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No dia 21 de fevereiro, dezenas de jornalistas de alto nível do New York Times assinaram uma carta privada defendendo a cobertura do jornal de casos de transgêneros e criticando sua própria liderança sindical no que se tornou uma série de discussões sobre o tema.
A carta foi enviada à presidente da NewsGuild de Nova York, Susan DeCarava, depois de ela ter afirmado que a cobertura do jornal sobre casos transgênero poderia ter criado um ambiente "hostil" de trabalho. A cobertura inclui discussões sobre os efeitos adversos da intervenção hormonal e cirúrgica e o recente e dramático aumento da disforia de gênero em meninas.
"O jornalismo factual e bem apurado que é escrito, editado e publicado de acordo com os padrões do Times não cria um local de trabalho hostil", afirma a carta, que foi obtida pela revista Vanity Fair.
O vai e vem interno começou na quarta-feira, 15 de fevereiro, quando dois grupos separados publicaram cartas abertas à liderança do New York Times chamando o jornal de tendencioso em sua cobertura de questões transgênero. Os grupos também destacaram artigos e autores particulares. Uma carta foi assinada por um coletivo de organizações LGBTQ+ e a outra foi assinada por centenas de colaboradores do Times.
"Nos últimos anos, o Times tem tratado a diversidade de gênero com uma mistura assustadoramente familiar de pseudociência e linguagem eufemística, enquanto publica relatos sobre crianças trans omitindo informações relevantes sobre suas fontes", afirmava a carta assinada pelos colaboradores do Times.
A liderança do Times não aceitou quieta as críticas. O editor executivo Joe Kahn e a editora de opinião Kathleen Kingsbury repreenderam os funcionários que se juntaram à ação. "Não acolhemos e não toleraremos a participação dos jornalistas do Times em protestos organizados por grupos de defesa ou ataque a colegas nas mídias sociais e outros fóruns públicos", os dois escreveram em um e-mail interno.
Foi após esta reprimenda que DeCarava decidiu envolver o sindicato no debate. "Os funcionários estão protegidos ao levantarem coletivamente preocupações de que as condições de seu emprego constituem um ambiente de trabalho hostil", escreveu DeCarava em uma carta enviada à lista de duscussão interna do Times. Também disseram à Vanity Fair que o e-mail de Kahn e Kingsbury havia implicado que os funcionários poderiam sofrer reprimendas por criticar o jornal.
A entrada de DeCarava no debate só acrescentou mais hostilidades a uma pilha já crescente. Em sequência, o repórter Jeremy Peters organizou uma carta contra a líder sindical.
"Todos os dias, os agentes partidários procuram influenciar, atacar ou desacreditar nosso trabalho. Nós aceitamos isso. Mas o que não aceitamos é o que o NewsGuild parece estar endossando: Um local de trabalho em que qualquer opinião ou desacordo sobre a cobertura do Times pode ser reformulado como uma questão de 'condições de trabalho'... Somos jornalistas, não ativistas. Essa linha deve ser clara", afirmou Peters e alguns colegas.
"Pedimos que nosso trabalho da NewsGuild avance, e não corroa, nossa independência jornalística", concluiu a carta.
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