Nascido em novembro de 1898 na cidade de Belfast, no Reino Unido, Clives Staples Lewis foi um dos gigantes intelectuais do século XX. Além de professor de Literatura Inglesa na Universidade de Oxford e de Inglês Medieval e Renascentista na Universidade de Cambridge, foi autor de mais de 30 livros sobre literatura, teologia e filosofia, além de obras de fantasia e ficção científica.
A adaptação cinematográfica de seu clássico “As Crônicas de Nárnia” pelos estúdios Walt Disney ajudou a ressuscitar o interesse por seus escritos. Selecionamos, abaixo, dez textos para introduzir o leitor no universo cristão - e fantástico - de C. S. Lewis.
“C.S. Lewis está morto. Dizem no Times que nós iremos sentir sua falta. Nós não. Nós não vamos”, anunciou F. R. Leavis para os seus estudantes de literatura inglesa na Universidade de Cambridge alguns dias depois da morte do ex-colega e inimigo de longa data, em novembro de 1963. O caso relatado por um ex-aluno de Lewis comprova sua capacidade de evocar reações intensas. Lewis nunca foi poupado de críticas - e nunca poupou ninguém. Não por acaso, seus pensamentos sobre a moralidade e a natureza do homem continuam a ressoar décadas após a sua morte.O autor era, por exemplo, um ferrenho defensor da liberdade individual e da existência de uma lei natural imperativa, comum a todas as criaturas, e que foi cristalizada pelo cristianismo.
O maior crossover (o encontro de dois universos fantásticos) da história da cultura pop envolveu uma conversão ao cristianismo: foi ninguém menos do que J. R. R. Tolkien, autor de “O Senhor dos Anéis”, que levou C. S. Lewis a abandonar o ateísmo e olhar com outras lentes os mitos e estórias de fada pelas quais ambos eram aficcionados. Até então, Lewis acreditava que as histórias de Jesus e seus milagres estavam “exatamente no mesmo patamar” das histórias de Adonis, Dionísio, Ísis e Loki.
Polêmico, sem papas na língua, conservador e, acima de tudo, carismático. Apesar dos desafetos, C. S. Lewis angariou admiradores e amigos fiéis por onde passou. O melhor e mais famoso exemplo, claro, são os Inklings, grupo de que faziam parte J.R.R. Tolkien, Owen Barfield, Charles Williams e Lord David Cecil. Seus alunos lotavam suas palestras mas, contraditoriamente, não o tinham em alta conta: achavam-no arrogante. Ainda assim, suas obras atraem principalmente pelo toque autobiográfico: Lewis está sempre falando sobre como redescobriu verdades antigas e conhecidas, e o impacto que elas tiveram em sua alma.
Em sua principal obra de ficção científica, a Trilogia Cósmica, Lewis trouxe à baila muitos de seus temas favoritos: a natureza humana, a morte, o sacrifício e a redenção. Mas incorporou à história também uma de suas críticas mais potentes e relevantes para o mundo contemporâneo: os perigos da mentalidade cientificista e progressista, que almeja o desenvolvimento a qualquer custo. O assunto também está presente em ensaios e livros do autor, um árduo defensor da prudência, dos costumes, da liberdade e do progresso aliado à dignidade humana.
Mais um texto para entender porque Lewis detestava o progressismo cientificista, ainda que estivesse disposto a reconhecer avanços importantes. Seu amigo íntimo Owen Barfield, notou que o autor visivelmente encolhia quando ouvia a palavra progresso, por acreditar que o termo não apenas é falso, mas verdadeiramente perigoso para a própria saúde da humanidade. Para Lewis, diante dessas proposições, é sempre importante perguntar: “Progresso em direção a quê?”.
Após conduzir o leitor em uma exploração sobre como Homero, Virgílio e Dante retratavam o inferno e o purgatório em suas obras, Joseph Pearce apresenta um mergulho na alma humana pelos olhos de C. S. Lewis. Através das obras “O Grande Abismo” e “A Última Batalha” - esta, a última das Crônicas de Nárnia - Lewis mostra como a fuga da danação eterna requer amor ao próximo e auto-sacrifício, e que a danação eterna nada mais é do que o resultado da satisfação constante de nossos desejos mais vis.
Na segunda parte do passeio pela vida após a morte pelos olhos de Lewis, chegamos à “A última batalha”, o mais sombrio e o mais “adulto” de todos os livros da popular série de Nárnia. Desde as primeiras páginas, as coisas estão ruins; e continuam a piorar. As personagens devem enfrentar a morte, a condição última para o conhecimento do Bem, o Reino dos Céus que Lewis batiza de “verdadeira Nárnia”. Ali, eles, finalmente, estariam “começando o Primeiro Capítulo da Grande História que ninguém na terra leu: que continua para sempre, em que cada capítulo é melhor do que o anterior”.
A vida e a obra de Lewis são tema desta conversa com o professor Paulo Cruz, colunista da Gazeta do Povo, o professor Carlos Caldas, do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da PUC-Minas, responsável pela tradução de alguns livros do autor para o português.
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