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Ética

Racismo contra robôs: a nova fronteira do progressismo científico

A Humanidade tem diante de si um desafio grave a ser enfrentado nas próximas décadas: a falta de diversidade racial dos robôs. (Foto: Divulgação)

De acordo com o estudo “Robôs e Racismo”, conduzido pelo Laboratório de Tecnologia de Interface Humana da Nova Zelândia, ligado à Universidade de Canterbury, a Humanidade tem diante de si um desafio grave (mais um!) a ser enfrentado nas próximas décadas: o racismo robótico. Isso mesmo: a configuração atual dos robôs, principalmente dos humanoides, estaria revelando um viés racista por parte tanto dos criadores quanto de quem interage com as máquinas.

Uma reportagem da rede norte-americana CNN menciona robôs da ficção, como o do filme Eu, Robô, com Will Smith, e até o simpático Wall-E, da animação homônima da Pixar, bem como as máquinas experimentais Asimo, da Honda, o Atlas, da Boston Dynamics, e a Valkyerie, da NASA, como exemplos do onipresente “viés racista” entre os robôs.

De acordo com Christoph Bartneck, o homem por trás do estudo neozelandês (que, por sinal, é branco de cabelos loiros desgrenhados e, a julgar por sua bibliografia disponível no Google, um especialista em LEGO), as pessoas percebem os robôs como máquinas pertencentes a uma raça e, consequentemente, atribuem a esses robôs estereótipos de raça.

O dr. Bartneck, por sinal, é uma pessoa estranhamente muito preocupada com o bem-estar dos robôs. Em seu site, ele disponibiliza até mesmo uma pesquisa de um estudo a respeito do “comportamento negativo das pessoas em relação aos robôs”. Na pesquisa, você é convidado a responder se concorda ou não com afirmações como “Se robôs tivessem sentimentos, eu poderia ser amigo de um”, “Eu me sentiria um paranoico se tivesse de conversar com um computador” e “Temo que os robôs possam exercer uma má influência sobre meus filhos”.

Seu amigo-robô do futuro pode ser vítima de racismo

Eis como o estudo foi feito para que se chegasse a essa brilhante conclusão. Robôs com membros e cabeça humanoides, brancos (na verdade rosados) e negros (na verdade marrons) apareciam numa tela por menos de um segundo, quando então os participantes eram instruídos a atirar nas máquinas. Ao fim da experiência, os cientistas descobriram que as pessoas atiravam mais nos robôs “negros” do que nos “brancos”.

“O viés racista em relação aos robôs negros é resultado do viés racista contra os afro-americanos”, disse Bartneck à CNN. Ele está preocupado porque os robôs devem, no futuro, trabalhar como professores e agir como amigos, e esse racismo todo pode atrapalhar a interação entre homem e máquina.

A solução proposta por Bartneck é simples: mais diversidade racial entre os robôs.

“Imagine um mundo onde os robôs trabalhando na África ou na Índia são brancos”, sugeriu ele à CNN. “Agora imagine que esses robôs estão assumindo papeis de autoridade. Isso claramente geraria uma preocupação quanto a questões de imperialismo e superioridade racional dos brancos”, disse, não sem antes completar que “robôs não são apenas máquinas; eles representam humanos”.

Em tempo: robôs são, sim, apenas máquinas.

Violência sexual e física contra robôs

Não é somente o racismo robótico (ou os blocos de LEGO) o que preocupa o dr. Bartneck. Num vídeo publicado em março, ele também demonstra preocupação com o “sexo não-consensual” com androides no clássico de ficção científica Blade Runner. “Rick Deckard (Harrison Ford) está claramente atacando sexualmente a androide Rachel (Sean Young) e até mesmo pergunta se ela o quer. A cena é interrompida depois de um beijo forçado e não sabemos o que acontece em seguida, mas a forma como Rick controla Rachel e a impede de deixar seu apartamento é problemática”, disse.

Como o dr. Bartneck e seus colegas estão preocupados com o racismo e até mesmo a violência sexual contra robôs (ou androides ou replicantes) num filme de ficção científica, nada mais natural que eles estejam conduzindo um estudo sobre a violência física contra robôs, como a perpetrada por pesquisadores da Boston Dynamics contra um robô quadrúpede chamado "Spot". Os pesquisadores não estavam fazendo isso para se divertir ou por perversidade, e sim para demonstrar as habilidades motoras da máquina.

Ainda assim, o dr. Bartneck defende que "chutar um robô é errado independentemente do impacto disso no comportamento futuro deles e/ou do sofrimento de outras criaturas com sentimentos".

Ele e seus colegas estão atualmente conduzindo um estudo a respeito desse assunto.

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