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Literatura

Sete livros lançados em 2021 que todo conservador vai gostar de ler

Livros lançados em 2021 que podem ajudar nos debates de 2022. (Foto: Pixabay)

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O ano de 2022 promete debates acirrados no Brasil. Assuntos que dominaram a internet nos últimos meses devem voltar com força durante o período eleitoral - que, como qualquer internauta assíduo sabe, começa muito antes das campanhas oficiais. Temas complexos como o cuidado com o meio ambiente, a promoção da igualdade de oportunidades para homens e mulheres, a luta contra o racismo, as políticas de segurança pública e outros temas relevantes são cooptados e transformados em slogans, como se conservadores não tivessem nada a contribuir. Nesse cenário, a própria natureza do conservadorismo é posta em xeque.

A boa notícia é que, entre os lançamentos literários do ano que se encerra, não faltam títulos excelentes para enriquecer a conversa – e que certamente passaram ao largo da esfera progressista. A Gazeta do Povo selecionou algumas destas obras e apresenta, abaixo, uma lista de sugestões. Alguns títulos chegaram às livrarias internacionais neste ano e estão disponíveis na internet, ainda sem tradução para o português. Outros receberam sua primeira versão brasileira em 2021. Todos, entretanto, são de autoria de intelectuais e pesquisadores renomados, com muito a acrescentar às disputas que se desenham para o próximo ano.

1) A Mentalidade Conservadora, de Russell Kirk (Editora É Realizações)  

Russell Kirk é, sem dúvidas, um dos autores essenciais para entender o conservadorismo. A tradução inédita de seu clássico “The Conservative Mind” para o português foi um dos grandes acontecimentos do mercado editorial neste ano. Partindo da premissa de que o conservadorismo não é um conjunto de dogmas, Kirk passeia pela história do pensamento conservador encarnado nas figuras de John Adams, Alexis de Tocqueville, Irving Babbitt, T. S. Eliot e outros, unidos pelo cultivo da "imaginação moral" que reconhece a existência de uma ordem inerente à natureza.

Trecho: “Tanto o impulso para melhorar quanto o impulso para conservar são necessários para o funcionamento saudável de qualquer sociedade. Unirmos nossas forças ao partido do progresso ou ao partido da permanência dependerá das circunstâncias do tempo”.

2) Teorias Cínicas, de James Lindsay e Helen Pluckrose (Editora Avis Rara) 

Publicados em 2018, os “Estudos do Ressentimento” provaram que o rigor acadêmico nas universidades americanas respira por aparelhos, substituído por ideologias politicamente corretas. Munidos de evidência empírica da crise, James Lindsay e Helen Pluckrose se debruçaram sobre o arcabouço teórico que levou a academia a este estado. O resultado é o livro “Teorias Cínicas - Como a academia e o ativismo tornam raça, gênero e identidade o centro de tudo - e por que isso prejudica todos”, cuja versão em português foi publicada em 2021. A obra foi efusivamente elogiada pelo psicólogo e pesquisador da Universidade de Harvard Steven Pinker e pelo editor da revista The Spectator, Douglas Murray, que afirmou raramente ter lido um “resumo tão bom de como o pós-modernismo se desenvolveu”.

Trecho: “Foucault estava especialmente interessado na relação entre a linguagem, ou, mais especificamente, discurso (modos de falar das coisas), produção de conhecimento e poder. Foucault não negou que existe uma realidade, mas duvidou da capacidade dos humanos de transcender nossos preconceitos culturais o suficiente para chegar a ela. (...) Seguindo este raciocínio, conhecimento, verdade, significado e moralidade são, portanto, produtos culturalmente construídos e relativos de culturas individuais”.

3) Edmund Burke: A virtude da consistência, de João Pereira Coutinho (Editora Ayinê) 

O homem que alertou o mundo para os horrores que se seguiriam à Revolução Francesa é figurinha essencial em uma lista de livros conservadores. Autor das famosas "Reflexões sobre a Revolução na França", Edmund Burke é tema do novo livro do cientista político João Pereira Coutinho, colunista da Gazeta do Povo, que se debruça sobre a obra do pai do conservadorismo moderno para defender sua solidez e coerência.

Trecho: "Edmund Burke (1730 - 1797) é um dos nomes centrais da história das ideias políticas. Mas será Burke um autor filosoficamente coerente? Ou apenas alguém que respondia aos desafios do seu tempo sem radicar as suas posições numa particular teoria política? Este ensaio defende a consistência do pensamento de Burke, alicerçada na sua reflexão sobre a natureza humana".

