Os conservadores e seus produtos têm enfrentado obstáculos na Amazon: seus anúncios são bloqueados, as redes sociais são reinicializadas e os livros não podem ser encontrados nos mecanismos de busca ou são totalmente retirados do catálogo.
Agora, uma alternativa está em ascensão: a PublicSq, que se autodenomina “Pró-Vida, Pró-Família, Pró-Liberdade”, acumulou mais de 1,1 milhão de usuários consumidores e 55.000 empresas cadastradas desde seu lançamento em 4 de julho de 2022.
“Há uma década testemunho a necessidade de que haja uma economia paralela, à medida que mais e mais entidades corporativas se voltaram contra mim e os valores mais tradicionais da minha família”, disse Michael Seifert, fundador e CEO da PublicSq. “Nos sentíamos continuamente desanimados e nos perguntávamos se havia alguma marca que falasse conosco ou, pelo menos, não nos antagonizasse verbalmente.”
A PublicSq incentiva os “americanos amantes da liberdade” a desfrutar de “negócios alinhados a seus valores”. Depois que conservadores de alto nível defenderam boicotes à Target e outras corporações que introduziram mercadorias com o tema do Mês do Orgulho LGBTQ+ em junho deste ano, o aplicativo do PublicSq chegou ao 2º lugar entre os app de compras e o 3º lugar em download gratuito na IOS Store da Apple, enquanto sua base de membros consumidores cresceu em mais de 300 mil.
“Nós queremos alcançar a Amazon”, disse Seifert.
Pequenas empresas que aderiram ao PublicSq atestam que a plataforma ofereceu serviços de grande valor. Natalie Meneses Martinez, proprietária da empresa de ervas e bem-estar Naturacentric, disse à National Review que viu um aumento de 20% nos pedidos, apenas duas semanas após ingressar e anunciar no PublicSq.
A plataforma PublicSq exige que as empresas ingressem no site para afirmar seus cinco valores fundamentais: “compromisso com a liberdade e a verdade”, “proteger a unidade familiar e a santidade de cada vida”, crença na “grandeza desta nação (EUA)”, que as pequenas empresas são a “espinha dorsal de nossa economia” e que “o governo não é a fonte de nossos direitos, então não pode tirá-los”. As empresas devem ainda afirmar que ofertarão o maior número possível de produtos cuja origem sejam os Estados Unidos. Em seguida, uma equipe de verificação realiza pesquisas na Internet e entrevistas para verificar se a empresa contradiz publicamente algum desses valores.
Seifert ainda disse que a PublicSq também busca a qualidade dos serviços, garantindo que os números de telefone dos fornecedores estejam ativos, os sites estejam funcionando e que haja avaliações promissoras. A PublicSq também possui um mecanismo de feedback que permite aos consumidores transmitir sua experiência de compra.
“Boicotes não são suficientes”, disse Seifert à National Review. “Nós mesmos não acreditamos que sejam tão eficazes quanto se você cancelar completamente a assinatura dessas empresas quebradas e corruptas porque encontrou algo melhor.”
Mas enquanto os conservadores pediram boicotes, os progressistas expressaram sua hostilidade em relação a marcas e empresas que defendem valores tradicionais.
Anna Person, uma engenheira mecânica em Ohio, lançou a pequena empresa de cuidados com a pele Root Apothecary em 2022. Ela aderiu à PublicSq em maio de 2023, depois que um seguidor conservador nas redes sociais sugeriu que ela entrasse na plataforma.
“Meus produtos esgotam em menos de dois minutos quase toda vez que faço uma entrega [de mercadoria], por isso é difícil saber se consegui novos clientes da PublicSq”, disse Anna à National Review.
Embora seus produtos de skincare, feitos a base de sebo, se esgotem em minutos, ela vende itens de outras pequenas empresas, que estão sempre no estoque, e viu um aumento de 10% nas vendas diárias desde que ingressou na PublicSq. Além disso, obteve aumento do alcance nas redes sociais após ingressar na plataforma: seus seguidores no Instagram cresceram 14%, totalizando pouco mais de 9.000.
A empresa de Anna é transparente sobre seus valores: “Acreditamos que Jesus Cristo é o filho de Deus e que ele morreu na cruz por nossos pecados”, “Somos abertamente anti-Woke, pró-vida, pró-liberdade médica, pró-2A [Nota do tradutor - termo utilizado para designar pessoas que apoiam a posse de armas, conforme a segunda emenda da Declaração de Direitos dos EUA]” e “valorizamos a fé, a vida, a família, a liberdade e, obviamente, as pequenas empresas americanas”.
