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Pesquisa do Instituto InterScience mostrou que crianças influenciam 80% das decisões de compra em casa. Isso significa que os pequenos opinam não apenas sobre aqueles itens destinados a eles, como brinquedos ou guloseimas, mas sobre todo tipo de produto consumido pela família – de roupas ao carro, passando por alimentos e eletrodomésticos. Por isso, crianças são um alvo importante para a publicidade:elas impactam profundamente os hábitos de consumo dos adultos como os mais eficientes “promotores de venda” que o mercado poderia querer.

Não é à toa que especialistas e órgãos de defesa do consumidor lutam pelo maior controle da publicidade feita para atingir crianças e adolescentes: pesquisas atribuem à publicidade e ao marketing parte da responsabilidade por uma série de problemas que atingem a infância hoje, entre eles a obesidade, os distúrbios alimentares, a sexualização precoce, a violência e a falsa ideia de que possuir bens garante felicidade.

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No ano passado, o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) aprovou resolução que, na prática, proíbe a veiculação de propagandas voltadas para esse público que, mais vulnerável, seria facilmente persuadido ao consumo. Porém, entidades do ramo publicitário não reconhecem valor de lei na resolução.

O educador Geraldo Peçanha de Almeida é um crítico feroz da publicidade dirigida ao público infantil. “A publicidade hoje é fundamentalista. Ela nos diz: ou você compra, ou você é infeliz e inferior. Ela não fala dos produtos ou dos serviços, mas da experiência de ter aquilo – e, se você não tem, então você não é parte do mundo. A mensagem de não pertencimento é impactante para o adulto; na criança, o efeito é desesperador.”

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Para a psicóloga Maísa Pannuti, professora do curso de Psicologia da Universidade Positivo, evitar a publicidade e a mídia é impossível e, em última instância, ineficiente. “Há pais que acreditam estar protegendo os filhos ao privá-los de assistir televisão ou acessar a internet. Mas é mais eficiente problematizar o assunto com as crianças, explicar o que é publicidade, desconstruir a mensagem que a propaganda divulga, explicar e esclarecer a criança sobre o produto. É assim que se forma a consciência.”

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