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Transição imediata para energia limpa conteria mudança climática

Turbinas de vento em La Ventosa, comunidade de Juchitan, Estado de Oaxaca, México, em 27 de julho de 2017.  | PATRICIA CASTELLANOS/AFP
Turbinas de vento em La Ventosa, comunidade de Juchitan, Estado de Oaxaca, México, em 27 de julho de 2017.  (Foto: PATRICIA CASTELLANOS/AFP)

Imagine um mundo futurista absurdamente silencioso e limpo, no qual não existem mais motores queimando combustível, 100% movido pela energia do vento, do Sol e da água. Esse mundo seria técnica e economicamente viável já em 2050, dizem pesquisadores americanos — criando 24 milhões de empregos, gastando menos energia do que a que consumimos hoje e evitando milhões de mortes causadas pela poluição. 

As contas que demonstram essa possibilidade, feitas pela equipe de Mark Jacobson, da Universidade Stanford, e seu xará Mark Delucchi, da Universidade da Califórnia em Berkeley, acabam de ser publicadas na revista científica "Joule". Colocando os números no papel, os pesquisadores estimam ainda que essa transição radical em favor das energias limpas seria capaz de evitar que a temperatura global suba mais do que 1,5º C ao longo deste século — uma barreira a partir da qual as mudanças climáticas se tornam consideravelmente mais perigosas. 

É pra já 

Para conseguir esse feito aparentemente hercúleo, bastaria usar em grande escala tecnologias que já estão disponíveis hoje ou que, no máximo, teriam de ganhar escala maior do que a existente em 2017 (caso do aproveitamento da energia das marés, por exemplo). O crucial, porém, é começar agora, diz Jacobson. 

"A transição para 100% WWS [sigla inglesa de "eólica, hidrelétrica e solar"] envolve a substituição dos sistemas atuais que já estão prestes a ser aposentados por instalações do tipo WWS e forçar a aposentadoria precoce dos sistemas poluentes. No segundo caso, inicialmente isso vai levar a um aumento de curto prazo das emissões de gases-estufa [que aquecem o planeta], mas conforme o tempo passa essas emissões caem de uma vez para zero", defende o pesquisador. 

"Além disso, quanto antes fizermos essa transição, mais rápido eliminamos os custos para a saúde ligados às emissões atuais, e esses custos são maiores que os da energia, economizando quantidades enormes de dinheiro apenas graças a isso." 

As usinas de energia eólica em terra firme (com quase um quarto da geração de energia elétrica do planeta projetada para 2050) e as usinas solares (com 21% da geração) seriam os principais pilares dessa mudança gigantesca, estimam os pesquisadores. Cobrir casas e instalações governamentais com painéis solares também ajudaria um bocado.

No modelo proposto, 4% da energia do planeta viria de hidrelétricas, enquanto as opções mais futuristas (turbinas que aproveitam as marés, energia de ondas e usinas geotérmicas), somadas, não chegariam a 1% da matriz energética mundial. 

Se colocado em prática, o plano geraria 24 milhões de empregos líquidos mundo afora — já descontados os petroleiros e mineiros de carvão desempregados no processo ao longo das décadas. E o gasto global de energia acabaria ficando um pouco inferior ao atual graças à eficiência superior de um sistema totalmente elétrico, que não envolve queima de combustíveis, e ao fato de que não seria mais necessário gastar energia para extrair petróleo e carvão do solo e processar esses insumos. 

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