Os Estados Unidos têm testemunhado meses de agitações civis por toda a nação em consequência à morte de George Floyd, em Minneapolis. Muitos destes manifestantes criticam as “desigualdades” de renda e patrimônio na sociedade americana.
Mas a maior “desigualdade” é a baixa presença de pais nas casas das famílias negras, um fenômeno que vem sendo apoiado por políticas públicas que normalizam e recompensam o nascimento de filhos fora do casamento.
Em 1965, Daniel Patrick Moynihan, secretário assistente do Trabalho do presidente Lyndon B. Johnson, publicou “A Família Negra: um caso de ação nacional.” Naquele tempo, 25% dos negros eram nascidos fora do casamento - um número considerado por ele, ex-assessor do presidente John F. Kennedy, futuro assessor do presidente Richard Nixon, futuro embaixador dos Estados Unidos e futuro senador democrata por Nova York, catastrófico para a comunidade negra.
Moynihan escreveu: “Uma comunidade que permite que um grande número de jovens cresça como homens incompletos, dominados pelas mulheres, incapazes de estabelecer relações estáveis com a autoridade, incapazes de desenvolver expectativas racionais sobre o futuro, esta comunidade está pedindo e vai conseguir o caos. Crime, violência, agitação, um ataque desenfreado a toda a estrutura social: tudo isso não só é esperado como de certa forma inevitável.”
Moynihan, segundo a própria filha, “foi crucificado pela esquerda,” muitos dos quais consideraram seu livro racista. Maura Moynihan disse: “Até hoje, membros das elites de Nova York e Washington me insultam e me atacam, só por ser filha de Daniel.”
Mas a questão é que desde a polêmica publicação de seu pai, o percentual de crianças que vêm ao mundo sem a presença de um pai em casa praticamente triplicou.
Do lado dos progressistas, o think tank mais proeminente é o Brookings Institution. Na direita, o think tank mais proeminente é The Heritage Foundation. Ainda que tenham suas diferenças ideológicas, ambos os lados concordam em relação ao maior problema doméstico dos Estados Unidos: os pais importam.
Em 2015, Isabel V. Sawhill, uma colaboradora sênior no Brookings, escreveu um artigo de opinião chamado “Paternidade Intencional”:
“Os efeitos causados pela ausência do pai sobre as crianças não são muito debatidos. Mas elas não vão tão bem na escola, é menos provável que elas se formem e é mais provável que se envolvam em crimes, em gravidez na adolescência e em outros comportamentos que dificultem seu sucesso na vida.
“Nem todas as crianças que crescem em uma família sem um pai vão sofrer com essa experiência, mas na média, ter apenas um dos pais significa ter acesso a menos recursos – tempo e dinheiro – para ajudar na criação desse filho.
“As taxas de pobreza entre as famílias com apenas um dos pais são cinco vezes maiores do que das famílias com ambos os pais casados. (…) O crescimento dessas famílias desde 1970 fez com que aumentasse de 20% para 25% o número de crianças vivendo em ambientes de pobreza.(…)
“Pesquisas recentes sugerem que exatamente os meninos são mais afetados que as meninas pela falta de uma figura paterna na família. Se isso for verdade, é mais um estágio dentro do ciclo de pobreza nos quais as mães solteiras criam filhos que no futuro vão ser pais de crianças nascidas fora do casamento.”
Em 2014, a Brookings também publicou “O fardo desigual do crime e do encarceramento para os pobres da América”, escrito por Benjamin H. Harris e Melissa Kearney. Eles escreveram:
“Para uma criança afro-americana cujo pai não terminou o ensino médio, existe 50% de chance de que quando essa criança completar 14 anos seu pai esteja na cadeia. O fato de tantos filhos de nossa nação - filhos pobres, de minorias em particular - crescerem com pais encarcerados torna suas chances de sucesso muito mais difíceis.”
Robert Rector, um pesquisador sênior entre os conservadores da Heritage Foundation, escreveu em 2012 o livro “Casamento: a maior arma da América contra a pobreza infantil,” no qual ele faz praticamente as mesmas considerações que os progressistas da Brookings:
“A pobreza infantil é uma preocupação natural e recorrente, mas poucos se preocupam com a sua causa principal: a ausência de pai e mãe casados no lar.
“Segundo o censo dos Estados Unidos, as taxas de pobreza entre as famílias com pais solteiros em 2009 eram de 37,1%. Esta mesma taxa entre as famílias com pais casados era de 6,8%. Crescer em uma família com pais casados reduz em até 82% a probabilidade de uma criança viver na pobreza.
“Parte desta grande diferença em relação à pobreza se deve ao fato de que pais solteiros tendem a ter menos educação formal do que os casados. Mesmo quando se comparam os pais casados com os pais solteiros dentro do mesmo nível de escolaridade, a pobreza entre os casados ainda é 75% menor.
“O casamento é uma arma poderosa na luta contra a pobreza. De fato, ser casado tem o mesmo efeito na redução da pobreza quanto somar 5 ou 6 anos na vida escolar dos pais dessas crianças.”
O rapper T.I. disse recentemente: “Se [os negros] somam 13% da nossa população, deveríamos ser donos de 13% das propriedades de terra. Deveríamos representar 13%, 14% dos conselhos das instituições financeiras, e por aí vai.”
Esta regra dos 13% também se aplica à NBA, onde três quartos dos jogadores são negros? Também se aplica aos crimes de morte, dado que quase metade das vítimas de homicídio nos Estados Unidos são pessoas negras? Mais importante: se aplica à percentagem de crianças negras nascidas fora do casamento?
*Larry Elder é um autor de sucesso e apresentador de um programa de rádio ouvido em todo os Estados Unidos. Seu livro mais recente é "The New Trump Standard".
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