Pela primeira vez na minha vida, deixei de torcer para um time norte-americano. Seja qual for o esporte, sempre torci pelos norte-americanos. E, se as pessoas que ligaram para meu programa de rádio representam o público em geral, milhões de norte-americanos tomaram a mesma e triste decisão.
É difícil que pessoas como eu não torçam para uma seleção norte-americana. Mas a falastrona Megan Rapinoe, estrela do time, e suas companheiras, me impediram de torcer para elas.
A seleção feminina de futebol dos Estados Unidos caiu em desgraça. As jogadoras ou se acovardaram, submissas a Rapinoe, ou concordaram (pelo menos jamais discordaram) com os ataques dela ao Presidente, sua referência à Casa Branca como “a Casa Branca do c*&%alho”, sua recusa, desde de 2016, de participar do hino nacional e seus gritos durante o desfile da equipe em Nova York, dizendo “Nova York, você é a melhor!”
Rapinoe disse: “Todos os membros da seleção com que conversei disseram que não iriam” à Casa Branca.
Arrogante, tola e imoral
Rapinoe é uma ótima jogadora de futebol. Fora isso, ela não impressiona. Ela é arrogante, tola e imoral.
Por que tola? Porque acha que tem algo de importante a dizer ao povo norte-americano e que precisamos lhe dar ouvidos só porque é uma grande jogadora de futebol. Ela não está sozinha nisso. Tom Steyer e outros bilionários pensam o mesmo de si: só porque são bons em ganhar mais dinheiro do que praticamente todo mundo, eles se consideram mais sábios do que quase todo mundo.
Pessoas que se destacam em algo se sentem tentadas a pensarem que são inteligentes em relação a tudo, mas isso quase nunca é verdade. Não há motivo para supor que pessoas que se destacam em alguma coisa (exceto se elas se destacarem justamente pela sabedoria) são mais inteligentes do que as outras. Eis o xis da questão: as pessoas que se consideram sábias porque se destacaram em algo não relacionado à sabedoria são idiotas.
E por que Rapinoe é imoral? Como você chamaria um adulto que usa tantos palavrões em público (sobretudo em eventos esportivos, com crianças presentes ao estádio ou assistindo ao jogo pela televisão)? Ou o fato de ela ser uma estrela – como o também falastrão Robert De Niro — a torna menos imoral?
“Salários iguais por trabalhos iguais”
A seleção norte-americana feminina de futebol está unida num protesto por “salários iguais por trabalhos iguais”. Eles consideram a seleção feminina o exemplo perfeito disso, porque suas jogadoras ganham menos do que os jogadores da seleção masculina – apesar de as mulheres terem um desempenho muito melhor.
Mas eis por que os homens ganham mais. Entre outras coisas – como a opção da seleção feminina por segurança financeira na forma de salários garantidos, e não participação nos lucros – o futebol masculino gera muito mais dinheiro do que o feminino.
De acordo com o Los Angeles Times, “o relatório financeiro de 2018 da FIFA registrou uma renda de US$5,3 bilhões com o torneio masculino na Rússia. (...) A Forbes estimava que a Copa do Mundo de Futebol Feminino gerará algo em torno de US$131 milhões nos quatro anos do ciclo que terminará em 2022”.
Então, a não ser que as pessoas sejam pagas de acordo com seu gênero (como acontece agora na Noruega) e não de acordo com a renda e o lucro, os jogadores homens ganharão mais do que as jogadoras.
Só há duas formas de garantir que homens e mulheres ganhem o mesmo. Uma é juntar todo o dinheiro arrecadado com os dois times e distribuí-lo entre os jogadores, homens e mulheres. A outra é acabar com as equipes baseadas no sexo: homens e mulheres competem para fazer parte de uma única seleção (composta por homens e mulheres) e qualquer mulher que entre para a equipe garante a mesma renda dos homens no time.
A seleção feminina e a esquerda querem uma fatia deste bolo. (A senadora Kirsten Gillibrand, por exemplo, tuitou essa bobagem: “Eis uma ideia: se você ganha de um placar de 13 a 0 — a maior goleada na história das Copas – você deve ganhar ao menos o mesmo que a seleção masculina”). Elas querem que as mulheres tenham times próprios – porque a biologia impede que qualquer mulher dispute competições esportivas com homens — e recebam o mesmo que os homens.
Mas a realidade é que mais pessoas assistem aos jogos de futebol masculino, assim como mais pessoas assistem aos jogos de beisebol das ligas maiores, e não das ligas menores – e é por isso que os jogadores de beisebol das ligas maiores ganham mais. Se aplicássemos a regra do "salários iguais para trabalhos iguais" ao beisebol, os jogadores das ligas menores e maiores receberiam a mesma quantia.
Com a politização da vitória, o discurso cheio de palavrões e o desprezo claro que elas expressam por metade de seus concidadãos, as mulheres da seleção feminina conseguiram se transformar nas queridinhas da esquerda. Mas atraíram o desdém do restante do país, o que é triste. Realmente queríamos amar a seleção.
O que temos aqui é outro exemplo daquele que talvez seja o fato mais importante hoje: a esquerda estraga tudo o que toca.
Dennis Prager é radialista, escritor e colunista conservador.
© 2019 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês