Donald Trump sempre foi o que a esquerda costuma chamar de “aliado” das pessoas gays.
“Se duas pessoas gostam uma da outra, elas gostam uma da outra,” Trump escreveu em 2005, desejando votos de felicidade à união civil entre Elton John e David Furnish. Em 2000 ele disse em entrevista à revista The Advocate – voltada ao público gay – que “era justo” atualizar o Ato dos Direitos Civis de 1964 para que fosse proibida por lei qualquer discriminação baseada na orientação sexual (no começo deste ano, o juiz da Suprema Corte Neil Gorsuch, escolhido por Trump, disse exatamente isso em um julgamento). Durante os anos 1980 e 1990, Trump fez grandes doações a instituições de caridade que cuidavam de pessoas portadoras do vírus da Aids.
De fato, os registros de atitudes liberais de Trump sobre os direitos dos gays são tão claros que nas primárias de 2016 até o jornal The New York Times percebeu como “[Trump] tem nutrido uma longa amizade com pessoas gays, empregado trabalhadores gays em posições importantes e transitando com facilidade em indústrias onde os gays têm exercido uma longa influência, como o entretenimento.” O Washington Post, ao mesmo tempo, publicou um artigo de opinião com o título “Donald Trump está ensinando ao Partido Republicano uma forma diferente de apoiar os direitos dos gays.”
Desde que tomou posse, ele nem chegou perto de tentar modificar os preceitos estabelecidos por um julgamento histórico da Suprema Corte de 2015, quando a casa decidiu que casamentos entre pessoas do mesmo sexo não podem mais ser proibidas nos Estados Unidos. Nas Nações Unidas, ele prometeu lutar pela descriminalização global da homossexualidade.
Ele não compartilha os mesmos registros embaraçosos de Joe Biden em relação aos homossexuais – Biden apoiou a Lei de Defesa do Casamento em 1996, quando foram proibidas as uniões entre pessoas do mesmo sexo, e colaborou na retenção do financiamento federal para escolas que tinham posturas pró-gays. Trump não disse, como Joe Biden fez em 1972, que era justa uma reação contra homossexuais nas Forças Armadas porque estes “representavam um risco para a segurança.”
Então por que Trump – o único presidente a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo a ocupar a Casa Branca – está agora sendo pintado pelos progressistas como um inimigo das minorias sexuais, enquanto Joe “casamento é só entre homem e mulher” Biden é o seu grande campeão? A resposta é uma única letra: T.
Os movimentos de direitos dos gays estão avançando mais rápido do que qualquer um pudesse imaginar, e os lobistas tiveram que se reinventar no processo para manter a própria relevância. Desde então os movimentos de luta pelos direitos dos gays agora se chamam “LGBT”, e são quase que totalmente focados na redefinição do sexo biológico como pretexto para incluir os direitos dos transgêneros. Na verdade, a única razão pela qual a luta a favor dos transgêneros – uma questão de nicho que afeta uma porção extremamente pequena da sociedade – se tornou praticamente uma guerra cultural é porque os progressistas ainda insistem que seja assim.
Em abril de 2016, quando perguntado sobre uma decisão tomada na Carolina do Norte, que restringia o uso de banheiros ao sexo biológico das pessoas, Trump respondeu:
“A Carolina do Norte tomou uma medida muito forte e agora está pagando um preço alto por isso. Há muitos problemas. Deveriam ter deixado do jeito que estava. Havia poucas reclamações do jeito que estava. A pessoa ia, usava o banheiro que achava mais apropriado, e havia poucos problemas em relação a isso.”
Até então, esta abordagem “deixa do jeito que está” em relação aos transgêneros foi interpretada como uma guinada a favor do direito dessas pessoas. Já não é mais assim.
Os ativistas LGBT alegam que a administração de Trump tomou medidas agressivas contra as pessoas trans para agradar os extremistas religiosos. Mas tudo o que o governo fez em relação às políticas para os transgêneros foi organizar a bagunça deixada pelas administrações anteriores.
Em 2016, sob a presidência de Barack Obama, o Departamento de Justiça e o Departamento de Educação emitiram “guias” para escolas e faculdades com orientações no sentido de permitirem aos estudantes o uso de quaisquer de suas instalações ou mesmo participar de equipes esportivas de acordo com sua própria identidade de gênero. Mas não cabia aos departamentos tomar este tipo de decisão. Se o Congresso quer redefinir o que é sexo – assim como as leis de igualdade – então deixe que os congressistas o façam. Até lá, sexo significa biologia.
Durante o processo de realização da Convenção Nacional do Partido Democrata, em um encontro de apoio LGBT, o deputado democrata Mark Pocan, de Winconsin, declarou que “a administração Trump tem sido contra a igualdade em todos os sentidos dentro do serviço militar com a aprovação de leis discriminatórias.” Mas, novamente, em junho de 2016, foi o governo Obama que começou a remover a proibição militar para pessoas com disforia de gênero, que o governo Trump apenas restabeleceu. Como eu já tinha dito anteriormente:
“O governo [Trump] tornou mais claro o fato de que para uma pessoa identificada como transgênero que não precisa de uma acomodação especial ‘deve a ela ser permitido que sirva [às Forças Armadas].’ Sobre o porquê de a disforia de gênero constituir uma categoria que demanda ‘acomodações especiais’, os dados do Departamento de Defesa nos dão uma ideia. Entre outubro de 2015 e outubro de 2017, os 994 membros ativos alistados com diagnóstico de disforia de gênero corresponderam a 30.000 visitas a profissionais de saúde mental. Membros alistados com disforia de gênero são até oito vezes mais propensos a tentarem o suicídio do que os outros membros como um todo.”
O deputado Mark Takano, democrata da Califórnia, também disse que Trump “quer discriminar os casais gays e os casais LGBT nos processos de adoção. Ele quer garantir aos médicos o direito de discriminar, de decidir quem vai e quem não vai receber tratamento.” Presume-se que ele esteja se referindo ao reconhecimento do governo Trump aos direitos constitucionais das entidades católicas de funcionarem de acordo com os próprios princípios religiosos. A disputa aqui não é sobre “quem” os médicos dos hospitais católicos “vão atender,” mas sim quais serviços médicos eles poderão oferecer – medidas como o aborto e cirurgias de mudança de sexo, por exemplo, são incompatíveis com os princípios destas instituições.
A ideia, como resumida pelo presidente da Human Rights Campaign, um dos grupos de apoiadores LGBT mais influentes e agressivos dos Estados Unidos, é que “os democratas estão liderando [as questões LGBT] com unidade e diversidade, enquanto os republicanos estão sendo guiados pela ignorância, pela divisão e pela intolerância.”
Na verdade, as abordagens do governo de Trump às questões LGBT têm sido muito mais pragmáticas e liberais, consistentes com a realidade biológica e com os valores americanos de “viva e deixe viver.” Uma administração Biden-Harris deve ser exatamente o oposto, em toda e qualquer questão relacionada ao tema.
Madeleine Kearns é redatora da National Review.