bons motivos para temem contrariar publicamente a esquerda. Mas então o que se pode dizer em defesa dessa saída do armário? Primeiramente, para cada pessoa que você aliena é provável que você atraia ao menos uma pessoa maravilhosa para sua vida.
Deixando de lado questões de coragem, de defender o certo, de salvar os Estados Unidos dos que buscam destruir o país, há um motivo egoísta para se sair do armário: almas semelhantes, isto é, boas pessoas o descobrirão.
Em 2020, recebi um e-mail de uma jovem que estudava em Harvard e que me disse que meu livro que explica a relação entre a esquerda e os Estados Unidos, “Still the Best Hope” [Ainda a melhor esperança], a fez se tornar conservadora. Fiquei curioso, claro, e calhou de ela, assim como eu, morar em Los Angeles. Assim, eu a convidei para meu programa de rádio.
Ao conversar com ela durante os intervalos comerciais, fiquei impressionado a ponto de lhe perguntar se ela estaria disposta a descrever sua metamorfose política e moral no ar. Eu a alertei de que aparecer no “Dennis Prager Show” falando de conservadorismo provavelmente a faria perder alguns amigos e parentes, sem falar nos ataques em Harvard.
Eu argumentei calmamente a fim de lhe dar tempo para pensar, e ela me perguntou se podia ligar para a mãe. Ela saiu para fazer a ligação. Ao voltar ao estúdio, ela anunciou que falaria. Cerca de seis meses mais tarde, ela voltou ao programa e eu lhe perguntei o que acontecera desde a primeira participação dela.
“Passei por duas semanas infernais”, respondeu ela. Como previsto, ela perdeu amigos de infância, alguns parentes restringiram o contrato com ela e alguns de seus colegas de Harvard passaram a vê-la como uma traidora indecifrável.
“E o que mais aconteceu?”, perguntei.
“Depois disso, foi o paraíso”, disse ela. Ela explicou os motivos. Primeiro, ela passou a dormir melhor. Depois, muitas foram as boas almas que se aproximaram dela e das quais ela se tornou amiga.
Quanto ao primeiro motivo – a melhora no sono – permanecer dentro do armário é algo que cobra um preço da pessoa. Não é só a saída do armário que é custosa. Sobre o segundo motivo, o preço de se sair do armário não é comparável às recompensas do ato. Poucas coisas são melhores do que atrair boas almas para sua vida.
Mas será que vale a pena perder o emprego? Se você tem certeza de que será demitido e que não há oportunidades semelhantes no mercado, só você pode responder a essa pergunta. Da mesma forma, se um de seus filhos deixará de falar com você só porque você não é “lacrador”, não cabe a mim lhe dar conselhos.
Mas esses são os únicos motivos para não se sair do armário. E há ao menos dois outros argumentos para você assumir. Um é o fato de você se respeitar mais. Os outros também o respeitarão mais – incluindo, talvez, um de seus filhos ou netos, se você os tiver. O outro argumento é que você salvará este país da tirania. Para alguns, isso basta.
Dennis Prager é colunista do Daily Signal, radialista e criador da PragerU.