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“Sociedade Aberta”: família Soros avança sobre a universidade

George Soros, durante o Fórum de Boao, na China, em 2013 (Foto: EFE/Antônio Broto)

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De acordo com o Financial Times, George Soros teria investido 32 bilhões de dólares ao longo dos anos na tentativa de difundir sua agenda política por meio da Open Society Foundation, dos quais pelo menos 20, oficialmente, em universidades de todo o mundo. Agora, o empresário e banqueiro de 92 anos com um dos maiores patrimônios do mundo, o homem que mais do que qualquer outro colocou a filantropia a serviço dos impulsos culturais progressistas, entregará o controle de seus fundos de ações de US$ 25 bilhões a seu filho Alexander.

Este Soros tão caro à política italiana Emma Bonino – “desde 1994, tem nos ajudado e eu o reivindico” –, aquele do ataque especulativo à lira italiana em 1992, que desvalorizou nossa moeda em 30% e nos rendeu a expulsão do Sistema Monetário Europeu, mas que recebeu um diploma honorário por "méritos econômicos" – conferido por Romano Prodi [político italiano, foi presidente da União Europeia, de 1999 até 2004] –, continuará por muito tempo a fazer seu nome ecoar e a influenciar as políticas ocidentais, mais do que nunca.

“Eu e meu pai – um dos maiores doadores do Partido Democrata na história dos Estados Unidos, que se comprometeu pessoalmente com o direito ao aborto nos Estados Unidos – temos a mesma opinião, mas eu sou mais político do que ele”, disse o herdeiro, tão logo pegava o bastão. Por outro lado, nos últimos meses, Alexander tornou-se já um embaixador de facto na Casa Branca, encontrando-se com Chuck Schumer, líder dos democratas no Senado, e com a vice-presidente Kamala Harris, bem como com o presidente brasileiro Lula e o primeiro-ministro canadense Trudeau, entre muitos outros.

É para o mundo universitário que a esfera de influência da fundação da família Soros tem se voltado, principalmente nas últimas décadas. Seu filho, Robert Soros, foi eleito para o conselho administrativo da Universidade da Europa Central (CEU) em 2012, e seu meio-irmão, Alexander, agora assumiu seu lugar. Ao longo dos anos, Soros financiou mais de 20 mil bolsas de estudo, investiu centenas de milhões somente em faculdades americanas e criou sua própria universidade.

Foi antes de deixar o comando que Soros pai, escolhendo a plateia de Davos – o Fórum Econômico, encontro da elite mundial –, lançou seu novo projeto: a Open Society University Network (OSUN). Com um bilhão de dólares doados só no primeiro ano, e um apelo a todos aqueles que têm, como ele, o sonho de colaborar na criação de uma “nova rede universitária global”. Integrará o ensino e a pesquisa entre instituições de ensino superior de todo o mundo, oferecerá cursos em network e programas conjuntos de graduação e reunirá periodicamente estudantes e professores de diferentes países para discussões, também online. “Reforçar os valores da sociedade aberta, em particular a liberdade de expressão e a diversidade de opiniões”, é a intenção expressa no papel.

Soros foi claro: o objetivo é estabelecer uma rede de universidades comprometidas com o “pensamento crítico” que se ocupem das mudanças climáticas e da defesa da democracia contra “ditadores” como Donald Trump. “Meu pai entendeu que a educação é a melhor maneira de garantir que os valores em que ele acredita possam ser renovados a cada geração”, comentou Alexander Soros. "Considero a OSUN meu projeto mais importante e também o mais duradouro. É por isso que gostaria de vê-lo realizado enquanto eu estiver vivo", respondeu papai George. Para Leon Botstein, presidente do Bard College: “a OSUN é a iniciativa mais transformadora no ensino superior que já vi em toda a minha carreira”.

De Nova York a Londres, passando pela Ásia e pela África, a rede global de universidades para as quais Soros estendeu sua mão está em constante expansão. No entanto, o primeiro empreendimento de Soros no ensino superior para promover sua visão não é exatamente recente. A primeira doação filantrópica para o mundo universitário foi feita na década de 1970 para o Bard College, em Nova York. E foi para esse último que, em 2020, prometeu US$ 100 milhões para a próxima década.

Em seguida, o projeto assumiu uma estrutura mais definida com a fundação da Central European University (CEU) na Hungria em 1991. Essa sempre foi a base ideológica de suas operações no campo do ensino superior, especialmente até Orbán ir contra ela – e ser condenado pelo Tribunal de Justiça da UE por isso.

Entre seus ex-alunos mais influentes certamente se incluem o ex-presidente da Geórgia, Giorgi Margvelashvili; Lívia Járóka, vice-presidente do Parlamento Europeu em 2017, vice-presidente do Comitê de Direitos da Mulher e Igualdade de Gênero em Bruxelas e presidente do PPE no grupo de trabalho sobre inclusão dos ciganos; Monica Macovei, ex-ministra da Defesa da Romênia e posteriormente deputada do Parlamento Europeu; Tina Khidasheli, ex-ministra da Defesa da Geórgia; József Berényi, presidente do Partido da Coalizão Húngara na Eslováquia; e Orsat Miljenic, ex-ministro da Justiça da Croácia. Mas apenas George Soros poderia analisar a situação do ensino superior americano e concluir que ele não é suficientemente liberal.

Somente em 2020, a Open Society Foundation de Soros alocou mais de US$ 63 milhões, pouco mais de 5% de seu orçamento, para influenciar o ensino superior em nível global. Harvard, Columbia, Indiana University e Georgetown estão entre as 19 faculdades da rede do “mexeriqueiro”. Entre os cursos que o dinheiro de Soros financiou estão a “Hate Studies Initiative [Iniciativa de Estudos de Ódio]”, a “Migration Initiative [Iniciativa para a Migração]”, a “Racial Justice Initiative [Iniciativa para Justiça Racial]” e a “Abolição de Prisões e da Polícia” para ensinar aos alunos “como projetar uma campanha publicitária multimídia para tornar viral a abolição de prisões”.

A Georgetown recebeu US$ 1,8 milhão para a Justice at Stake Campaign, ONG que defende que não há “pessoas de cor, mulheres, lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros e pessoas com deficiência” suficientes entre os juízes do país. A Ohio State University obteve financiamento para o Kirwan Institute for the Study of Race and Ethnicity, que, por sua vez, forneceu treinamento para os Los Angeles City Workers. Sob a égide do filantropo também o programa “Trustee Leader-Scholar [Curadoria de líder-especialista]” na Bard, em Nova York, entre outros cursos mais importantes: “Black Body Experience [Experiência no Corpo Negro]”, “Bard Palestine Youth Initiative [Iniciativa de juventude palestina de Bard]”, “Migrant Labour Project [Projeto para trabalhadores imigrantes]”, “Palestine Awareness Project [Projeto para consciência palestina]” e “Trans Action Initiative [Iniciativa para ação trans]”.

“Soros me lembra Magneto”, disse Elon Musk há algumas semanas, comparando o especulador ao anti-herói da Marvel. “Você supõe que ele tenha boas intenções, mas não é assim. Ele quer corroer o próprio tecido da civilização, Soros odeia a humanidade.”

Lorenza Formicola é ensaísta e publicitária, além de analista do mundo árabe e islâmico. Especialista em islamismo na Europa, concentrou sua pesquisa na radicalização, nas atividades de organizações e estruturas inspiradas na Irmandade Muçulmana e na dinâmica e evolução das redes jihadistas no Ocidente.

© 2023 La Nuova Bussola Quotidiana. Publicado com permissão. Original em italiano: “La famiglia Soros allunga le mani sull'università”.

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