Anna disse, dentre seus valores, o mais controverso é ser pró-vida. Ela ela já recebeu muitas mensagens hostis nas mídias sociais, especialmente após a derrubada de Roe v. Wade [Nota do Tradutor - caso de 1973 em que, após decisão da Suprema Corte dos EUA, o aborto foi legalizado no país].
“Eu nunca me esquivei daquilo em que acredito, porque mesmo que você perca um punhado de pessoas que vão ser desagradáveis em seus comentários de qualquer maneira, você também pode ganhar o respeito daqueles que concordam com você”, disse ela à National Review. “Disseram-nos repetidas vezes que a qualidade dos nossos produtos e preços é o que atrai as pessoas, mas são os nossos valores que fazem com que sigam nossos clientes. As pessoas estão cansadas de agendas liberais e progressistas sendo enfiadas goela abaixo!”
Um representante da Nimi Skincare, empresa que se juntou ao PublicSq em janeiro de 2023, ecoou os comentários de Anna. Embora a Nimi Skincare tenha recebido mensagens hostis nas mídias sociais, como dizer que ela “merece uma bala na cabeça”, ela também encontrou um público consumidor que queria produtos para a pele feitos por uma empresa conservadora.
“Estávamos cansados de ouvir as opiniões políticas liberais em todos os lugares que procurávamos”, afirma a Nimi Skincare em seu site. Segundo os anúncios da fabricante norte-americana, a empresa representa uma “comunidade conservadora e empoderada de mulheres”.
“Tentamos nos concentrar em nossos clientes e em quem eles são, em oposição ao que outras marcas estão fazendo. Nossos clientes apoiam com orgulho a Fé, a Família e a Liberdade”, disse um representante da Nimi Skincare à National Review por e-mail. A empresa viu um aumento nas vendas depois de ingressar na PublicSq, porque “criou uma plataforma que amplia nossa mensagem para o público certo – americanos conservadores e baseados em valores”.
Embora a PublicSq se autoclassifique como conservadora, algumas das empresas que estão ali apenas pensam que é um local sem vieses políticos cujo objetivo é apoiar pequenas empresas.
“Acho que as pessoas precisam apoiar as pequenas empresas e acho que esta é uma ótima plataforma para fazer isso. Eu nem acho que é uma coisa política ”, disse Joseph Schubach, o proprietário da joalheria homônima, localizada no Arizona, à National Review. “Só precisamos pensar: quando você gasta um dólar, para onde vai esse dólar? Com tantos negócios, não fica na comunidade, nem no campo.”
Os consumidores disseram a Schubach que preferem comprar de pequenas empresas em vez de “grandes conglomerados”.
“Desde a Covid, tem havido uma onda de pessoas querendo apoiar o pequeno negócio. Os pequenos foram fechados e os grandes foram autorizados a permanecer abertos. Acho que muitas pessoas se ofenderam com isso”, disse Schubach. Ele adicionou seu negócio ao PublicSq há, mais ou menos, um mês atrás.
O dono da PublicSq também observou um fenômeno semelhante.
“Durante os bloqueios da Covid, testemunhei o governo considerar alguns negócios essenciais e outros não essenciais”, disse Seifert à National Review. “Muitas vezes, eram as empresas que estavam dispostas a seguir mensagens políticas hiperprogressistas que eram consideradas essenciais, e as principais entidades corporativas que tinham o poder de fogo para fazer lobby”.
Seifert concorda com Schubach que PublicSq não é uma plataforma exclusivamente conservadora e observando que “em nenhum lugar dos nossos cinco valores as palavras 'conservador' ou 'republicano' são usadas”. Ele acrescenta que as pequenas empresas são “o coração do que fazemos” e que constituem mais de 90 por cento dos negócios hospedados no PublicSq.
A PublicSq, que recentemente mudou sua sede da Califórnia para a Flórida, tem cerca de 60 funcionários em tempo integral que trabalham em formato presencial e remoto. A PublicSq tem um “bônus do bebê”, que oferece um abono de US$ 5 mil a seus funcionários ou cônjuges que tiverem ou adotarem um bebê. “Não somos políticos, temos princípios”, disse Seifert.