O argumento é sempre o mesmo: toda vez que se aponta uma experiência socialista fracassada, os socialistas reagem irritados, como se estivessem diante de um espantalho “não era socialismo de verdade”. A história mostra que, depois de “mais de duas dúzias de tentativas”, não se pode “argumentar contra o recorde de 100% de fracasso do socialismo”, reforça Kristian Niemietz, autor do livro ‘Socialism: The Failed Idea That Never Dies’ [Socialismo: a ideia fracassada que nunca morre].
“Enquanto o sistema está em seu apogeu, quase ninguém afirma que não é ‘realmente’ socialista. Durante esse ‘período de lua-de-mel’, aquele período de sucesso inicial de curta duração, os sistemas socialistas são amplamente elogiados pelos intelectuais ocidentais. Quando suas falhas não podem mais ser negadas, os intelectuais ocidentais começam a dar desculpas para eles. E, depois de um tempo, eles simplesmente dizem que esses sistemas nunca foram socialistas de verdade”, aponta o autor.
Dar o controle da economia ao “povo” não é uma ideia inovadora dos socialistas contemporâneos, pelo contrário, sempre foi a aspiração e promessa do socialismo. Em nenhuma das experiências, a intenção expressa era uma sociedade estratificada, liderada por uma elite tecnocrática. Na década de 1940, no entanto, o economista austro-britânico Friedrich Hayek já apontava que essa ideia de controle democrático era ilusória e que o socialismo sempre leva à concentração extrema do poder na mão do Estado.
“Como ‘o povo’ administraria ‘sua’ economia em conjunto? Iríamos todos nos reunir na praça e debater quantas escovas de dentes e quantas chaves de fenda deveríamos produzir? Como decidiríamos quem fica com o quê? Como decidiríamos quem faz o quê? E se descobrirmos que não concordamos muito?”, exemplifica Niemietz.
As falhas dos regimes anteriores não são luzes para o que precisa ser melhorado nas próximas tentativas, são, pelo contrário, uma amostra de que as falhas são inerentes ao socialismo. “O socialismo não pode ser melhorado. Uma vez que um socialista tenha aprendido as lições certas, ele não pode mais ser um socialista”, assegura o escritor.
Confira sete países que tentaram implantar o socialismo e falharam:
País onde o socialismo foi tentado: Chile
Período: 1970-1973
A proposta: Primeiro governo socialista democraticamente eleito na história, o marxista Salvador Allende chegou ao poder no Chile em 1970, com 36% dos votos. Sua proposta da “via chilena para o socialismo” era socializar a economia, por meio de reforma agrária, nacionalização do cobre (principal produto de exportação do país), dos bancos e indústrias. Na posse, Allende assinou um juramento em que prometia “respeitar o
Estado de Direito, o profissionalismo das forças armadas, a liberdade de opinião, a pluralidade sindical, a autonomia das universidades e a obrigação de indenizar as expropriações previstas no programa de governo”, conta o livro ‘Guia politicamente incorreto da América Latina’, de Leandro Narloch e Duda Teixeira (Leya, 2011).
Como deu errado: Como revelou em uma entrevista, no ano seguinte, Allende só assinou o documento pela “necessidade tática” de tomar o poder. Suas medidas, desde o início, foram drásticas e violentas. Logo começaram as “tomas”, como eram chamadas as apropriações armadas de fazendas e fábricas. A consequência foi queda na produção de alimentos e bens, trazendo escassez e inflação. A resistência dos grupos de direita resultou em conflitos violentos, com pelo menos uma morte por semana em confrontos políticos.
Salvador Allende também reprimiu a imprensa, tomando o controle de jornais e rádios, por meio de compra ou de invasão e imposição de programação pró-governo. Suas políticas ainda incluíam um projeto de doutrinação socialista nas escolas. A ideia era que a Escola Nacional Unificada (ENU), criasse o “homem novo... livre para se desenvolver integralmente em uma sociedade não capitalista”.
Em 1973, o desemprego aumentava, a moeda caía, a inflação chegava a 381% e não havia produtos básicos nas prateleiras. “Para quem vê nos noticiários as filas que hoje os venezuelanos têm que enfrentar, não imagina as filas que todos os chilenos tinham que enfrentar para conseguir qualquer coisa. Era comum entrar numa fila sem saber para o que era aquela fila, tamanha a necessidade de produtos básicos”, conta a chilena Amoris Valencia, nascida pouco depois do período.
