Você pode ter ouvido a frase: “os ricos ficam mais ricos e os pobres ficam mais pobres”.
Sim, é verdade que os ricos (tendem a) ficam mais ricos, mas os pobres ficam mais ricos também – especialmente se olharmos para um período de décadas ou mais, e se focarmos em pessoas que vivem em países onde os governos aderem a um respeito básico pelo Estado de Direito e pelos direitos de propriedade.
Considere: Mesmo aqueles que seriam chamados de “pobres” na Europa de hoje ou nos Estados Unidos têm um padrão de vida que surpreenderia os nobres entretidos na Corte de Versalhes de Luís XIV (que viveu de 1638 a 1715). Esqueça os jatos particulares, o ar-condicionado, a televisão, o Wi-Fi ou os elevadores automáticos: os hóspedes do famoso Rei Sol nem tinham banheiros com descarga, o que supostamente causava sérios problemas em festas muito frequentadas. Nutrição e cuidados médicos também não eram os melhores: das seis crianças que Louis XIV teve com sua primeira esposa, apenas uma sobreviveu até a idade adulta, e até ele morreu (aos 49 anos) antes de seu pai, de tal forma que (por causa de outras mortes prematuras) a coroa passou para o bisneto de cinco anos de Luís XIV, após a sua própria morte.
Capitalismo e Estagnação Econômica
"Ok, claro", você pode ouvir. “Inventores fazem descobertas de vez em quando, então ao longo dos séculos isso se acumula e até pessoas comuns ficam mais ricas. Isso é apenas o funcionamento da ciência e da tecnologia. Mas eu estou falando sobre o processo econômico sob o capitalismo não regulamentado, que é caracterizado pela estagnação para a maioria dos participantes ”.
Na verdade, esse resumo entende as coisas ao contrário. Durante a maior parte da história registrada, os seres humanos tiveram um aumento de padrão de vida muito lento, mas o progresso material de repente explodiu:
Como o gráfico deixa claro, nossos padrões de vida atuais vis-à-vis os nobres no Palácio de Versalhes não se devem apenas a invenções tecnológicas; o progresso nos últimos séculos é literalmente sem precedentes. Em uma coluna de 2016 do New York Times, a historiadora de Economia Deirdre McCloskey explica o assombroso aumento do crescimento econômico assim:
“[Uma] mera ideia, que o filósofo e economista Adam Smith chamou de “o plano liberal de igualdade, liberdade e justiça”. Em uma palavra, foi o liberalismo, no sentido europeu de livre mercado. Dê às massas de pessoas comuns igualdade perante à lei e a igualdade da dignidade social, e deixe-as em paz, e acontece que elas se tornam extraordinariamente criativas e energéticas.”
O problema da desigualdade
“Sim”, você pode ouvir, “sabemos que o socialismo não funciona e que a abordagem capitalista moderna incentiva as pessoas a construir e manter grandes fortunas. Mas esses números "per capita" escondem as enormes desigualdades em um sistema amplamente não regulado. O capitalismo é ótimo na produção, mas não na distribuição justa ”.
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Mais uma vez, essa é uma leitura equivocada do registro histórico. Foram precisamente as “classes mais baixas” que mais se beneficiaram do progresso econômico desencadeado na chamada Revolução Industrial e além dela. Sim, os "capitães da indústria" tornaram-se pessoalmente bastante ricos, mas a ascensão das grandes empresas beneficiou principalmente a classe trabalhadora. Afinal, os titãs da indústria se engajaram na “produção em massa” para vender produtos para… as massas.
Nos Estados Unidos, por exemplo, durante os “Roaring 20s” – e sob a administração do laissez-faire de Calvin Coolidge – os lares americanos regulares viram uma melhoria fantástica em sua qualidade de vida. Gene Smiley explica: “A chave para grande parte desse crescimento foi o uso disseminado de eletricidade gerada comercialmente”, que por sua vez permitiu que consumidores médios obtivessem “refrigeradores, fonógrafos, ferros elétricos, ventiladores elétricos, iluminação elétrica, torradeiras, aspiradores de pó e outros eletrodomésticos.” (Gene Smiley, Repensando a Grande Depressão (Chicago: Ivan R. Dee, 2002), pp. 5-6.)
Capitalismo e exploração
“Certo, pode ter havido essa mudança quando as famílias regulares não tinham as coisas que agora tomamos como garantidas. Mas na história mais recente, as forças do liberalismo desenfreado estão realmente prejudicando os mais vulneráveis. Talvez não nos Estados Unidos e outros países avançados, mas certamente nos países mais pobres que são frequentemente explorados em assuntos internacionais.”
Pelo contrário, isso também inverte os fatos. Como o Banco Mundial relata, a taxa global de “pobreza extrema” (definida como pessoas vivendo com menos de US$ 1,90 por dia) foi reduzida à metade de 1990 a 2010. Em 1990, 1,85 bilhão de pessoas viviam em extrema pobreza, mas até 2013, o número caiu para 767 milhões, o que significa que o número de pessoas vivendo com menos de US$ 1,90 por dia caiu em mais de um bilhão de pessoas.
O quadro a seguir resume o progresso geral da humanidade na redução do problema da pobreza extrema:
É claro, ainda há trabalho a ser feito nessa questão, mas a disseminação de instituições de mercado (às vezes desacreditadas como “neoliberalismo” e “globalização”) caminham lado a lado com aumentos rápidos e sem precedentes no bem-estar humano, mesmo para os mais pobres entre nós.
©2018 Foundation for Economic Education. Publicado com permissão. Original em inglês