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Duas semanas para diminuir o contágio. Essa foi a ideia por trás dos lockdowns, do uso obrigatório de máscaras e do distanciamento social: prevenir a transmissão do coronavírus de modo que as pessoas se certificassem de que não sobrecarregariam o sistema hospitalar, o que causaria mortes desnecessárias.
Espere pela vacina. Esse era o objetivo seguinte: um apelo para que se continuassem com as precauções até que uma vacina fosse desenvolvida.
Apesar dos alertas dos pessimistas, que acreditavam que seriam necessários anos até o surgimento de uma vacina, e apesar do medo injustificado de pessoas como a vice-presidente Kamala Harris de que a administração Trump contornaria os protocolos vacinais em troca de ganhos políticos, as vacinas foram milagrosamente criadas.
Espere até que todos os adultos possam tomar a vacina. Essa foi o apelo final. À medida que os estados começaram a vacinar aos milhões, todas as pessoas com mais de 12 anos tiveram a oportunidade de se vacinar. Hoje em dia, mais de 90% dos adultos com mais de 65 anos – o grupo de maior risco – já foram vacinados e mais de 70% de todos os norte-americanos com mais de 18 também.
E ainda assim...
Agora nos dizem que estamos vivendo uma enorme crise. Dizem que os vacinados precisam voltar a usar máscaras, que os que não foram vacinados devem ser impedidos de entrar nos espaços públicos, que as crianças devem usar máscaras nas escolas. Dizem que os Estados Unidos estão à beira do colapso diariamente e que estamos diante de uma crise semelhante à da primeira onda, em janeiro. Estamos voltando a usar máscaras e verificando carteiras de vacinação em Washington, San Francisco, Los Angeles e Nova York.
As estatísticas simplesmente não indicam isso. De acordo com a média dos últimos dias calculada pelo New York Times, menos de 400 norte-americanos estão morrendo por Covid-19 todos os dias; no auge da pandemia, esse número era superior aos 3.000.
Em Washington, D.C. (população: 692.000), esse número é zero; em na região de San Francisco (população: 875.000), esse número é zero; em Los Angeles (população: 10 milhões), esse número é nove; em Nova York (população: 8,4 milhões), esse número é três.
O atual surto da variante delta do coronavírus resultou num aumento nos casos, sobretudo na Flórida, mas não de mortes. E, se os Estados Unidos acompanharem o padrão visto no Reino Unido e na Holanda, provavelmente veremos os casos despencando nas próximas semanas.
Os vacinados não estão morrendo de Covid-19. A taxa de mortalidade é minúscula. Os que não foram vacinados assim o escolheram. São adultos independentes e capazes de calcular por si próprio o risco por essa decisão.
De tudo isso, resta uma pergunta: quando é que isso vai acabar?
Quando deixaremos de mandar as crianças usarem máscaras para proteger adultos que não querem se vacinar? Quando deixaremos de mandar que as empresas fechem ou impeçam a presença de clientes com base na vacinação? Quando abandonaremos os decretos que obrigam o uso de máscaras (há dados que sugerem que os decretos são ineficientes, ainda que as máscaras possam ser úteis), as regras de distanciamento social sem comprovação alguma (essa coisa de 2 metros é pura conjectura) e os pronunciamentos crípticos e hesitantes do dr. Anthony Fauci?
Atingimos os objetivos estabelecidos; todos os adultos agora têm a possibilidade de se protegerem. Não há mais objetivos realistas. Alcançar zero caso de Covid-19 nunca foi um objetivo realista.
Quando o governo se dará por satisfeito?
Nossos “especialistas em saúde pública” continuam a defender mais e mais restrições absurdas. Nesta semana, o diretor dos Institutos Nacionais de Saúde, Francis Collins, chegou a recomendar que pais vacinados usassem máscaras dentro de casa quando tiverem os filhos por perto.
Não há princípio nisso, nem objetivo. É apenas a elite política e burocrata que não quer tratar os cidadãos como adultos, reconhecer suas próprias limitações e nos deixarem em paz. Se aceitarmos isso é porque merecemos justamente essa sujeição ao controle paternalista.
Ben Shapiro é apresentador do “Ben Shapiro Show" e editor emérito do Daily Wire.