Com a economia em frangalhos, grupos terroristas promovendo atentados e a população sendo intimidada pela guarda pessoal do presidente, o descontentamento popular crescia. Mulheres batiam panelas em protesto nas ruas, caminhoneiros organizaram uma greve nacional, e outras classes profissionais e estudantes se juntavam às mobilizações. “Eu não sou presidente de todos os chilenos, mas apenas dos que apoiam a Unidade Popular”, dizia o socialista.
Com o caos instalado, Allende planejava com seus companheiros “um autogolpe, que instalaria a ditadura do proletariado e sepultaria de vez a oposição democrática”, contam Narloch e Teixeira. O desfecho, porém, foi um golpe militar, liderado por Augusto Pinochet, em 11 de setembro de 1973, e o suicídio de Salvador Allende.
“O fato de ter sido substituído pela cruel ditadura de Augusto Pinochet, que durou 17 anos, fez com que ganhasse a aura de defensor heroico da democracia, dos menos favorecidos, da liberdade de expressão”, recordam os autores. O que, certamente, Allende nunca foi.
País onde o socialismo foi tentado: Alemanha Oriental
Período: 1949-1990
A proposta: Após a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha foi dividida, junto com sua capital Berlim, em quatro zonas, cada uma delas controlada por uma das potências vencedoras do conflito: URSS, Reino Unido, França e Estados Unidos. Enquanto as três potências ocidentais unificaram suas áreas, estabelecendo uma democracia parlamentar a Leste do país, o lado soviético fundou, em 7 de outubro de 1949, a República Democrática Alemã (RDA). Em 1961, a capital seria dividida ao meio, com a construção do Muro de Berlim, “proteção antifascista” para a ditadura socialista.
Como deu errado: Quando as duas Alemanhas foram reunificadas, após a Guerra Fria, o PIB per capita da Oriental era apenas um terço do nível registrado pela Ocidental. As lacunas eram semelhantes em outros indicadores, como produtividade, desenvolvimento tecnológico e até em expectativa de vida (havia uma diferença de três anos nos diferentes lados). Um dos símbolos do fracasso econômico do socialismo alemão era o Trabant, veículo fabricado na RDA e considerado “o pior carro de todos os tempos”.
Embora nem seja o pior exemplo de socialismo, do ponto de vista econômico, se comparada às várias tentativas feitas no Leste Europeu, sob a famosa Cortina de Ferro, a Alemanha Oriental tinha dificuldade em convencer seus cidadãos a permanecer em seu território. Entre a fundação da RDA e a construção do Muro, mais de 2,7 milhões de alemães fugiram da Alemanha Oriental para a Ocidental.
Kristian Niemietz analisa que “a RDA simplesmente não poderia ter funcionado sem os controles de emigração”. Nesse sentido, o Muro de Berlim e a vigilância extrema, com a força policial autorizada a atirar em quem tentasse cruzar a fronteira, tiveram papel fundamental para manter a força de trabalho no lado socialista.
A política repressiva incluía censura, prisão de dissidentes e espionagem por parte da polícia secreta, a Stasi. A organização comandava sabotagens, tortura psicológica e revistas nas casas, como forma de isolar e desacreditar cidadãos descontentes, sem precisar encher as prisões ou transformar em mártires os perseguidos pelo regime. Quem concordasse em denunciar comportamentos suspeitos no trabalho, na escola ou até mesmo em casa recebia bonificações em dinheiro e gozava de privilégios, como viagens ao exterior. A abertura dos arquivos secretos da Stasi revelou situações em que o próprio marido delatava a esposa ao longo de anos.
Na década de 1980, a forte crise econômica do bloco comunista (na Alemanha Oriental indústria e infraestrutura estavam à beira do colapso) e o autoritarismo do governo fazia crescer a insatisfação popular, que passou a originar movimentos de oposição. A situação foi se tornando insustentável com a abertura de outros países, como Hungria e Polônia. Até que em 9 de novembro de 1989, Günter Schabowski, porta-voz da Alemanha Oriental, anunciou o fim das restrições de mobilidade entre os dois lados do país, decretando a queda do Muro de Berlim.
País onde o socialismo foi tentado: Coreia do Norte
Período: 1948-atual
A proposta: Em 1945, as forças soviéticas tomaram o norte do território da Coreia e as americanas o sul. Em 1948, é proclamada a República Popular Democrática da Coreia, sob a liderança de Kim Il-sung, que lutava contra a ocupação japonesa no território. O nascente regime comunista lançava suas bases na noção de autossuficiência do país, culto à personalidade do líder e centralismo político e econômico. Quando Kim Il-sung morreu, em 1994, o poder passou para seu filho, Kim Jong-il, e posteriormente para seu neto, Kim Jong-un, em 2011.
