O rolo de papel higiênico virou símbolo do pânico na crise do coronavírus.| Foto: Pixabay
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Diante da crise do coronavírus que está paralisando o mundo, esperamos por medidas que devolvam a saúde às sociedades. Talvez a primeira medida deveria ser tirar o poder de legislar da imprensa. Com essa primeira medida em vigor, o restante certamente seria mais fácil.

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O caso analisado foi um artigo recente de Peggy Noonan, publicado no Wall Street Journal. O artigo considerava as medidas atuais inadequadas e enfatizava a necessidade de se imaginar a catástrofe que pode acontecer. Ela diz que o conselho “não entre em pânico” é equivocado. O pânico, segundo ela, é necessário como forma de explorar todas as possíveis ameaças presentes por aí. Os Estados Unidos devem estar preparados para tudo — até mesmo para o inimaginável. Posteriormente, as autoridades podem reavaliar ações exageradas causadas pelo pânico e voltar a níveis mais baixos de precaução.

Os perigos do pânico

Mas o pânico como medida das coisas é sempre perigoso e equivocado. Por definição, o pânico é um terror repentino e irracional tem leva a ações igualmente irracionais, como uma fuga em massa. O pânico dá origem a uma série de coisas de difícil contenção. Ele gera concorrência entre as autoridades, que tentam ser melhores umas do que as outras na ação.

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Quando o pânico se instala, toda ameaça possível deve ser levada a sério, por mais improvável que ela seja. Todo contato deve ser impedido. Toda ação deve ser monitorada. Todos devem ficar em casa por causa do que pode acontecer. Uma ordem social assim organizada não é uma sociedade, e sim uma prisão. A vida se torna insuportável sob tal regime. Nenhum Estado é capaz de agir numa situação na qual ele tem que estar preparado para todas as ameaças possíveis e imagináveis.

Brincando com números

As medidas de pânico usam números e estatísticas lançadas no debate público para provar tudo e qualquer coisa. O pânico brinca com os números e faz projeções malucas sobre o que pode acontecer. Ele não espera que os dados confirmem as conclusões; ele pega tudo o que há disponível e faz suas próprias conjecturas.

Qualquer número, até mesmo números relativamente pequenos, pode ser inflado e exacerbado para além da realidade. Uma “explosão” de casos pode se referir a apenas uma dezena de casos novos. Na verdade, qualquer morte se torna inadmissível quando o pânico assume o controle da situação.

Epidemiologistas como o dr. John Ioannidis, da Universidade de Stanford, reclamam que os dados até aqui disponíveis sobre o coronavírus são “profundamente falhos”. Assim, decisões importantes estão sendo tomadas no escuro – e essas decisões podem ter consequências devastadoras.

Um medo destrutivo

O maior perigo do pânico é seu poder destrutivo. Quando em ação, o pânico, em sua rota de fuga tresloucada, não se importa com o que está no seu caminho. Tudo tem de ser sacrificado — a economia, a sociedade e até a religião — em nome do medo irracional. E é difícil deter esse fenômeno.

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Assim, o pânico leva o isolamento social ao extremo de destruir a própria sociedade que afirma estar protegendo por meios que não demonstraram ser tão eficientes assim. Ninguém nega a necessidade de se tomar medidas capazes de limitar a disseminação do vírus. Mas essas medidas devem se basear em dados confiáveis, não em suposições.

Esse perigo está ecoando em todo o mundo, enquanto empresas e líderes comunitários expressam sua preocupação. Na verdade, os empresários reclamam que a paralisação da economia terá efeitos devastadores no longo prazo, o que causará um sofrimento enorme a milhões de norte-americanos. Os riscos à saúde que podem ser evitados com uma quarentena podem dar origem a outros riscos envolvendo a saúde psicológica. Muitos temem que o uso dos recursos governamentais será incapaz de evitar um colapso.

Quando o pânico da inação assume o controle, nada está fora da mesa. A situação é agravada pela postura de políticos que usam a crise para seus próprios interesses.

A sabedoria ignorada

Quando o pânico influencia a política, torna-se impossível tomar as melhores decisões. Não se trata, aqui, de defender essa ou aquela medida específica. A crise do coronavírus é uma ameaça séria que precisa ser enfrentada. Ninguém nega suas dificuldades.

Mas o que está sendo ignorado é a sabedoria. Muitos, sobretudo na imprensa, não estão apresentando o cenário completo. Cada segmento se torna obcecado por uma faceta, uma estatística ou um episódio do problema.

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A sabedoria é o contrário do pânico. Ele é calma e reflexiva. A sabedoria é imparcial e objetiva. Ela lida com a realidade, e não com o que se imagina ser a realidade.

O filósofo alemão Pieper certa vez definiu a sabedoria como a arte de saber a causa mais nobre das coisas. Ele escreve que “saber a causa mais nobre, pois, não significa saber a causa de algo em específico, e sim saber a causa de tudo: significa saber a origem e o fim, o plano e a estrutura, os limites e o sentido da realidade”.

Do que o mundo precisa

Essa sabedoria deve ser encontrada em todos os lugares e em todos os níveis.

O mundo precisa de vozes calmas que expressam um conhecimento do todo da crise. Daí essas pessoas serão capazes de fazer análises com uma sabedoria que não provocará o colapso de todo o sistema.

O mundo precisa de palavras sábias que possam ser ouvidas e que se sobreponham ao ruído das multidões e da imprensa em pânico. Tais palavras serão imparciais e objetivas e nos oferecerão conselhos sólidos em tempos de dificuldades. Acima de tudo, o mundo precisa de pessoas que busquem a Sabedoria Eterna. Essas almas são capazes de entender que as soluções naturais talvez não sejam o bastante nessa crise.

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*John Horvat II é pesquisador, educador, palestrante internacional e escritor.

© 2020 The Imaginative Conservative. Publicado com permissão. Original em inglês
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