Toda medida tem consequências previstas e imprevistas. Entre as consequências imprevistas dos questionáveis lockdowns está o aumento dos suicídios.| Foto: Pixabay
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Os custos da reação do governo à pandemia de Covid-19 são altos. E há sinais de que eles podem ser mais altos do que se imaginava.

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Uma afiliada da rede ABC na Califórnia conta que médicos do John Muir Medical Center lhes disseram que testemunharam mais mortes por suicídio do que por Covid-19 durante a quarentena.

“Os números são inéditos”, disse o dr. Michael deBoisblanc, se referindo ao aumento nos casos de suicídios.

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"Nunca vimos nada assim num período tão curto”, acrescentou ele. “Digo, tivemos um ano de tentativas de suicídio nas últimas quatro semanas”.

Kacey Hansen, enfermeira que trabalha há 33 anos no hospital, disse que nunca viu tentativas de suicídio nessa escala.

“Nunca vi nada parecido com isso”, disse ela. “Nunca vi tantos ferimentos autoinflingidos”.

Até aqui, há poucos sinais de que os lockdowns reduziram a disseminação da Covid-19. Mas mesmo que houvesse provas de que os lockdowns estavam de fato salvando vidas, seria um erro ignorar as consequências não previstas dos decretos.

Como explicam o economista Antony Davies e o cientista político James Harrigan, “toda ação humana tem consequências previstas e imprevistas. Os seres humanos reagem a todas as regras, regulamentações e decretos do governo e suas reações resultam em consequências que podem ser bem diferentes daquelas que os legisladores previam”.

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Os problemas com as consequências negativas imprevistas são dois.

Primeiro, como observou Ludwig von Mises, toda intervenção governamental nos mercados gera consequências imprevistas que geralmente levam a mais pedidos de intervenções governamentais com mais consequências imprevistas, e assim por diante. Em segundo lugar, como apontou Frédéric Bastiat, tendemos a nos ater mais às consequências previstas do que às imprevistas. (Como, por exemplo, na relação entre a ajuda governamental e a armadilha da pobreza).

As consequências imprevistas da pandemia de Covid-19 são graves. Boa parte da atenção, contudo, está voltada para a economia. Quarenta milhões de postos de trabalho perdidos nos Estados Unidos. Uma iminente recessão. Centenas de milhares de empresas  destruídas e aposentadorias arruinadas.

As consequências imprevistas dos decretos de lockdown, tanto as psicológicas quanto as fisiológicas, não têm chamado tanto a atenção. A imprensa está obcecada pela Covid-19, noticiando diariamente a contagem de mortos e casos nos estados que estão afrouxando as restrições (sem perceber que os casos de Covid-19 nesses estados estão aumentando por causa do aumento na quantidade de exames).

Claro que mensurar o impacto das medidas na saúde mental da população é mais difícil do que mensurar as fatalidades ou os empregos perdidos por causa da Covid-19. Mas isso não é motivo para ignorar o impacto psicológico e fisiológico dos lockdowns, sobretudo quando há sinais de que o custo disso será alto.

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Uma reportagem recente do Wall Street Journal mostra um aumento nas pessoas que usaram drogas contra ansiedade e insônia, levando médicos a alertarem para os riscos desses remédios, no longo prazo, que vão desde o vício até uso exagerado.

Decretos de lockdown parecem relativamente benignos, mas não são. A ciência demonstra que os seres humanos têm dificuldades em viver isolados uns dos outros.

Como contou o New York Times em 2016, o isolamento social não é só prejudicial. Ele é fatal.

Uma onda de novas pesquisas sugere que o isolamento social é ruim para nós. Indivíduos com menos interações sociais têm padrões de sono irregulares, sistemas imunológicos comprometidos, mais inflamações e níveis mais altos de hormônios relacionados ao estresse. Um estudo recente descobriu que o isolamento aumenta o risco de ataques cardíacos em 29% e o risco de derrames em 32%.

Outra análise que computou dados de 70 estudos com 3,4 milhões de pessoas descobriu que indivíduos socialmente isolados tinham um risco 30% maior de morrer nos próximos sete anos e que esse efeito é maior nas pessoas de meia-idade.

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A solidão pode acelerar o declínio cognitivo em adultos mais velhos. Indivíduos isolados têm duas vezes mais chance de morrer prematuramente em comparação aos que têm interações sociais mais robustas. Esses efeitos começam cedo: crianças socialmente isoladas apresentam uma saúde consistentemente pior aos 20 anos, mesmo quando se leva em conta outros fatores. No final das contas, a solidão é um fator de risco importante para a morte precoce, tanto quanto a obesidade e o hábito de fumar.

Provas testemunhais, como as palavras dos médicos do John Muir Medical Center, e o aumento de chamadas para os serviços de atendimento aos suicidas em todo o país sugerem que o custo mental dos lockdowns pode ser tão alto quanto o econômico. (Na verdade, os dois estão relacionados).

Temos meses ou anos para debatermos se os lockdowns foram ou não eficientes e a medida mais acertada. O importante é lembrar que os decretos trazem consigo várias consequências imprevistas que não começamos nem mesmo a mensurar ou compreender.

NO caso do dr. DeBoisblanc, ele já viu o bastante para se convencer de que está na hora de revogar os decretos de lockdown e de deixar que as pessoas voltem para suas comunidades.

"Pessoalmente, acho que já está na hora”, disse. “Acho que, no começo, isso foi feito para achatar a curva e garantir que os hospitais tivessem recursos para cuidar dos pacientes com Covid-19. Temos os recursos para fazer isso e a saúde da nossa comunidade está em perigo”.

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Jonathan Miltimore é editor do FEE.org.

© 2020 FEE. Publicado com permissão. Original em inglês
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