Há três anos, sempre que eu conhecia profissionais ambiciosos e bem relacionados no auge de suas carreiras, todos estavam trabalhando em esquemas de investimento vinculados à tecnologia verde. Hoje, essas mesmas pessoas estão falando sobre a relocalização da manufatura.
É um lembrete de quão rápido o capital humano e financeiro pode mudar em resposta à promessa de generosidade do governo. A corrida por dólares verdes e relocalização ilustra um padrão familiar: os subsídios geralmente acabam enriquecendo alguns poucos bem relacionados, em vez do público mais amplo que eles deveriam ajudar.
Tanto Donald Trump quanto Joe Biden buscaram reformular a economia americana. Enquanto Biden tentou impulsionar a manufatura por meio da tecnologia verde, Trump propõe repatriar as fábricas para os Estados Unidos.
A agenda verde de Biden surgiu de boas intenções: tornar a economia mais sustentável, menos prejudicial ao meio ambiente e mais resiliente às mudanças climáticas. Sua assinatura, a Lei de Redução da Inflação, canalizou bilhões para créditos fiscais para energia renovável e estilos de vida de baixa emissão, traçou planos para uma rede nacional de recarga de veículos elétricos e impôs tarifas de até 100% sobre veículos elétricos chineses.
Apesar de avanços na produção de painéis solares, esses produtos ainda são caros, e a dependência de insumos estrangeiros persiste. Além disso, apenas 69 estações de recarga foram construídas e as montadoras enfrentam prejuízos com a baixa demanda por veículos elétricos. O emprego na indústria também não apresentou avanço significativo.
Os defensores da agenda de Biden culpam a influência de interesses corporativos e a burocracia pelo insucesso. No entanto, a abordagem de Biden redirecionou amplamente os recursos para usos improdutivos, ao mesmo tempo em que alimentava a inflação e contribuía para taxas de juros mais altas, o que, por sua vez, afastava soluções mais orientadas ao mercado.
Agora, Trump tenta uma abordagem semelhante, mas com foco na repatriação da manufatura. Seu argumento é válido: os EUA são excessivamente dependentes de fornecedores estrangeiros para produtos essenciais, como insumos farmacêuticos e tecnologia de defesa. No entanto, reduzir a dependência da China não significa necessariamente internalizar toda a produção, mas sim diversificar parceiros comerciais.
A nova administração, contudo, expandiu essa iniciativa, impondo restrições também a produtos vindos de aliados como Canadá, México e União Europeia. As tarifas de Trump, assim como os subsídios de Biden, interferem no livre mercado e impõem custos indiretos à população. Indústrias protegidas da concorrência internacional acabam recebendo subsídios disfarçados, financiados pelos consumidores americanos.
Assim como na agenda de Biden, o risco é de mais fracassos. Embora a política industrial de Trump possa criar alguns empregos na indústria, a mudança da economia americana para longe da produção doméstica foi estrutural, o resultado de mudanças de longa duração na força de trabalho e na tecnologia que nem tarifas nem subsídios podem reverter. Países estrangeiros têm uma vantagem comparativa quando se trata de fabricar certos bens, como semicondutores e iPhones, enquanto a economia dos EUA tem uma vantagem em muitos serviços. É por isso que os empregos foram transferidos para o exterior.
Quaisquer que sejam as expectativas, o protecionismo é uma ferramenta ruim para remodelar as habilidades e a composição da força de trabalho dos EUA. Considere a Lei Jones de 1920, que exige que todos os navios que transportam mercadorias entre portos dos EUA sejam construídos na América, de propriedade e tripulados por cidadãos dos EUA e registrados sob a bandeira dos EUA. Destinada a proteger a indústria de construção naval doméstica — especialmente por razões de segurança nacional — a lei, em vez disso, fomentou um setor pequeno e ineficiente protegido da concorrência. Com pouco incentivo para inovar, a construção naval dos EUA estagnou. Um grupo restrito de empresas se beneficia; todos os outros pagam o preço.
Se a meta é gerar empregos de qualidade e tornar os EUA mais resilientes, a administração Trump deveria considerar as falhas da política de Biden. Algumas iniciativas de repatriação podem ser justificadas por questões de segurança nacional, como na área de tecnologia de defesa. No entanto, uma agenda ampla de relocalização industrial pode reduzir a competitividade e a eficiência das indústrias americanas, beneficiando apenas empresas com maior influência política.
Allison Schrager é pesquisadora sênior do Manhattan Institute e editora colaboradora do City Journal.
©2025 City Journal. Publicado com permissão. Original em inglês: Will Tariffs Make the U.S. Less Competitive?