O politicamente correto saindo de controle é um tema popular na direita nos dias de hoje. De fato, a estante conservadora está repleta de best-sellers dedicados ao tema. Os assuntos variam. Pode-se focar na hipocrisia dos códigos de discurso nas universidades, ou na tentativa revisionista de condenar os fundadores dos Estados Unidos, ou na campanha implacável do progressismo secular contra a liberdade religiosa.
Mesmo assim, mudanças de inspiração progressista em nosso sistema de valores deixaram sua marca – principalmente durante o reinado de oito anos de Barack Obama – e particularmente entre a geração popularmente conhecida como “Millennials”. Minha resposta a essas mudanças indesejadas tem sido de duas maneiras: (1) eu faço uma crônica das birras do establishment sempre que ocorre um evento "disruptor" anti politicamente correto e inspirado no Trump; e (2) divulgo casos em que o alcance progressista se volta contra a própria esquerda.
O primeiro é um evento diário. Em qualquer dia, o presidente pode questionar a política “uma China” (que não reconhece a independência de Taiwan), o acordo climático de Paris, o apoio dos contribuintes americanos à OLP, o acordo nuclear iraniano, o roubo chinês de nossa propriedade intelectual, a relevância da Otan, o comércio justo no G7, designações de monumentos nacionais da época de Obama e inúmeras outras vacas sagradas. Quando ele faz isso, todo mundo enlouquece. O establishment (amplamente definido) é simplesmente incapaz de se reconciliar com o hábito regular de nosso presidente de desafiar suposições e quebrar vidraças.
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Alguma perspectiva é devida aqui. Donald Trump está no cenário político nacional há dois anos e meio. Hoje ele é tão indesejado quanto no primeiro dia em que desceu as escadas rolantes da Trump Tower. Na verdade, a resistência a tudo e qualquer coisa que envolva Trump continua a crescer. Nenhum lado parece disposto a mudar seus caminhos e meios. Poucos acreditam que o establishment de ambos os partidos buscará uma acomodação com um Donald J. Trump.
Efeito bumerangue
Minha outra preocupação é identificar e falar sobre hipocrisia progressista – situações em que a correção política volta para morder a mão que a alimenta. Eu raramente tenho que procurar muito. Para contexto, dê uma olhada em alguns trechos embaraçosos extraídos de artigos recentes da mídia.
• Por anos, os progressistas insistiram no aquecimento global causado pelo homem como um artigo de fé política. Este coro da mudança climática tem constantemente alertado sobre um apocalipse ambiental iminente. (Você pode lembrar o discurso inaugural de Barack Obama, no qual ele observou que sua chegada ao Salão Oval marcaria o começo do fim para o aumento do nível dos oceanos, etc.) Advertências apocalípticas similares são regularmente emitidas por aqueles emocionalmente e comercialmente investidos em deixar a indústria de combustível fóssil de joelhos.
Mas duas cidades da Califórnia foram flagradas no que podemos rotular de forma caridosa de "declarações inconsistentes" em documentos oficiais. A saber: os municípios de Oakland e San Francisco processaram várias empresas de petróleo por contribuírem para a mudança climática e as inundações projetadas dessas cidades portuárias, mas procuraram simultaneamente minimizar a ameaça em representações legais que acompanham a emissão de dívida municipal. Em linguagem simples, estão tentando assustar o júri a conceder-lhes enormes julgamentos com base em previsões apocalípticas, por um lado, mas tranquilizando as pessoas que mantêm sua dívida do outro (“não podemos prever se... impactos mudanças climáticas... ocorrerão”).
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• Não foi há muito tempo (2013) que o líder da maioria no Senado, Harry Reid, suspendeu a regra de obstrução do Senado de 60 votos para candidatos presidenciais (exceto para a Suprema Corte, mas que agora também foi revogada) para garantir três democratas liberais na poderosa Corte de Apelação de D.C. Republicanos uivaram; muitos advertiram que os democratas lamentariam essa mudança de regra quando um presidente do Partido Republicano ocupasse novamente a Casa Branca.
Poucos seres humanos (e nenhum democrata) vivendo fora da Trump Tower imaginavam uma presidência do Trump naquele momento. Mas o imprevisto ocorreu, como costuma acontecer quando as pessoas assumem que a política é estática. E os números são históricos: 42 juízes federais confirmados e 81 nomeados nos primeiros 18 meses da administração. Com a improbabilidade de o Senado virar em novembro, o Partido Republicano está a caminho de instalar múltiplas gerações de originalistas dentro do judiciário americano.
• Progressistas modernos adoram igualdade de gênero. Mantendo essa crença, o Partido Democrata da Pensilvânia impôs cotas baseadas em gênero em seus delegados da convenção. Aqui, tudo deve ser 50/50 no interesse da "equidade" – incluindo quando não é tão justo. A saber: Você pode ter lido sobre duas candidatas do sexo feminino na convenção do Comitê Democrático da Pensilvânia que não tiveram mandato porque muitas mulheres haviam conseguido assentos como delegadas. Sim, as candidatas vencedoras foram declaradas derrotadas por causa de seu gênero. Tanto fez o mérito; tanto fez a igualdade; tanto fez a democracia. Presumivelmente, as tais mulheres perdedoras receberão troféus de participação e um espaço seguro para refletir sobre o inesperado exílio. Talvez elas possam usar o tempo para reler o 1984 de George Orwell.
• A grande mídia sofreu muito durante a era Trump (lembre-se de sua frenética reação exagerada após o exame físico anual do presidente). Mas a cobertura após a cúpula da Coreia do Norte estabeleceu um novo padrão. Seis meses atrás, a narrativa era toda sobre o showman belicista de mão pesada, jogando roleta russa nuclear com um ditador instável, também conhecido como “Little Rocket Man” [homenzinho foguete]. “Nós dissemos que ele era inadequado, instável e perigoso” era o refrão. Avance agora para a narrativa da esquerda pós-cúpula: “Um presidente americano fraco é superado (e derrotado nas negociações)” pelo mesmo Little Rocket Man. Interessante como as redes de televisão a cabo esquerdistas não gastaram tempo falando sobre como o mundo está mais seguro hoje em comparação com duas semanas atrás.
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As histórias aqui contidas são infinitas. Talvez você tenha uma anedota favorita nesse sentido. Se você tiver, publique-a. Essas histórias são educativas, terapêuticas e até engraçadas. Elas farão com que você se sinta melhor durante o que será uma péssima temporada de verão até as eleições de meio de mandato.