Como deu errado: A Coreia do Norte é uma das sociedades mais isoladas e misteriosas do mundo. Estagnação econômica, violação de direitos humanos e das liberdades individuais, presença mínima de internet e controle da informação (aparelhos de rádio e TV são programados para transmitir as propagandas do governo) são algumas das tintas que pintam o cenário nacional. O país também aparece no topo do ranking mundial de perseguição aos cristãos.
Por meio de uma agência estatal, a Coreia do Norte informou no fim do ano passado que o ditador Kim Jong-un planeja construir a força nuclear "mais poderosa do mundo", fazendo do país uma potência nuclear “sem precedentes no século”. Por seu potencial bélico, o país está na lista das principais ameaças aos Estados Unidos.
A situação econômica da Coreia do Norte é desconhecida, uma vez que o país não divulga dados detalhados. Estima-se que um trabalhador médio ganhe menos de 2 mil dólares por ano (o equivalente a R$10 mil — para efeito de comparação, o PIB per capita brasileiro registrado pelo IBGE em 2022 foi de R$ 42.625) e que mais de 40% da população seja subnutrida. O antecessor do atual ditador, Kim Jong-il, chegou a gastar mais de 800 mil dólares anuais em conhaque Hennessy, tendo sido o maior comprador mundial da bebida durante dois anos, na década de 1990.
Tentativas de fuga dos cidadãos são tidas como traição e reprimidas em um sistema prisional brutal, que inclui espancamentos, estupros e assassinato de recém-nascidos. As penas também são impostas a quem tenta se relacionar com o exterior, inclusive por meio de séries e filmes.
A diferença entre as Coreias é fisicamente mensurável: um sul-coreano médio é de três a oito centímetros mais alto que um norte-coreano, e vive mais de uma década a mais.
País onde o socialismo foi tentado: Venezuela
Período: 1999-atual
A proposta: Depois de ser eleito e assumir o governo venezuelano em 1999, o militar Hugo Chávez, um crítico do liberalismo e da política externa norte-americana, liderou a Revolução Bolivariana no país, prometendo redistribuir a riqueza para os mais pobres.
Como deu errado: Pai do que chamou de “socialismo do século XXI”, Chávez mergulhou o país mais rico da América Latina (graças ao petróleo) na pior recessão de sua história. De 2001 a 2017, o governo ocupou quase 4 milhões de hectares de propriedade privada, tornando a maior parte dela improdutiva.
O aumento do desemprego e a queda dos salários levou a um disparo na criminalidade. Em 2016, o índice de homicídios chegava a 70,1 por cem mil habitantes (o dobro do Brasil, que já é um dos países mais violentos do mundo), colocando a nação em segundo lugar no ranking mundial. O fenômeno migratório também é uma consequência do “socialismo bolivariano”. Nos 18 anos após a ascensão de Chávez, calcula-se que 5,4 milhões de pessoas tenham fugido do país, de acordo com a Agência da ONU para Refugiados.
Em 2022, a inflação bateu os 300%, mas chegou a ultrapassar 1.000.000% ao ano em 2018. O controle de preços imposto pelo governo gerou desabastecimento e fome extrema. Em apenas um ano, a perda média de peso dos venezuelanos pela fome foi de 8,7 quilos.
Neste mês de fevereiro, uma ONG venezuelana denunciou ao Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) a existência de cerca de 100 presos políticos em condições precárias no país. Dias antes a ONU disse que vai manter representantes por mais dois anos na Venezuela, para acompanhar investigações sobre acusações de tortura e promover os direitos humanos.
País onde o socialismo foi tentado: URSS
Período: 1922-1991
A proposta: Criada em 1922, fruto da Revolução Bolchevique de 1917, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) congregava 16 nações, sendo a maior delas a Rússia. Juntas, essas repúblicas eram o centro do comunismo mundial e irradiavam a ideologia, por meio de partidos ou de facções revolucionárias.
Como deu errado: O colapso da URSS ocorreu no final dos anos 1980, com a falência do modelo socioeconômico socialista. Paralelamente ao clamor dos russos por abertura política, outros países do bloco iam conquistando sua independência do poder central, como República Tcheca, Hungria e Alemanha Oriental.
