Para manter sua órbita em torno do planeta, a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) precisa que foguetes lançados do solo periodicamente façam um reajuste com impulso de correção de seu movimento, manobra conhecida como reboost. Pela primeira vez, a empresa SpaceX, de Elon Musk, realizou o reajuste na última sexta-feira (8).
O reboost, feito pela espaçonave de carga Dragon, elevou a altitude da ISS em 113 metros em seu apogeu, que é o ponto de maior distância da Terra na órbita, e em 1,13 quilômetro no perigeu, que é o ponto mais próximo. A manobra da Dragon, que envolveu acoplamento à ISS e ação dos propulsores da nave, durou 12 minutos e 30 segundos.
Foi uma “boa demonstração” das capacidades da Dragon, disse Jared Metter, diretor de confiabilidade de voo na SpaceX, em coletiva.
A SpaceX não é a primeira empresa privada a realizar o reajuste de órbita, contudo. A nave Cygnus, pertencente à corporação Northrop Grumman — fabricante de armas e tecnologia militar — foi o primeiro veículo espacial privado a fazer o reboost em junho de 2022. Uma terceira espaçonave que realiza os reajustes é a Progress, da agência espacial estatal russa Roscosmos. No passado, a Roscosmos usava a nave Soyuz. A NASA aposentou sua nave própria em 2011.
Outra tarefa recente da Dragon foi entregar 2,7 toneladas de suprimentos para a ISS, que atua como um laboratório espacial, na última segunda-feira (4). A Dragon foi posta em órbita pelo famoso foguete Falcon 9, que partiu de uma base de lançamentos da NASA na Flórida. Foi a 31ª vez que a SpaceX fez o reabastecimento de suprimentos para a estação.
A ISS já tem quase 25 anos de serviço. A NASA a considera um “trampolim para desenvolver uma economia de órbita baixa no planeta e para os próximos grandes saltos na exploração espacial, incluindo missões Artemis para a Lua e, finalmente, Marte”.
A missão foi de elevar a ISS, mas este é o começo do fim. Dados do reboost serão usados para o veículo de retirada de órbita que a SpaceX foi contratada pela NASA para construir. O veículo terá como meta lançar a ISS desativada — que tem o tamanho de um campo de futebol, com seis quartos — para sua tumba no Oceano Pacífico após 2030. A estação foi projetada para durar até o fim desta década, e já mostra sinais de desgaste na forma de elevação dos custos de manutenção.
O veículo de retirada de órbita será baseado na Dragon, mas bem maior, com três vezes mais propulsores. Ele terá também “uma seção traseira aumentada que vai armazenar tanques com propelentes, motores, equipamento elétrico de aviação, geração de energia e calor projetados especialmente para a missão”, disse Sarah Walker, diretora de administração de missões da Dragon, em coletiva de julho.
A NASA já estuda a substituição da ISS por estações espaciais de natureza comercial. Neste caso, a agência espacial do governo americano ficará livre dos custos e poderá alugar espaço para suas pesquisas. Esse cenário aponta para um possível rompimento de cooperação com a Rússia, que após a invasão da Ucrânia deteriorou suas relações com os Estados Unidos. A NASA se compromete com a parceria na ISS até 2030, mas a Rússia por enquanto só manifestou intenção de continuar a relação até 2028, prometendo uma nova estação espacial própria até 2027.
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