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Detalhe do quadro intitulado ‘Pedofilia’, de Alessandra Cunha, cujo nome artístico é Ropre |
Detalhe do quadro intitulado ‘Pedofilia’, de Alessandra Cunha, cujo nome artístico é Ropre| Foto:

A polêmica em torno da exibição Queermuseu no Santander Cultural, em Porto Alegre, deu gás para uma discussão semelhante no Mato Grosso do Sul. Nesta quinta-feira (14) três deputados estaduais foram à delegacia registrar um boletim de ocorrência queixando-se sobre a exposição “Cadafalso”, da artista mineira Alessandra Cunha, em exposição no Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul (Marco).

Os parlamentares alegaram que os quadros fazem apologia à pedofilia. “Ao ver as imagens da exposição vimos a gravidade de que isso poderia representar contra aquilo que a gente defende, que é a família, a moral e os bons costumes, a defesa das crianças. Entendemos que aquelas gravuras representavam uma apologia à pedofilia”, disse o deputado Coronel David, do PSC. Junto com ele, registraram o boletim de ocorrência os deputados Herculano Borges (Solidariedade) e Paulo Siufi (PMDB). 

Após a queixa, os policiais foram até o museu e apreenderam uma das obras, intitulada “Pedofilia”, para averiguação e a partir daí instaurou-se um inquérito. Segundo o secretário de Cultura do Mato Grosso do Sul, Athayde Nery, o quadro foi devolvido à secretaria de Cultura no fim da tarde de hoje e deve continuar sob a guarda da pasta, porém não deve ser reposto na exibição. 

Na opinião de Nery faltou diálogo com os deputados. “Qualquer obra passa pelo crivo de uma curadoria e neste caso três especialistas avaliaram a exibição. As obras estavam em uma sala do museu, havia indicação de limite de idade mínima de 12 anos e os estudantes que passaram por lá eram sempre acompanhados pelos professores”, explicou o secretário, que acredita que retirar um dos quadros da exposição da maneira como foi feito consiste em uma forma de censura. 

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A exposição “Cadafalso” estava em exibição no Marco desde julho e encerra neste domingo, porém a denúncia foi realizada somente nesta quinta(14), após a sessão da Assembleia Legislativa, quando o assunto foi trazido à discussão pelo deputado Lidio Lopes (PEN). 

Em entrevista ao site Campo Grande News, Alessandra se disse surpresa com a polêmica gerada em torno de seu trabalho. "Estou bem surpresa mesmo. E é por um motivo que não existe, porque a minha pintura é um protesto para alertar o que acontece. Eles aproveitam para fazer a politicagem. É uma coisa que é tão tabu que não pode nem usar a palavra que incriminam", disse a artista. Segundo ela, o objetivo de “Cadafalso” é fazer uma crítica social impactante sobre a violência contra as mulheres. 

A Secretaria de Cultura defende o ponto de vista da artista. “A obra dela realmente colocou o dedo na ferida, mostrou que isso [pedofilia] existe e que é inaceitável, e suscitou um debate em torno desta questão”, afirmou Nery. 

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O deputado Coronel David disse que vai levar o assunto à discussão na próxima sessão da Assembleia Legislativa. “Nós, os três deputados que registramos o boletim de ocorrência, vamos conversar sobre algumas medidas para pedir ao Estado que passe a adotar a partir de agora, justamente para que num espaço público não seja permitida essa exposição desse tipo”.

Perguntado se isso seria uma forma de censura, o deputado respondeu “pergunte para as famílias de Campo Grande se isso é censura”.

O quadro intitulado ‘Pedofilia’, de Alessandra Cunha, cujo nome artístico é RopreReprodução
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