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Morto aos 52 anos

Quem era o apóstolo Rina, o controverso “pregador surfista” que fundou a igreja Bola de Neve

Apóstolo Rina: afastado das atividades da igreja desde junho, quando começou a ser investigado por suspostamente agredir a ex-mulher.
Apóstolo Rina: afastado das atividades da igreja desde junho, quando começou a ser investigado por suspostamente agredir a ex-mulher. (Foto: Divulgação/Editora Mundo Cristão)

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As igrejas sempre tentaram atrair o público jovem por meio da música e de eventos específicos mais descontraídos. Mas o paulista Rinaldo Luís de Seixas Pereira, conhecido como Apóstolo Rina, deixou sua marca no evangelismo brasileiro por mirar em um público até então pouco contemplado: os praticantes de esportes radicais.

Apaixonado pelo surfe, usava pranchas como púlpitos para pregar durante os cultos de sua denominação — a Bola de Neve, fundada em 1999 e que ainda hoje influencia novos pastores pelo país. Até criou um motoclube cristão, com o qual viajava quando morreu no domingo (17), aos 52 anos, vítima de um acidente numa rodovia na região de Campinas (SP). 

Uma das maiores congregações evangélicas do Brasil, a Bola de Neve Church (seu nome oficial) rapidamente se expandiu e hoje conta com mais de 500 templos e células no país e no exterior. Personificação desse projeto ambicioso, Rina ascendeu como um líder carismático, que vestia roupas casuais e falava as gírias de uma geração que cresceu assistindo à MTV e frequentando praias e pistas de skate. 

O pregador, nascido em uma família cristã, costumava contar que teve uma experiência pessoal com Deus depois de contrair uma hepatite, durante uma noite de dores muitos fortes — e a partir daí passou a se dedicar a uma missão maior. 

Esta e outras histórias fascinaram não só os esportistas, mas também diversas celebridades. Entre elas a modelo Monique Evans, o cantor Rodolfo Abrantes (ex-Raimundos) e a influencer Sasha Meneghel. 

A herdeira de Xuxa é casada com o filho de dois pastores da igreja e teve sua união celebrada pelo próprio Apóstolo Rina. Hoje o casal está afastado da denominação, assim como Rodolfo, responsável por revelar, pelo menos para o público “secular”, uma faceta questionável da Bola de Neve — que, até então, se limitava às críticas de cristãos tradicionais com relação à linguagem “prafrentex” dos cultos.

Denunciado pela ex-mulher, Rina se afastou das atividades da igreja em junho 

Em maio deste ano, Rodolfo Abrantes publicou um vídeo em suas redes sociais denunciando supostos abusos emocionais sofridos por ele e sua mulher enquanto eram membros da igreja, em Balneário Camboriú (SC). Segundo o vocalista, os dois também foram vítimas de uma campanha difamatória após deixarem a denominação, em 2011. 

“Fomos cancelados por pastores que tínhamos como amigos, minhas músicas foram proibidas de tocar em cultos, minha esposa foi chamada de Jezabel [personagem bíblica que sacrificava crianças] para baixo. Fui acusado de uma dívida com o selo musical da igreja, mas através de uma prestação de contas foi comprovado que eu não devia nada”, afirmou. 

Ainda de acordo com Rodolfo, o desabafo só foi compartilhado naquele momento, 13 anos após seu desligamento da Bola de Neve, “diante dos escândalos que vieram à tona nos últimos dias” e porque ele não queria “arrastar pessoas para fora da igreja”.

O artista se referia a uma série de denúncias feitas pela pastora e cantora gospel Denise Seixas, ex-mulher de Rina. Investigado por “ameaça, difamação, injúria, lesão corporal, violência doméstica e psicológica”, o pregador foi obrigado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo a manter 300 metros de distância de Denise, seus familiares e outras testemunhas do processo, divulgado à imprensa em junho. 

Naquele mesmo mês, o apóstolo se afastou das atividades da Bola de Neve — que, se já passava com um período de turbulência, agora terá de se reinventar devido à morte de seu controverso líder e fundador.

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