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Poucas pessoas sabem que a vacina contra a Covid-19 da Moderna – que o FDA [órgão norte-americano semelhante à nossa Anvisa] avaliou como “extremamente eficiente" e que agora está sendo distribuída aos norte-americanos – na verdade estava disponível há quase um ano.
Mas o governo não deixou que você a usasse.
A vacina, um triunfo da medicina conhecido como mRNA-1273, foi criada num único fim de semana, apenas dois dias depois de os pesquisadores chineses publicarem o código genético do vírus, em 11 de janeiro de 2020.
Durante toda a pandemia, enquanto centenas de milhares morriam e a economia mundial era dizimada pelos lockdowns, essa vacina extremamente eficiente esteve disponível.
Mas o governo proibia você, e todas as pessoas que morreram, de tomá-la.
Há quem diga que o FDA "salva vidas” freando as inovações na área de saúde com suas exigências de estudos clínicos que duram anos e até décadas, e custam bilhões.
O contraponto, aqui, é óbvio: quantas vidas o FDA sacrificou nesse meio-tempo?
No caso da Covid-19, sabemos a resposta: até aqui, mais de 300 mil mortes só nos Estados Unidos.
Burocracia
Mas então por que a vacina foi atrasada em quase um ano? Porque o FDA proíbe estudos clínicos rápidos, nos quais os voluntários tomam a vacina e são expostos ao vírus no laboratório, em vez de terem de esperar meses para descobrir quantos pegaram o vírus “naturalmente”.
Esses estudos teriam provado a eficiência da vacina numa questão de semanas. Mas o FDA considera o risco imposto aos voluntários alto demais.
Por quê? Por que centenas de milhares de mortes “naturais” causadas por uma doença contagiosa são consideradas aceitáveis pelo FDA— enquanto a possibilidade remota de uma ou duas mortes, no pior dos cenários, entre voluntários esclarecidos não é aceitável?
Não há uma resposta racional para isso. A verdade trágica é que somos controlados por uma burocracia médica covarde que prefere permitir que centenas de milhares de pessoas morram a encararem qualquer crítica em potencial por permitir um estudo acelerado da vacina.
Numa sociedade livre, assim que a vacina fosse criada, voluntários teriam permissão para participar destes testes. Os testes seriam realizados ou pela indústria farmacêutica ou por especialistas independentes, a fim de eliminar quaisquer desconfianças quanto aos resultados.
O primeiro grupo de voluntários seria vacinado e, depois, exposto ao vírus. Se a vacina parecesse segura e eficiente, então um grupo maior seria vacinado.
À medida que os testes em cada um dos grupos se provassem bem-sucedidos, a quantidade de voluntários aumentaria. Semana a semana os grupos aumentariam, até que, depois de alguns meses – em vez do método “natural” do FDA, que consumiu quase um ano – os resultados seriam definitivos e os testes estariam concluídos.
Isso significa que, em março ou abril de 2020 — época da primeira onda de Covid-19 e lockdowns nos Estados Unidos — podíamos ter vivido uma vacinação em massa que resultasse em imunidade do rebanho, acabando com a pandemia no nascedouro.
Mas esse caminho só seria possível numa sociedade livre.
Em vez disso, temos o FDA, que conta com o apoio da força governamental, para ditar as políticas sanitárias e adiar o processo de testes por quase um ano, enquanto a morte e a destruição econômica reinavam.
Sociedade livre
Numa sociedade livre, teríamos um governo mínimo – um governo que daria liberdade às pessoas e que existiria apenas para proteger os direitos delas contra a força física e as fraudes.
Um governo mínimo não teria um FDA para retardar o progresso médico. As indústrias farmacêuticas seriam livres para inventar novos tratamentos o mais rápido possível e os consumidores seriam livres para testá-los voluntariamente –protegidos por ações civis e criminais que têm por objetivo punir qualquer empresa que lhe cause dano ou que esteja empenhada em esquemas fraudulentos.
Sem qualquer burocracia lenta, corporativista e que retarda as inovações.
É quase uma tautologia, mas vale fazer a observação neste contexto: as pessoas, uma vez livres, por definição agirão da forma que consideram a melhor. Se elas pudessem fazer o que considerassem o melhor, voluntários teriam provado a segurança e eficiência da vacina da Moderna em abril de 2020, pondo fim à pandemia
Por outro lado, um governo – entidade definida pelo monopólio no uso da força — é capaz apenas de interferir na ação livre das pessoas. Ele é capaz apenas de impedir que os indivíduos façam o que consideram o melhor e de obrigar os indivíduos a fazerem o que eles não consideram o melhor.
No caso da pandemia de Covid-19, o governo fez as duas coisas: (a) usou sua força, por meio do FDA, para impedir as pessoas de usarem voluntariamente uma vacina extremamente eficiente que existia antes do início da pandemia e (b) obrigou as pessoas a agirem de formas que elas não consideravam as melhores – como fechar seus negócios.
Como resultado, a economia foi devastada de um jeito que levará anos, se não décadas, para se recuperar, e centenas de milhares de norte-americanos foram obrigados a ficar sentados, esperando e morrendo.
Philip Steele é escritor e professor.