Solto depois de ter a sentença reduzida, Sudesh Amman esfaqueou duas pessoas em Londres.| Foto: AFP
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O sistema de justiça criminal britânico mais uma vez expôs sua frivolidade complicada e cerimoniosa. Essa frivolidade tem consequências sérias não apenas por seus efeitos imediatos na taxa de criminalidade do Reino Unido mas também porque ela põe em dúvida a legitimidade do Estado, cujo principal dever é manter a ordem a fim de garantir a segurança dos cidadãos que vivem dentro da lei.

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Um jovem chamado Sudesh Amman foi solto da prisão depois de cumprir uma sentença de 3 anos e 4 meses por distribuir panfletos jihadistas. No Reino Unido, essa progressão de pena é automática, o que transforma todos os juízes em mentirosos. Porque quando um juiz diz “eu o condeno a três anos de prisão” o que ele está realmente dizendo é “Eu o condeno a 18 meses de prisão” – e ele sabe muito bem disso.

A única coisa que pode ser dita em favor de Amman é que ele não negou nem disfarçou sua intenção de cometer um ato terrorista depois de deixar a prisão. As autoridades sabiam muito bem disso. Na verdade, ele foi colocado sob vigilância policial intensa logo depois de solto.

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Portanto, quando ele atacou pedestres numa rua do sul de Londres com uma faca, ferindo duas pessoas, uma delas gravemente, dois dias depois de ganhar a liberdade, a polícia estava de prontidão para matá-lo antes que ele causasse mais estragos.

Com uma mira certeira, a imprensa fez a pergunta errada: “O terrorista era conhecido”, disse o Guardian. “Como ele pôde ter sido solto?” Essa pergunta, claro, culpa implicitamente a polícia por não ter feito o inerentemente impossível – já que nenhum nível de vigilância que não a prisão ou o acompanhamento constante seria capaz de proteger totalmente o cidadão de um homem determinado a empunhar uma faca.

A pergunta equivocada pretende, em resumo, impedir que se perceba o absurdo do sistema de justiça criminal do Reino Unido depois de décadas servindo aos interesses dos progressistas penais. Porque a forma de se lidar com Amman foi diferente da usada no caso de todos os criminosos reincidentes ou violentos. E, por pior que a violência do terrorismo seja, o cidadão britânico tem muito mais chance de ser vítima de um crime violento comum do que de terrorismo.

Assim, o anúncio feito pelo primeiro-ministro Boris Johnson de que as leis quanto à condenação de terroristas serão endurecidas, embora acertado em si, merece ser recebido com um entusiasmo contido. Apesar de ser a medida certa, ela não basta. Na verdade, ao se ater ao que continua sendo um problema incomum e ignorar um problema mais rotineiro, a medida talvez seja um desserviço.

Mas será difícil aplicar o bom senso à justiça criminal do Reino Unido, porque nela o sentimentalismo já contaminou as mentes da intelligentsia e da elite em geral. O pai do último homem assassinado por um terrorista recentemente solto da prisão – o que aconteceu há poucas semanas – disse que ele esperava que a morte do filho não fosse usada como argumento para se aplicar sentenças mais duras contra terroristas. É para rir ou para chorar?

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Theodore Dalrymple é editor colaborador do City Journal, ocupa a cadeira Dietrich Weismann no Instituto Manhattan e é autor de vários livros.

© 2020 City Journal. Publicado com permissão. Original em inglês
Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]