
Com mais de 1,2 milhões de seguidores no Instagram, a Dra. Ana Escobar é conhecida por traduzir para o público, com uma linguagem acessível e direta, as mais recentes pesquisas científicas na área da pediatria.
Em “Meu Filho Tá Online Demais” (editora Manole), a médica alerta para os riscos do uso excessivo de aparelhos eletrônicos e das redes sociais, discutindo temas como estresse, depressão, tempo de tela e o momento ideal para dar o primeiro celular aos filhos.
No recorte a seguir, a autora aborda o fenômeno do "FOMO" (Fear of Missing Out, ou "medo de estar perdendo algo"), uma ansiedade crescente entre os adolescentes, que sentem a necessidade constante de estar conectados para não ficarem de fora de interações online.
Quanto tempo você consegue ficar sem olhar o seu celular?
Você o deixa em cima da mesa durante as refeições, e a todo momento sente o impulso de olhar a tela para não perder o que pode estar acontecendo? O celular está sempre virado para cima, e assim que a luz acende, você verifica o que é?
Você usa um relógio que apita ou vibra quando qualquer mensagem chega, e não resiste em verificar, afinal, pode ser algo muito importante? Você tem receio de perder alguma informação, post ou qualquer coisa compartilhada nas redes sociais ou na internet?
Se você se viu em alguma destas situações, fique atento, pois você pode estar incluído na sigla chamada “FOMO”.
FOMO é a sigla para Fear Of Missing Out, que em português pode ser traduzida como “medo de estar perdendo algo” ou “medo de perder uma oportunidade”. Algumas pessoas vivem em um estado constante de conexão, e a possibilidade de se desconectar por alguma necessidade maior as deixa ansiosas.
FOMO é um termo usado para descrever a sensação de ansiedade ou inquietação que as pessoas podem sentir quando pensam que estão perdendo algo interessante, divertido ou importante que está acontecendo no momento, especialmente em suas redes ou eventos sociais.
Esse fenômeno está frequentemente associado ao uso das redes sociais, nas quais as pessoas veem postagens sobre festas, eventos, viagens, conquistas e outras atividades aparentemente emocionantes de seus amigos e conhecidos. O FOMO pode levar as pessoas a se sentirem inadequadas, ansiosas ou preocupadas por não estarem participando desses eventos ou experiências percebidas como significativas.
Sentimento de exclusão
O resultado? O FOMO afeta o bem-estar emocional dessas pessoas, especialmente quando se torna uma preocupação constante e prejudica sua capacidade de aproveitar o momento presente.
Adolescentes que estão começando uma vida social mais independente muitas vezes sentem a necessidade de ficar constantemente conectados para não perder absolutamente nada e, mais importante, não se sentirem excluídos. Essa sensação pode gerar medo, dependência, desconforto, ansiedade e, não raro, baixa autoestima, principalmente quando se acham excluídos de algo.
É fundamental que os pais estejam atentos a isso, observando se seus filhos conseguem se desconectar do celular em momentos como conversas ou refeições em família, ou à noite, quando precisam dormir. Muitos adolescentes dormem com o celular na própria cama, o que é perigoso, além de inadequado para uma boa qualidade de sono.
E como lidar com quem tem FOMO? A melhor abordagem é fortalecer as relações presenciais com amigos e família, onde as conversas acontecem sem a presença constante dos celulares. Quanto mais tempo passamos com bons amigos, menos tempo queremos passar grudados no celular.
Evitem também, sempre que possível, presentear os filhos com relógios digitais hiperconectados. Muitos adolescentes dormem com o celular na própria cama, o que é perigoso, além de inadequado para uma boa qualidade de sono.
É fundamental lembrar a todos que as redes sociais muitas vezes retratam uma versão idealizada da vida das pessoas e nem sempre refletem a realidade completa. Portanto, é crucial manter uma perspectiva equilibrada e não se deixar consumir pelo medo de estar perdendo algo.