O evento promovido no povoado recém-nomeado “Trump Village”, num ponto remoto da Índia, tinha todas as características de uma grande inauguração: uma cerimônia formal, escolares cantando canções inspiradoras e muitos representantes da mídia nacional e internacional.
Havia apenas um problema: o filantropo indiano que mudou o nome do povoado para homenagear o presidente dos Estados Unidos não tinha autorização para tal. Na realidade, as autoridades haviam pedido à sua organização beneficente várias vezes para desistir da ideia. Mas os avisos foram ignorados.
“Pedimos repetidamente para que não promovessem esse evento, mas eles não nos ouviram”, disse Mani Ram Sharma, vice-comissário do distrito onde está situado o vilarejo agrícola de 600 habitantes.
“Não pediram permissão, e, se tivessem pedido, não teriam recebido.”
O drama em torno da troca de nome do vilarejo de Marora começou no mês passado. Em discurso feito na Virgínia, Bindeshwar Pathak, fundador da ONG Sulabh International, que trabalha com água e saneamento básico, anunciou que queria mudar o nome de um vilarejo onde estava instalando sanitários. O objetivo seria homenagear Donald Trump e melhorar as relações bilaterais entre Estados Unidos e Índia.
Satisfeitos com a atenção, e possivelmente com os dólares desenvolvimentistas que a acompanhavam, os líderes do vilarejo autorizaram a mudança. Foram instalados grandes outdoors estampados “Trump Village”, com o nome e a imagem sorridente do presidente americano. Mas Sharma imediatamente declarou ilegal a troca de nome e mandou a polícia arrancar os cartazes.
“Foi tudo fictício, um evento fraudulento criado por organizadores com a finalidade de colher dinheiro no país e no exterior”, disse Sharma em entrevista anterior à agência de notícias IANS.
Apesar disso, a Sulabh foi adiante com a cerimônia na terça-feira (18) para inaugurar um novo centro vocacional e alguns banheiros que tinha construído para os moradores da vila. Crianças agitaram placas menores com a foto de Trump e os dizeres “Nosso Vilarejo Trump Será Limpo!”. Moradores cantaram canções exaltando os benefícios do uso de vasos sanitários. Quase um terço da população indiana não tem acesso a saneamento básico.
“Estamos tentando obter a autorização para a troca de nome, mas ainda não a recebemos”, disse a vice-presidente da ONG, Monka Jain, prevendo que a autorização seria concedida “nas próximas semanas”.
Também presente ao evento estava Puneet Ahluwalia, vice-presidente do Comitê Republicano do condado de Fairfax, Virgínia, e membro do Comitê Americano de Assessoria Ásia-Pacífico da administração Trump.
A Organização Trump não respondeu a um e-mail perguntando se essa utilização do nome e da imagem do presidente americano era apropriada.
Os moradores sabem pouco sobre Trump e sua política, mas se disseram contentes que sua vila tenha recebido o nome dele.
“Por que não, se isso nos traz essas melhorias?”, comentou Mehboobi, uma das mulheres que teve um vaso sanitário instalado em sua casa.
*Com reportagem de Swati Gupta
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