4) Apocalypse Never, de Michael Shellenberger (Editora LVM) 

Michael Shellenberger já apoiou a Revolução Sandinista na Nicarágua, já arrecadou fundos para uma organização para proteção de florestas, viveu na Amazônia para pesquisar o meio ambiente e integrou a equipe que convenceu o ex-presidente Barack Obama a investir 90 bilhões de dólares em energia renovável. Em "Apocalypse Never: Por que o alarmismo ambiental prejudica a todos" , o ambientalista quer convencer o público de que, ainda que seja real, o aquecimento global não é o pior problema ambiental a ser enfrentado pela humanidade - e não, o mundo não vai acabar por causa dele. Para Shellenberger, o maior problema ambiental a ser enfrentado pela humanidade é a pobreza.

Trecho: "Qualquer pessoa interessada em ver o fim do mundo de perto e pessoalmente poderia fazer pouco pior do que visitar a República Democrática do Congo, na África Central. O Congo tem uma maneira de colocar as profecias do primeiro mundo sobre o apocalipse climático em perspectiva".

5) San Fransicko, de Michael Shellenberger (sem tradução)

Progressistas gostam de apresentar soluções mágicas para a falta de moradia, a desigualdade e o crime. Em seu livro mais recente, "San Fransicko: Why Progressives Ruin Cities" (São Fransicko: Porque os Progressistas Destroem as Cidades, em tradução livre) ainda sem versão em português, Michael Shellenberger explica que, na verdade, nas áreas controladas pelos "justiceiros" - como é o caso da baía de São Francisco, onde ele vive há mais de 30 anos -, esses problemas só pioraram. O autor, que sempre defendeu a descriminalização das drogas, a criação de programas sociais de moradia acessível e penalidades alternativas à prisão, fez sua própria investigação a respeito, a chegou a conclusões surpreendentes. Em suma, não falta dinheiro nem investimentos. Falta um poder público que não divida o público entre vilões e vítimas.

Trecho: “Contra a sugestão de Benioff de que a população de sem-teto de São Francisco é composta principalmente de famílias com crianças, a pesquisa descobriu que muito mais sem-teto na área da baía de São Francisco são adultos sem família do que em outras partes dos Estados Unidos. Enquanto as famílias representam 32, 53 e 65% dos desabrigados na cidade de Nova York, Chicago e Boston, elas representam apenas 9% da população desabrigada da baía”.

6) Woke Racism, de John McWorther (sem tradução) 

No século XXI, o termo “antirracismo” tem menos a ver com a firme oposição à discriminação e mais com uma espécie de profissão de fé, segundo a qual o racismo é a única explicação para os mais complexos problemas sociais e pessoas brancas são invariavelmente privilegiadas e frágeis. Não à toa, o linguista John McWorther, professor da Universidade de Columbia, classifica este conjunto de práticas como uma nova religião. Em "Woke Racism How a New Religion has Betrayed Black America” (“Racismo Woke: Como uma Nova Religião Traiu a América Negra”, em tradução livre) McWorther argumenta que a militância antirracista opera não nos moldes de uma causa social, mas de um credo calcado em dogmas inquestionáveis e uma seleta casta de sacerdotes.

Trecho: “Os eleitos devem ritualmente 'reconhecer' que possuem privilégios brancos, com a consciência de que nunca podem ser absolvidos dele. (...) Esqueça (f*da-se?) a civilidade ou mesmo a lógica — tudo gira em torno de como você se sente e, especificamente, sobre o quanto você odeia a ordem reinante"

7) Trans, de Helen Joyce (sem tradução) 

Há décadas os conservadores se opõem ao que se convencionou chamar de “ideologia de gênero”: a ideia de que a sexualidade é apenas uma construção social, sem qualquer relação com o sexo biológico. Hoje, com a proliferação de pautas cada vez mais perniciosas – como os pronomes “neutros” e a participação de pessoas do sexo masculino em esportes femininos -, intelectuais de diferentes matizes ideológicas enfrentam a “cultura do cancelamento” para denunciar os malefícios desta ideologia, inclusive para o público que ela alega proteger. Mesmo depois de ser boicotado por livrarias, o livro "Trans: When Ideology Meets Reality" ("Trans: Quando a Ideologia Encontra a Realidade", em tradução livre), de Helen Joyce, se tornou um best-seller.

Trecho: “A ideologia da identidade de gênero envolve mais do que discussões no Twitter e o uso dos pronomes corretos. Em apenas dez anos, as leis, as políticas da empresa, os currículos escolares e universitários, o esporte, os protocolos médicos e a mídia foram reformulados para privilegiar a identidade de gênero autodeclarada em detrimento do sexo biológico. As pessoas estão sendo humilhadas e silenciadas por tentarem entender as consequências de redefinir 'homem' e 'mulher'. Embora a compaixão pelas vidas transgênero seja bem-intencionada, ela está sufocando a investigação muito necessária sobre o significado dos nossos corpos”.

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