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Entrevista acalorada

Roger Waters, do Pink Floyd, diz que quer deportar israelenses para EUA e Europa

Roger Waters
Roger Waters em show de 2023, no Uruguai. Músico anti-Israel confundador do Pink Floyd, em entrevista de julho de 2024, parou para falar consigo mesmo e riu de crítica de ex-colega da banda. (Foto: EFE/ Gastón Britos)

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Em entrevista com o jornalista britânico Piers Morgan na terça (2), o músico cofundador da banda Pink Floyd Roger Waters, com 80 anos de idade, voltou a defender suas posições anti-Israel. O tom do entrevistado foi hostil, a conversa degenerou para bate-boca repetidamente, e ele fez uma pausa para conversar consigo mesmo.

“Por que Israel não se defendeu naquela manhã?”, questionou Waters a respeito do ataque de 7 de outubro, chamando o Hamas de “movimento de resistência palestina”. Ele duvidou que  o grupo terrorista tenha cometido crimes de guerra.

“Não há evidências” de que mulheres foram estupradas pelo Hamas, afirmou. Ele reconhece que o grupo “provavelmente” matou civis, mas evita a palavra “terrorismo”: “eles têm direito a retaliar contra um invasor”.

Em documentário de abril, Sheryl Sandberg, ex-diretora de operações do Facebook, conversou com testemunhas oculares dos estupros do Hamas e com uma superintendente de polícia que contou 200 mil itens audiovisuais e duas mil entrevistas documentando a violência sexual. O filme também mostra uma confissão de estupro gravada de um terrorista capturado.

“Estou preparado para admitir que eu choro por Gaza toda manhã”, afirmou Waters. “Nunca testemunhei o genocídio de um povo na frente dos meus olhos”.

Na metade do curso da entrevista, Waters começou a falar sozinho: “Roger, acalme-se. Não se rebaixe ao nível dele. Pare de gritar. Deixe-o te interromper o quanto ele quiser”.

Waters também negou que líderes palestinos como Yasser Arafat tenham recusado acordos de paz. “É uma mentira descarada”, disse. Quando o entrevistador contou que conversou com o ex-presidente americano Bill Clinton e ouviu dele algo diferente, Waters riu: “Bill Clinton?! Meu Deus”.

Eles se referem a uma tentativa de acordo de paz em Camp David, em julho de 2000, quando Bill Clinton estava em seus últimos seis meses de mandato. Arafat se encontrou com o primeiro-ministro Ehud Barak na pequena localidade dos EUA. O encontro foi “mal concebido e insensato”, escreveu Aaron David Miller, doutor em história diplomática do Oriente Médio e dos EUA, no site do Fundo Carnegie para a Paz Internacional, em artigo de 2020. Arafat “não tinha pressa de chegar a qualquer tipo de acordo”, segundo o especialista. Ele pensa que os termos oferecidos por Clinton em dezembro daquele ano eram mais factíveis que os de julho, mas “Barak nunca os aceitaria e Arafat simplesmente diria não, como fez em dezembro”.

“Eles são muito poderosos”

“Quando eu tomo minha posição pelos direitos humanos, não estou brincando, é com seriedade. Não me importo com o que eles inventam contra mim. Sabemos de quem estamos falando, eles são muito poderosos”, afirmou Waters. “De quem você está falando?”, perguntou Morgan. “Do lobby israelense. Não só ele, também a máquina da guerra, o lobby da guerra”.

Na opinião de comentaristas como o conservador britânico Douglas Murray, o antissionismo é a nova roupagem do antissemitismo, que é uma intolerância que se mostrou historicamente adaptável: quando o racismo era prevalente na Alemanha, judeus foram considerados a raça inferior. Enquanto isso, na União Soviética, judeus eram considerados burgueses. Os critérios da intolerância podem mudar de raça para classe ou outro critério, mas o antissemitismo assegura que os judeus “coincidam” com a categoria odiada. O pronome genérico “eles” lembra teorias da conspiração antigas contra os judeus, como a do livro “Protocolos dos Sábios de Sião”.

Para o músico, a posição pró-Israel de políticos britânicos como o primeiro-ministro Rishi Sunak e o líder trabalhista Keir Starmer os faz automaticamente opositores dos direitos humanos. “Estamos lutando pela alma da raça humana”, disse Waters.

“Não é da sua conta, você é surdo?”, disse o músico quando Morgan quis que ele confirmasse se tem uma fortuna de mais de US$ 300 milhões. “Não vou falar da minha fortuna pessoal, não é da sua conta. O que importa é que defendo os direitos humanos”.

Morgan mostrou um clipe do canal do Waters no YouTube em que o artista diz que a solução é um Estado único da Palestina e que os israelenses deveriam ir “para os Estados Unidos e a Europa oriental”. Ele afirmou que a maioria deles não é nativa das terras entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo, e que Israel deveria pedir desculpas. “O sionismo foi um grave erro”, afirmou.

Waters tem sido acusado de antissemitismo. Em fevereiro de 2023, a acusação veio de seu antigo parceiro do Pink Floyd, David Gilmour. Polly Samson, sua esposa, publicou no X: “Infelizmente, Roger Waters, você é antissemita até o seu âmago apodrecido. Também é um defensor de Putin e um megalomaníaco mentiroso, ladrão, hipócrita, sonegador de impostos, cantor de playback, misógino, doente de inveja. Chega das suas besteiras”. Gilmour republicou o comentário e disse “Cada palavra é demonstravelmente verdadeira”.

Morgan leu as postagens de Samson e Gilmour para Waters, que riu e disse “sem comentários”.

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