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"The Chosen" (Os escolhidos), uma série original sobre a vida de Jesus, faz sucesso com um público cada vez maior. Devido ao seu financiamento peculiar, foi divulgado apenas por meio de um aplicativo para dispositivos móveis e no site do projeto [no Brasil está disponível para quem assina a Universal+, dentro da Globoplay].
Esta produção do Angel Studios sobre Jesus de Nazaré e seus primeiros seguidores alcançou 420 milhões de visualizações na Internet em suas duas primeiras temporadas por espectadores de 140 países e 56 idiomas. Tudo isso, totalmente financiado com uma ousada operação de financiamento coletivo, que tem permitido aos produtores uma ampla independência criativa. E assim eles querem continuar até completar as sete temporadas inicialmente planejadas, com um total de mais de 50 episódios.
"Quebrando paradigmas"
“Quando você faz um filme ou uma série para outros, você tem que seguir as regras deles. A regra de ouro na Bíblia é uma e em Hollywood é outra. Quem tem o ouro define as regras. Aqui as regras são estabelecidas por nós e, sim, estamos quebrando paradigmas”. Assim nos contou Dallas Jenkins, o criador, diretor e co-roteirista de "The Chosen", durante as filmagens da terceira temporada da série, no verão passado no Texas. Em 2000, quando tinha 25 anos, este cristão evangélico, casado e pai de quatro filhos, começou com sua mãe, Dianna, produtora da Jenkins Entertainment. Seu primeiro filme foi "Hometown Legend", de James Anderson, que foi distribuído pela Warner Brothers.
Jenkins foi membro da equipe de liderança da Harvest Bible Chapel, onde atuou como diretor executivo da Vertical Church Media. Depois de dirigir dois curtas-metragens, Jenkins estreou no cinema em 2006 com 'Midnight Clear', baseado em um conto escrito por seu pai, o romancista Jerri B. Jenkins, conhecido por sua saga 'Deixados para Trás' [lançados no Brasil pela editora Thomas Nelson], que já vendeu 60 milhões de cópias.
"Acho que 'The Chosen' oferece uma oportunidade de se aproximar de Jesus não apenas como Deus, mas também como homem"
Dallas Jenkins, criador da série
Em 2010, Jenkins dirigiu o 'What If…', sobre um empresário a quem um anjo mostra como sua vida poderia ter sido se ele tivesse seguido o chamado de Deus. Ele então produziu 'The Ride' (2012) e 'Once We Were Slaves / The Two Thieves' (2014). E em 2017, ele fez parceria com a Blumhouse Productions e a Warner Bros. Films para produzir e dirigir 'The Resurrection of Gavin Stone', um drama cristão, que foi seu maior fracasso profissional. E então seu caminho se cruzou com o da produtora VidAngel, hoje Angel Studios.
O lado humano da história
“Acho que The Chosen dá a oportunidade de se aproximar de Jesus não apenas como Deus, mas também como homem, e não apenas de seus discípulos, mas também de seus inimigos. Também os tratamos como seres humanos. Mesmo que você não seja um crente, você pode valorizar a verdade histórica de Jesus, seus seguidores e seu tempo. Também, com um estilo bem europeu, filmado com câmera de mão, mas ambientado no século I”, diz Jenkins.
Segundo muitos, essa abordagem humanizadora é uma das chaves para o sucesso da série. "Essa era a beleza da maneira de pregar de Jesus", afirma Jenkins. "Ele não veio à Terra e disse: 'Esta é a verdade!' Ele falava cara a cara com as pessoas e compartilhava as coisas que importavam para elas. Queríamos refletir tudo isso.”
Outro ponto de atração para o público é o papel relevante que a série confere a muitas mulheres: a Virgem Maria, Maria Madalena, a esposa de Pedro, Tamar, a samaritana… "Sabemos que Jesus se revelou publicamente como o Messias a um mulher, a mulher samaritana junto ao poço. E sabemos que outra mulher, Maria Madalena, foi a primeira pessoa a quem ele apareceu depois de ressuscitar. Parece-nos autêntico, verdadeiro e fiel mostrar o grande papel da mulher no seu ministério. Ele também tratava as mulheres de maneira diferente, não da maneira como a cultura da época as tratava."
A abordagem peculiar de 'The Chosen' é complementada por suas piadas cômicas eficazes. "O senso de humor desempenha um grande papel na série e na minha vida", diz Jenkins. Acho que o humor torna as pessoas mais humanas. Quando você vê Jesus, os discípulos ou os fariseus fazendo algo engraçado, a relação entre eles é mais real. Se te provoco é porque confio em ti, porque sei que a nossa relação aguenta. Quando Jesus hesita com alguém, ou brinca com eles, ou pisca para eles, o público pensa: 'Sim, eram humanos. Eu gosto de ver essas coisas. Eu também interajo assim com as pessoas". E isso automaticamente faz alguém que vê 'The Chosen' pensar: 'Sim, essas são histórias bíblicas, mas essas pessoas eram humanas. Acho que saber que ele era humano e tinha amigos com quem se relacionava como nós ajuda a amar Jesus ainda mais.”