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Salve o planeta: tenha mais filhos

A chamada “ansiedade eco-reprodutiva” é mais alta na demografia mais jovem. Em um estudo de 2020 com americanos em seus primeiros anos reprodutivos, quase 97% disseram estar “muito” ou “extremamente” preocupados com o bem-estar de seus filhos reais ou hipotéticos por causa do aquecimento global
A chamada “ansiedade eco-reprodutiva” é mais alta na demografia mais jovem. Em um estudo de 2020 com americanos em seus primeiros anos reprodutivos, quase 97% disseram estar “muito” ou “extremamente” preocupados com o bem-estar de seus filhos reais ou hipotéticos por causa do aquecimento global (Foto: Bigstock)

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Os impulsos antibebês de alguns ambientalistas birutas têm inspirado cada vez mais as elites progressistas a chegarem à conclusão cientificamente sem lastro de que ter filhos é “irresponsável”, por seu potencial impacto ambiental. Isso é factualmente errado e fundamentalmente anti-humano.

“Nos últimos anos, me fizeram uma pergunta mais do que qualquer outra. Ela surge em discursos, em jantares, em conversas. É a consulta mais popular quando abro meu podcast para sugestões, uma e outra vez. Ele vem em duas formas. A primeira: devo ter filhos, dada a crise climática que eles enfrentarão? A segunda: devo ter filhos, sabendo que contribuirão para a crise climática do mundo?”, escreveu Ezra Klein recentemente no New York Times.

Pesquisas mostram que cerca de 39% dos americanos pensam que é provável que o aquecimento global cause literalmente a extinção humana por meio da escassez de alimentos e outros desastres, embora isso seja cientificamente absurdo. Isso não é o que o consenso científico diz, é claro, mas o time do “siga a ciência” está, cada vez mais, ignorando a ciência.

A escritora canadense Britt Wray sintetizou os medos irracionais que ditam o curso da vida de tantos progressistas quando escreveu recentemente: “Muitos de nós estamos equilibrando o desejo profundo por um filho com a consciência de que, à medida que eles crescem, pode haver escassez constante de comida e água, divisão social e guerras”. Jill Filipovic também expressou isso recentemente quando twittou que “ter um filho é uma das piores coisas que você pode fazer pelo planeta”.

A chamada “ansiedade eco-reprodutiva” é mais alta na demografia mais jovem. Em um estudo de 2020 com americanos em seus primeiros anos reprodutivos, quase 97% disseram estar “muito” ou “extremamente” preocupados com o bem-estar de seus filhos reais ou hipotéticos por causa do aquecimento global. E uma pesquisa no ano passado descobriu que 39% dos jovens “se sentem inseguros” sobre ter filhos por causa do medo do aquecimento global, argumentando que o futuro será tão terrível que seria errado trazer crianças para um mundo tão ruim. Isso é um pouco acima de uma pesquisa anterior de 2018 para o New York Times, que descobriu que um terço dos americanos de 20 a 45 anos pesquisados ​​que tiveram ou esperavam ter menos filhos do que gostariam citou a mudança climática como motivo.

O Morgan Stanley até emitiu um aviso de que o “movimento para não ter filhos devido ao medo das mudanças climáticas está crescendo e impactando as taxas de fertilidade mais rapidamente do que qualquer tendência anterior no campo do declínio da fertilidade”.

Essas preocupações são infundadas. O consenso científico atual, de acordo com as principais organizações científicas, como o Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (IPCC) é que o aquecimento global não chegará nem perto de pôr um fim à civilização. Aqueles que afirmam o contrário estão indo diretamente contra “a ciência”.

O IPCC prevê que o nível do mar subirá cerca de meio metro até 2100, algo como duas vezes mais do que o registrado desde 2015. Em outras palavras, já obtivemos cerca de 30% do aquecimento global que provavelmente veremos até 2100. Esta é uma quantidade tão minúscula que, literalmente, não será perceptível para o americano médio. Mesmo os piores cenários não estão perto de serem tão prováveis ​​ou tão prejudiciais quanto os cenários apocalípticos mais convencionais, como a guerra nuclear. Essa ameaça não impediu os pais de Ezra Klein de trazê-lo ao mundo em 1984, ano em que a União Soviética realizou 29 testes nucleares e tinha quase 40.000 ogivas nucleares voltadas para os Estados Unidos.

Mas também não podemos culpar as pessoas entrevistadas por terem essa opinião. Afinal, eles claramente apenas ouviram as constantes previsões do apocalipse (que nunca se materializam) que os alarmistas da superpopulação vêm espalhando há décadas com alguns resultados verdadeiramente horríveis. O climatologista Hans Joachim Schellnhuber, que aconselhou o Papa Francisco e a ex-chanceler alemã Angela Merkel, afirmou certa vez que a Terra pode suportar um número máximo de um bilhão de pessoas — em oposição aos cerca de oito bilhões vivos hoje. O professor de Stanford Paul Ehrlich uma vez declarou similarmente que “100 a 200 milhões de pessoas por ano morrerão de fome durante os próximos dez anos” e que “a população ultrapassará inevitavelmente e completamente quaisquer pequenos aumentos na oferta de alimentos que fizermos” (ele disse isso em... 1970).

