Nesta semana, enquanto o presidente Joe Biden tentava desesperadamente nos distrair da retirada dos Estados Unidos no Afeganistão e do caos que se seguiu a ela, a Casa Branca voltou seus olhos novamente para a Covid-19.
Na segunda-feira, Biden fez pressão para que a iniciativa privada tornasse a vacinação obrigatória, dizendo “façam o que fizemos no último mês, exija que os funcionários sejam vacinados senão vocês enfrentarão restrições duras”. Enquanto isso, o onipresente dr. Anthony Fauci disse a Anderson Cooper, da CNN, que respeita a liberdade das pessoas, “mas, quando se está falando de uma crise de saúde pública, é hora de dar uma basta. Temos simplesmente que vacinar todo mundo”.
Enquanto isso, a administração Biden também planeja decretos que obrigam a vacinação na iniciativa privada. Fauci anunciou, desta vez na MSNBC, que todos devem usar máscaras, tanto os vacinados quanto os não-vacinados. “Em vez de ficar pensando em que máscara usar, simplesmente use uma máscara. Use uma máscara cirúrgica ou de pano. Precisamos usar máscaras”. Biden foi além, ampliando a pressão para que as crianças também usem máscaras. “Você tem os meios para garantir a segurança de seus filhos. Certifique-se de que as crianças estão de máscaras ao saírem de casa”, disse ele.
Deixando de lado o fato de que essas medidas não estão apoiadas em dados, há poucos indícios de que a obrigatoriedade da vacina realmente levará os não-vacinados a superarem sua hesitação. É mais provável que a obrigatoriedade restrinja os não-vacinados aos ambientes de uso comum, onde eles terão mais chance de transmitir o vírus a outras pessoas que não se vacinaram. A variante delta, de acordo com o ex-conselheiro de Obama, dr. Michael Osterholm, ri das máscaras de pano. De acordo com a Universidade de Waterloo, as máscaras cirúrgicas são ineficientes contra a delta. Não há dados que demonstrem que o uso de máscaras nas escolas é eficiente na redução da transmissão do coronavírus. E as crianças têm um risco muito baixo de adoecer, uma vez que, de acordo com o Centro de Controle de Doenças, apenas 361 norte-americanos com menos de 18 anos morreram de Covid-19 ao longo de toda a pandemia.
É melhor nos atermos a um fato simples: a pandemia agora é oficialmente eterna.
No começo da pandemia, nos disseram para aceitarmos os lockdowns a fim de evitarmos que os hospitais entrassem em colapso – para “achatarmos a curva”. Fizemos isso. Depois nos disseram para usarmos máscaras para evitarmos a transmissão do vírus até que desenvolvêssemos uma vacina. Fizemos isso. Depois nos disseram para esperarmos até que todos os adultos fossem vacinados para tirarmos as máscaras e nos reunirmos. Fizemos isso.
Hoje, todos os adultos dos Estados Unidos, ou melhor, todas as pessoas com mais de 12 anos, já tiveram a oportunidade de serem vacinados. Mais de 75% de todos os norte-americanos com mais de 65 anos receberam as duas doses da vacina. A maioria das pessoas, nos Estados Unidos, já recebeu as duas doses. Mas ainda assim nos dizem que a obrigatoriedade do uso de máscaras é necessária – supostamente para evitar que os que já tiveram a oportunidade de serem vacinados peguem Covid-19, uma vez que os vacinados têm um risco extremamente baixo de hospitalização.
Como se justifica isso? Pela lógica, não há justificativa. O governo já fez tudo o que pôde para proteger os que desejavam proteção do governo. Os que exigiam restrições oficiais não conseguiram avaliar o sucesso das restrições, por isso todos deveríamos voltar à vida normal.
Isso tem a ver com as mortes? Claro que não. O Havaí obriga todos a usarem máscaras em ambientes fechados, apesar de ter uma média de duas mortes por dia, numa população de 1,4 milhão de habitantes.
Tem a ver com as hospitalizações? Não. A Austrália está em lockdown total, apesar de ter 119 pessoas na UTI, num país de 25 milhões de pessoas, e com 2.378 leitos de UTI.
São as infecções? Não temos como medir que risco de infecção é baixo o bastante para que voltemos ao normal. As crianças estão sendo obrigadas a usarem máscaras mesmo sem provas de que elas corram riscos ou de que sejam um vetor importante de transmissão.
Isso significa que o objetivo hoje é zerar os casos de Covid-19. Mas isso não é um objetivo real. É uma fantasia. Uma fantasia que significa que estamos presos à mentalidade pandêmica para sempre. Não há meta a ser alcançada. O que significa que os norte-americanos estão diante de uma escolha: ou vivemos eternamente sob restrições para evitar riscos mínimos de hospitalização e morte pós-vacinação ou voltamos à vida normal.
Se optarmos por abdicarmos de nossa liberdade em nome da quimera de que o governo é capaz de anular quaisquer riscos é porque não merecemos a liberdade que supostamente defendemos.
Ben Shapiro é apresentador do "Ben Shapiro Show" e editor do Daily Wire.