A ByteDance, empresa controladora do TikTok, ligada ao Partido Comunista Chinês, admitiu nesta semana que usou dados do aplicativo para localizar e espionar vários jornalistas norte-americanos que produziram reportagens sobre a presença do TikTok na China. A informação é da revista Forbes. Embora a ByteDance tenha interpretado isso como um incidente isolado realizado sem permissão por funcionários ímprobos, o relatório da Forbes indica o contrário.
A notícia revela que o TikTok divulgou continuamente informações falsas sobre sua campanha de espionagem para o público e em pelo menos uma reunião com funcionários do Congresso dos Estados Unidos neste ano. Ninguém no TikTok renunciou ou foi demitido após a admissão do ocorrido.
A espionagem envolveu o monitoramento das localizações de Emily Baker-White, Katherine Schwab e Richard Nieva, da Forbes, além de Cristina Criddle, do Financial Times, com o objetivo de identificar os funcionários do TikTok que vazaram informações para esses jornalistas.
A liderança da ByteDance enviou e-mails para os colaboradores na quinta-feira, alegando que quatro funcionários — dois nos EUA e dois na China — tentaram identificar os membros da equipe responsáveis pelos vazamentos, que revelaram que os funcionários da China poderiam acessar os dados dos usuários norte-americanos. Anteriormente, o TikTok havia afirmado que tal acesso aos dados dos EUA a partir da China era impossível.
Embora os e-mails dos executivos da ByteDance, incluindo do CEO Rubo Liang, afirmassem que apenas quatro ex-funcionários eram responsáveis por vigiar os jornalistas norte-americanos, a reportagem da Forbes indica que, de fato, líderes da ByteDance também estavam cientes da campanha de espionagem.
A porta-voz da empresa, Jennifer Banks, declarou à Forbes que a investigação constatou que a ByteDance teria investigado apenas Baker-White, mas documentos internos da publicação provam que Schwab e Nieva também foram espionados.
A porta-voz também afirmou que a chefe de conformidade legal global da ByteDance, Catherine Razzano, só soube da campanha de espionagem no final de outubro – mas segundo a Forbes Razzano estava ciente disso antes dessa época. Além disso, a espionagem envolveu o chefe do departamento de segurança e privacidade da empresa, além de Razzano.
De acordo com a Forbes, ByteDance iniciou a campanha de espionagem depois que Baker-White fez uma reportagem para o BuzzFeed em junho revelando que funcionários da China podem acessar dados de usuários dos EUA.
Enquanto a Forbes informou em outubro que a ByteDance planejava monitorar a localização dos usuários dos EUA, o TikTok negou as alegações de modo veemente – e falso – em público e também a portas fechadas durante pelo menos uma reunião com funcionários do Congresso.
Após a matéria de outubro, o TikTok escreveu no Twitter alegando que as reportagens da Forbes “continuam carecendo de rigor e integridade jornalística”. Os tuítes afirmavam, falsamente, que “o TikTok nunca teve por ‘alvo’ nenhum membro do governo dos EUA, atividades, figuras públicas ou jornalistas”.
A equipe do TikTok também fez declarações falsas sobre a capacidade dos funcionários da China de espionar os usuários do aplicativo nos EUA em uma reunião em setembro com a equipe do Congresso, de acordo com dois parlamentares do Partido Republicano, James Comer e Cathy McMorris Rodgers. No próximo Congresso, eles devem lançar sondagens sobre o TikTok como os prováveis próximos presidentes do Comitê de Supervisão e do Comitê de Energia e Comércio, respectivamente.
Após o relatório da Forbes em outubro, eles escreveram uma carta ao CEO do TikTok, Shou Chew, afirmando que aparentemente “a empresa compartilhou informações potencialmente falsas ou enganosas com a equipe bipartidária do Comitê”, uma vez que o TikTok alegou na reunião que os funcionários na China não podiam acessar dados de localização de usuários dos EUA.
As revelações desta semana provavelmente estimularão mais ações do Congresso – além da esperada aprovação de um projeto de lei para banir o aplicativo de dispositivos governamentais – e potencialmente moldar as negociações do governo Biden com a liderança do TikTok em relação ao futuro da empresa nos EUA. No início deste mês, os deputados Mike Gallagher e Raja Krishnamoorthi e o senador Marco Rubio apresentaram um projeto de lei que proibiria o TikTok e a ByteDance de operar no país.
Alguns legisladores democratas que apoiaram o banimento do TikTok de dispositivos governamentais já haviam se preocupado com o fato de que a nova proposta bipartidária de banimento total prejudicaria as negociações em andamento do governo Biden com o TikTok. Essas negociações podem resultar em um acordo de segurança de dados que potencialmente permitiria que o aplicativo permanecesse nos EUA.
O senador Mark Warner, presidente democrata do Comitê de Inteligência do Senado, disse anteriormente que provavelmente esperaria que o governo agisse antes de apoiar a proposta de Rubio. À luz das revelações de ontem, no entanto, isso parece ter mudado. Ele indicou em uma declaração à Forbes que sua paciência está se esgotando:
“Este novo desenvolvimento reforça as sérias preocupações de que a plataforma de mídia social permitiu que engenheiros e executivos do TikTok na República Popular da China acessassem repetidamente dados privados de usuários dos EUA, apesar das repetidas alegações feitas a parlamentares e usuários de que esses dados estavam protegidos. O Departamento de Justiça também tem prometido há mais de um ano que está procurando maneiras de proteger os dados dos usuários dos EUA da Bytedance e do Partido Comunista Chinês – é hora de apresentar essa solução ou o Congresso poderá ser forçado a intervir em breve.”
©2022 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.
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