Figuras públicas como a congressista Alexandria Ocasio-Cortez e o príncipe Harry e até o comediante e comentarista político Bill Maher questionaram ou criticaram a moralidade de ter filhos diante do aquecimento global. Falando em um painel, “o cara da ciência” Bill Nye fez a ridícula pergunta: “Devemos ter políticas que penalizem as pessoas por ter filhos a mais no mundo desenvolvido?” (Um de seus co-painelistas disse que sim.) Dave Brower, primeiro diretor executivo do Sierra Club, autoproclamado “a organização ambiental de base mais duradoura e influente dos Estados Unidos” foi muito mais direto. “Ter filhos [deveria ser] um crime punível contra a sociedade, a menos que os pais tenham uma licença do governo”, declarou Brower em uma entrevista. “Todos os pais em potencial [deveriam] ser obrigados a usar produtos químicos contraceptivos, com o governo emitindo antídotos para os cidadãos escolhidos para ter filhos.”

Apesar das previsões sombrias, a civilização ainda está em alta e se espalhando, e fomes em massa do tipo que os apocalípticos previram nunca ocorreram, mesmo quando a população mundial atingiu novos patamares. De fato, o número de pessoas que vivem na pobreza diminuiu significativamente e a quantidade de alimentos por pessoa aumentou constantemente. O produto interno bruto mundial por pessoa cresceu incomensuravelmente apesar – ou, mais provavelmente, por causa – do crescimento populacional. Como observou o falecido economista Julian Simon, as pessoas são o recurso supremo. Geramos produtividade; não somos apenas consumidores passivos dos recursos do planeta. A evidência de que Simon estava certo continua a aumentar.

Nem todo mundo que se preocupa com o planeta é anti-humano. Alguns ambientalistas, como Kelsey Piper em texto para o Vox, reconhecem o potencial de resolução de problemas da próxima geração para enfrentar desafios como o aquecimento global. Ela afirma que diz à filha “que hoje há mudanças climáticas e resolvê-las exigirá novas invenções e novas ideias — e talvez ela seja a pessoa que faça isso”.

Klein, para seu crédito, também rejeita a visão de que as crianças são inerentemente destrutivas, um saldo negativo para o mundo. Ele acha que ter filhos é aceitável porque seus filhos poderiam dar um impulso político aos objetivos dos ambientalistas. “Na última década, as gerações em ascensão transformaram a política climática”, observa ele. “Grande parte do progresso que vimos vem de sua incansável defesa e energia. O mundo que eles habitarão está mudando, porque eles estão mudando o mundo.”

E Klein não está sozinho ao pensar em como quem tem filhos hoje moldará as políticas de amanhã. “Imagine Greta Thunberg”, disse um cientista político a Klein, “[sua mãe] não deveria tê-la tido porque algum padrão diz que as crianças são ruins para o planeta? Em algum ponto estamos perguntando se acreditamos na continuação da sociedade e na possibilidade de os jovens serem um motor de mudança.” O psicólogo e comentarista Scott Alexander também observou: “Se você pegar a pequena porcentagem de pessoas mais comprometidas em impedir as mudanças climáticas e removê-las da próxima geração, isso não parece bom para a próxima geração”.

Klein e Alexander têm razão quando afirmam que a relutância filosoficamente motivada dos ambientalistas em ter filhos poderia, em última análise, causar retrocessos políticos ao movimento. A associação entre taxas de fecundidade e padrões de votação está claramente indo contra suas expectativas. Evidências de eleições recentes comprovam a associação entre áreas cada vez mais republicanas e altas taxas de fecundidade em relação à média nacional: os onze principais estados com as maiores taxas de natalidade são todos vermelhos [N. do T.: a cor do Partido Republicano — os democratas são os azuis].

De acordo com um estudo, uma amostra aleatória de 100 adultos conservadores gerará 208 crianças, enquanto 100 adultos progressistas terão apenas 147 crianças. Na década de 1970, havia pouca ou nenhuma diferença nas taxas de fecundidade entre progressistas e conservadores. E diferenças muito menores na criação de filhos podem fazer uma grande diferença nas eleições. Se cerca de 5% a mais de democratas não tivessem filhos na geração anterior, isso poderia ter mudado o resultado do voto popular na eleição presidencial de 2020 de Biden para Trump. Como as crianças tendem a compartilhar as crenças políticas de seus pais, isso pode enviesar as eleições para qualquer grupo político que tenha mais filhos, principalmente se a eleição for apertada. Alguns progressistas estão acordando para esse fato um pouco tarde demais, dado o estrangulamento que o sentimento anticriança tem em grande parte do movimento ambientalista.

A longo prazo, as políticas em torno do aquecimento global e todas as outras questões serão determinadas pelos descendentes das pessoas de hoje que não desistem de ter uma família — ou do futuro da humanidade.

Andrew Follett trabalhou como repórter espacial e científico para a Daily Caller News Foundation. Ele também fez pesquisas para o Comitê de Ciência, Espaço e Tecnologia do Congresso, para a NASA, o Cato Institute e o Competitive Enterprise Institute. Atualmente conduz análises de pesquisa para uma organização sem fins lucrativos em Washington DC.

© 2022 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.

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