Todos nós estamos tentando nos acostumar ao “novo normal”. Para alguns, isso talvez signifique que sua empresa tenha decidido instaurar o home office até 2021. Ou signifique alterar a maior parte das suas consultas médicas para usar a telemedicina ou então aumentar a quantidade de serviços realizados por delivery.
Muitos aspectos das nossas vidas mudaram drasticamente por causa da pandemia de Covid-19. Algumas mudanças foram para melhor, mas muitas delas não podem ser mantidas no longo prazo. Uma área na qual o “novo normal” fracassou foi a educação virtual que muitos distritos estão usando. Manter os alunos diante de um computador e longe da socialização da sala de aula não está funcionando para os alunos ou pais.
Como pai de uma aluna da pré-escola, tenho enfrentado as mesmas dificuldades de tantos outros pais que tentam ajudar as crianças com o aprendizado virtual. Essa mudança para a educação virtual é incrivelmente difícil para os mais novos, que merecem ter acesso à educação presencial, e para os pais ou guardiões deles, que têm de agir como babás e ao mesmo tempo lidar com sua própria rotina de trabalho.
A educação virtual está causando um forte impacto sobre a capacidade de retomada da economia. Durante uma audiência recente organizada pelo Comitê Econômico Misto, do qual faço parte como deputado republicano, perguntei ao economista Austan Goolsbee se o fechamento das escolas e creches é uma barreira para nosso crescimento econômico. Ele respondeu: “100%”.
Em todo o país, a taxa de desemprego se mantém acima dos recordes de baixa registrados no começo deste ano. Setores inteiros ainda não conseguiram reabrir com segurança ou voltar à capacidade total. Sem as escolas funcionando, muitos pais, sobretudo os mais pobres, não conseguem voltar para seus empregos em tempo integral.
Hoje, pais pobres estão mais temerosos de que seus filhos fiquem para trás dos filhos dos ricos. Os pais que contam com a sorte de poderem trabalhar em casa se veem num problema sem solução: como trabalhar e ao mesmo tempo cuidar das crianças.
A volta do aprendizado presencial deveria ser uma prioridade nacional, uma vez que muitos pais não conseguem ficar em casa e ajudar seus filhos no aprendizado online.
Apenas 16,2% dos hispânicos e 19,7% dos negros conseguem trabalhar remotamente, o que praticamente impossibilita que muitos pais fiquem em casa todos os dias. Muitas mães também estão sendo obrigadas a escolher entre o emprego e a educação dos filhos.
Não podemos esperar que os pais se adaptem a esse novo normal, no qual as escolhas se resumem a sustentar financeiramente a família ou ajudar os filhos que tentam aprender online.
Outro estudo recente mostra que 14% dos lares com crianças sofriam de insegurança alimentar em 2018, bem antes da pandemia. Hoje, as crianças que dependem da alimentação nas escolas não conseguem se alimentar em várias comunidades pelo país.
Mas há motivo para otimismo. Algumas escolas conseguiram voltar às atividades em segurança – não apenas em relação a seus alunos, mas também professores. Apenas uma semana depois de minha filha começar a alternar o aprendizado virtual e presencial, notei uma profunda diferença na felicidade dela por estar com seus coleguinhas.
Estamos entusiasmados com a ideia de o governo distribuir 150 milhões de testes rápidos para os estados. Os estados devem disponibilizar esses testes, como prioridade, para as escolas, a fim de proteger alunos e educadores.
Se as escolas continuarem fechadas, teremos graves consequências de longo prazo. Ainda que não tenhamos uma previsão segura dos danos sociais causados pela Covid-19, nossa prioridade deveria ser garantir que não continuaremos a prejudicar nosso país fechando a economia.
As crianças precisam poder voltar a seus ambientes de aprendizado pré-Covid-19 imediatamente, a fim de garantir que somos capazes de educar nossos jovens e apoiar nossa força de trabalho financeira e mentalmente.
Mesmo em meio às nossas diferenças, todos os norte-americanos esperam voltar ao normal depois da pandemia mundial. Muitos de nós jamais passaram por algo assim e, ainda que já tenhamos superado muitos dos obstáculos impostos pelo ano de 2020, a reabertura das escolas dos Estados Unidos é o passo mais importante que temos que dar.
*O deputado republicano David Schweikert representa o 6º. Distrito do Arizona. Ele é membro do Comitê de Finanças da Câmara.
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