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Em São Francisco, o número de pessoas nas ruas só aumentou com as políticas de “contenção de danos”.
Em São Francisco, o número de pessoas nas ruas só aumentou com as políticas de “contenção de danos”.| Foto: meunierd/Bigstock

São Francisco tem um problema sério com drogas, particularmente entre sua população de rua. Cerca de 8 mil pessoas vivem nos becos e nas calçadas da cidade, em parques públicos ou nos playgrounds.

Pessoas com agulhas espetadas em seus braços e pernas, segurando cachimbos de vidro e isqueiros, já praticamente fazem parte da paisagem da cidade. Usuários cambaleantes se escorando pelas portas ou dentro de barracas, outros se alternando entre desorientados e perturbados, ou confusos e agressivos. Traficantes vendendo heroína, Fentanil, metanfetamina e crack são onipresentes.

O mesmo ocorre com os defensores da “redução de danos”, que sustentam que o uso generalizado de drogas deveria ser aceito - e seus piores efeitos mitigados. Organizações como Fundação AIDS de São Francisco, Coalisão para a Redução de Danos, Sindicato dos Usuários de Drogas e até mesmo o Departamento de Saúde Pública, em parceria com o Projeto de Educação e Prevenção da Overdose, focam quase que exclusivamente no “uso seguro das drogas.”

De fato, a meta do Sindicato dos Usuários de Drogas é “criar um ambiente seguro onde as pessoas possam usar e aproveitar as drogas, assim como receber acesso a serviços.” Esta atitude levou à crise humanitária atual: milhares de pessoas vivendo nas ruas de São Francisco, definhando em um ciclo sem fim de vício que os leva a permanecer na condição de sem-teto.

Todos os dias da semana, organizações sem fins lucrativos e igrejas como a Glide Memorial fazem parcerias com a cidade para distribuir suprimentos para o uso de drogas em pontos de entrega pré-determinados. Com minha mochila vazia, visitei três desses pontos em uma única tarde.

Com as portas sempre abertas, trabalhadores em uma atitude amigável perguntaram-me sobre o que eu estava precisando.

Sugeriram itens e ansiosamente me deram tudo o que pedi – agulhas (“Qual o tamanho?”), borrachas para que eu pudesse fazer torniquetes e encontrar minhas veias, pequenas panelinhas para eu preparar a minha dose, naloxona (“Você sabe como usar? Aqui, deixa eu te mostrar”), recipientes para guardar as agulhas usadas, folhas de papel alumínio e canudos para Fentanil e muitos pedaços de algodão embebido em álcool, gaze e ataduras.

Em pouco tempo, minha mochila estava repleta: consegui 170 agulhas.

Ninguém me perguntou sobre um possível interesse em tratamento. Ninguém discutiu sobre a possibilidade de uma desintoxicação ou me deu algum panfleto sobre reuniões locais para largar as drogas. Ninguém quis saber sobre o meu bem estar físico ou psicológico. Lá eu poderia ter tudo o que eu quisesse – exceto ajuda para largar as drogas.

A ideia de redução de danos parece nobre, a princípio. Acesso a agulhas esterilizadas reduz a disseminação de doenças como hepatite e HIV, e naloxona pode trazer as pessoas de volta à vida depois de uma overdose. Programas cuidadosamente monitorados de manutenção da metadona podem trazer indivíduos que lutam contra o vício em opioides de volta a uma vida estável.

Mas a redução de danos mudou de amenização dos efeitos colaterais e negativos do vício para uma promoção do uso de drogas como uma escolha positiva de estilo de vida.

Mesmo assim, as vidas dos viciados de São Francisco não passaram por nenhuma melhora. Eles estão ainda mais doentes, mais numerosos do que nunca e morrendo em uma quantidade impressionante.

A contagem de corpos das vítimas de Fentanil – o potente opioide sintético que se tornou a escolha da vez - está aumentando. No último ano foram 441 mortes por overdose, um aumento de 70%, e em 2020 a expectativa é que esse triste recorde seja quebrado novamente.

Ainda assim, aqueles que acreditam na redução de danos seguem em frente, convencidos de que eles estão realmente ajudando os viciados ao incentivarem o uso de mais e mais drogas. É uma ideia inconcebível.

Todas as pessoas merecem ter a chance de viver livres de substâncias que as impedem de levar uma vida saudável e autossuficiente. Eles precisam de alguém que diga “Acredito em você; deixe-me ajudá-lo a largar o vício” e não “Você é um usuário de drogas, deixe-me ajudá-lo a permanecer no vício.”

Questione os autodeclarados especialistas, no entanto, e você será descartado como um idiota, mesmo que a grande experiência – a gigantesca placa de Petri que se tornou São Francisco – seja a evidência de que eles estão errados.

E está piorando. Aos sem-teto que foram abrigados em quartos de hotel durante a pandemia de Covid-19 são oferecidos uma gama completa, uma parafernália para o consumo de drogas. Caixas de agulhas, cachimbos de vidro para metanfetamina e crack, suprimentos de Fentanil ficam disponíveis nos saguões dos hotéis como se fossem a mesa do café da manhã.

Não por acaso, as overdoses fatais dispararam. Todos os hotéis deveriam ser áreas livres de drogas, mas nenhum deles foi designado para pessoas sóbrias, ou para aqueles que querem mudar radicalmente de hábitos.

Os efeitos dessa permissividade com o vício são bastante abrangentes. Bairros de baixa renda, onde a maioria dos usuários de drogas sem-teto de concentram, são afetados de forma muito desproporcional.

Imigrantes pobres, crianças e idosos se transformam numa plateia para viciados em drogas e seus comportamentos terríveis, como quando roubam para sustentar o vício. Pequenos negócios não conseguem funcionar em tais ambientes, e acabam forçados a fecharem as portas.

Tolerar o uso ilegal de drogas significa aceitar tudo o que vem junto com esse “negócio”: tráfico de pessoas, exploração sexual, corrupção policial e desastres ambientais. Reconhecer essas conexões é essencial.

É por isso que condenamos o comércio de marfim e o trabalho infantil. Por que agora deveríamos dar um aceno às drogas ilegais que perpetuam alguns dos piores crimes conhecidos pela humanidade?

Podemos mudar esse rumo e focar na recuperação. Opções existem. O Centro do Exército da Salvação de Harbor Light dá aos indivíduos e famílias sem-teto um lugar para que fiquem enquanto buscam sua sobriedade; a divisão de reinserção do Departamento Penal de Adultos de São Francisco dá a prisioneiros recém-saídos da cadeia um ano de tratamento residencial contra as drogas.

É tempo de investir em organizações como a Comunidade Primeira Vila, em Austin, Texas, que reconhece a posse de substâncias controladas como ilegal e oferece moradia permanente para os sem-teto crônicos – com a exigência de permanecerem em um trabalho.

Espera-se que os moradores cumpram as leis e aproveitem a reabilitação e os aconselhamentos oferecidos no local. Tais organizações dão mais aos que eles ajudam, mas também esperam mais em troca.

Os viciados em drogas precisam de uma boia salva-vidas, e não de uma pedra amarrada ao pescoço. Para quem duvida que é hora de combater os defensores da redução de danos, esses que nada fazem a não ser jogar agulhas, Fentanil e cachimbos de metanfetamina aos que estão doentes e morrendo, eu faço a seguinte proposta: venha para São Francisco e dê uma olhada em volta.

Erica Sandberg é repórter de finanças com sede em São Francisco e autora de “Expecting Money: The Essential Financial Plan for New and Growing Families”.

© 2020 City Journal. Publicado com permissão. Original em inglês.
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