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Meio ambiente

Proibir a caça levou a um “declínio catastrófico” na população de raposas no Reino Unido

Raposa, Reino Unido
A raposa vermelha do Reino Unido (Vulpes vulpes) está ameaçada graças às boas intenções de ambientalistas e ativistas dos direitos dos animais. (Foto: Bigstock/Qba)

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Todos os dias, em todo o mundo, boas intenções encobrem uma infinidade de erros.

Um visitante de outro planeta dificilmente deixaria de notar que os humanos parecem se preocupar mais com as motivações do que com os resultados e, quando os resultados alcançam o efeito contrário ao pretendido, raramente somos tão rápidos em reverter o curso quanto fomos em embarcar no caminho errado em primeiro lugar.

“Deus nos livre das pessoas que têm boas intenções,” escreveu o romancista Vikram Seth, em “Um Rapaz Adequado” (Record, 2014).

Isso não é para recomendar más intenções, mas sim, para reconhecer que as boas podem ser ainda piores, dependendo dos resultados.

Entre as últimas vítimas de boas intenções estão as raposas da Grã-Bretanha (aquelas que têm quatro patas). Uma história escrita pela correspondente Hayley Dixon publicada no jornal The Telegraph na semana passada (9) revela um "declínio catastrófico" nas populações de raposas desde a aprovação da proibição da caça em 2004. Raposas vermelhas, em particular, estão em risco de extinção em certas áreas rurais.

Mais de 100 veterinários de todo o Reino Unido assinaram uma carta que aponta que “Os defensores da proibição da caça em 2004 não esperariam que seus esforços para proteger as raposas resultassem neste declínio catastrófico.” Ops!

Antes de promulgar a proibição, o Parlamento passou 700 horas debatendo-a. Isso foi mais tempo do que o aplicado em deliberar sobre a invasão do Iraque no ano anterior. O então primeiro-ministro Tony Blair concordou com isso, mas, em sua autobiografia seis anos depois, revelou que a Lei de Caça de 2004 foi "uma das medidas legislativas domésticas que mais lamento". Em uma viagem à Itália alguns anos após sua aprovação, ele encontrou uma caçadora que o convenceu de que a proibição era um erro.

"Ela me explicou calmamente e de forma persuasiva o que elas (as caçadas às raposas) faziam, os empregos que dependiam disso, a contribuição social de manter a caçada e a consequência social de proibi-la e fez isso com um efeito que me convenceu completamente."

Quase 20 anos desde que a proibição entrou em vigor, e 13 anos desde que Blair viu a luz, a proibição está cobrando um preço terrível da população de raposas.

O que deu errado?

Os ativistas e as "autoridades de poltrona" no Parlamento, como se constata, não encomendaram nenhuma pesquisa científica sobre a questão. As caçadas às raposas eram ruins, deixar de caçar raposas seria bom. Tal sinalização de virtude foi suficiente para aprovar uma lei. Mas agricultores, pecuaristas e proprietários incomodados por raposas predadoras tomaram iniciativa própria. O artigo de Dixon no Telegraph cita os veterinários em sua carta recente.

"O método menos cruel de controlar os números de raposas deve ser baseado na seleção dos animais mais fracos, minimizando a possibilidade de ferimentos e prevenindo o abandono dos filhotes dependentes. Perversamente, a caça com cães era muito melhor em alcançar isso do que qualquer um dos métodos legais de hoje. O número de raposas mortas nas caçadas era limitado e a caça dispersava as raposas que sobreviviam nas áreas sensíveis... É desanimador que, duas décadas atrás, os debates sobre a caça às raposas foram impulsionados esmagadoramente por instintos políticos, e a necessidade de pesquisa científica foi pouco considerada."

Nos EUA, vimos um efeito semelhante da Lei de Espécies Ameaçadas de 1973. É chamado de "atire, enterre e cale a boca" por causa dos incentivos perversos da lei. John Stossel fornece detalhes neste vídeo curto, mas revelador.

Então, antes de adotar um curso de ação, não importa o quão emocionalmente convencido você esteja de sua virtude inerente, quase sempre é uma virtude maior deixar suas intenções apaixonadas de lado por um momento e considerar quais podem ser os resultados. Fatos podem ser inconvenientes e humilhantes também, mas eles superam as intenções todas as vezes. Para reforçar o ponto, aqui estão algumas observações adicionais:

"Sem sabedoria, todas as boas intenções do mundo não valem nada. Pretender fazer o bem sem ter sabedoria é como pretender pilotar um avião sem nenhum conhecimento de aviões ou das leis da aerodinâmica. Boas intenções sem sabedoria levam a nada ou ao mal real."

Dennis Prager

"E boas intenções? Estas o assustaram mais: pessoas com boas intenções tendem a não se questionar. E as pessoas que não se questionam, no mundo científico e além, são as que devem ser vigiadas."

Shanthi Sekaran

"De todas as tiranias, uma tirania sinceramente exercida para o bem de suas vítimas pode ser a mais opressiva. Pode ser melhor viver sob barões ladrões do que sob carolas moralistas onipotentes. A crueldade do barão ladrão pode às vezes dormir, sua cobiça pode em algum momento ser saciada; mas aqueles que nos atormentam para nosso próprio bem vão nos atormentar sem fim, pois fazem isso com a aprovação de sua própria consciência. Eles podem ser mais propensos a ir para o Céu, mas ao mesmo tempo, mais propensos a transformar a Terra num inferno."

C. S. Lewis

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©2023 Foundation for Economic Education. Publicado com permissão. Original em inglês.

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