Secretário geral do Partido Comunista da União Soviética e chefe de Estado de 1985 até 1991, Mikhail Gorbachev implantou as políticas glasnost (“abertura”), permitindo o aumento da liberdade de expressão e de imprensa na União Soviética, e perestroika (“reestruturação”), trazendo a descentralização das decisões econômicas.
A história coleciona páginas e mais páginas de episódios de horror promovidos pelos soviéticos. A ascensão de Josef Stalin marcou o início de um violento regime totalitário, baseado no culto à personalidade do ditador, censura, perseguição e assassinato cruel de inimigos e dissidentes.
Às vésperas da Segunda Guerra, Stalin comandou o Grande Expurgo, episódio de perseguição generalizada que matou pelo menos 750 mil pessoas, entre camponeses relativamente ricos (os kulaks), minorias étnicas, funcionários do governo e lideranças do Exército Vermelho. As motivações eram suspeitas da existência de sabotadores e contrarrevolucionários.
As políticas agrícolas desastrosas de Stalin também resultaram em uma profunda crise de abastecimento, que arrasou a Ucrânia entre 1932 e 1933. Calculam-se 2 milhões de mortos, número que chega a 12 milhões, levando em conta os nascimentos de desnutridos e com baixa imunidade, que morreram depois. O episódio ficou conhecido como Holodomor, “matar de fome” em ucraniano. O massacre poderia ter sido evitado, mas o ditador se recusou a recuar ou a aceitar ajuda humanitária. Ainda hoje se debate se Stalin comandou um genocídio ou um crime contra a humanidade. A disputa semântica, contudo, não apaga a crueldade do mortífero regime só igualado por outras ditaduras comunistas.
País onde o socialismo foi tentado: China
Período: 1949-atual
A proposta: A República Popular da China foi inaugurada em 1º de outubro de 1949, sob a liderança de Mao Tsé-tung. De 1946 a 1949, a China viveu sua segunda guerra civil, em que o Partido Comunista (criado sob influência da Revolução Russa) impôs seu domínio sobre o interior do país, reduzindo o poder dos nacionalistas. A promessa de Mao era a construção de um paraíso comunista através da revolução.
Como deu errado: Ambicioso e cruel, Mao Tsé-tung foi responsável pela morte de mais de 70 milhões de chineses, além de alguns estrangeiros e desafetos pessoais. Em uma China já no limite da pobreza, Mao impôs planos econômicos desastrosos, e, para ampliar o controle do Estado, perseguiu e eliminou opositores. Suas medidas, somadas a confiscos de terras, execuções sumárias e prisões em larga escala, resultaram em milhares de cadáveres, fome e até canibalismo.
Em 1958, durante o chamado Grande Salto à Frente, o ditador acabou de destruir o que restava da produção de alimentos. Na tentativa de desenvolver o país, ele obrigou os camponeses a trocarem a atividade agrícola pela fabricação de aço em fornalhas no fundo dos quintais, usando suas próprias ferramentas e até os móveis de casa como lenha.
As políticas maoístas levaram os chineses a níveis extremos de fome: calcula-se que 45 milhões tenham morrido entre 1958 e 1962, vítimas de inanição, espancamento ou trabalho excessivo. Historiadores afirmam que as políticas do brutal líder chinês mataram mais pessoas que o Holocausto.
Se antes de Mao a agricultura chinesa era uma das mais produtivas do mundo, depois dele nunca se recuperou totalmente. A China só começou a se erguer da ruína em 1978, quando Deng Xiaoping promoveu uma abertura do país ao capitalismo de mercado. Dois anos após a morte de Tsé-tung, o novo líder permitiu o ressurgimento do setor privado e a descentralização do
poder. Embora seja uma das maiores economias do mundo, a China ainda sofre com tortura e cerceamento de liberdades, protagonizando episódios como a repressão dos uigures e uma danosa política de Covid-zero.
País onde o socialismo foi tentado: Cuba
Período: 1959-atual
A proposta: Comandada por Fidel Castro, com a ajuda de seu irmão Raul e de Che Guevara, a Revolução Cubana tomou o poder das mãos do ditador militar Fulgêncio Batista e assumiu o governo da ilha. Apoiado financeiramente pela União Soviética, Castro se valia de slogans como redistribuição de riquezas, ajuda aos pobres e libertação nacional do domínio americano.
Como deu errado: Com a desapropriação de terras e a estatização de empresas, Cuba passou de um dos maiores produtores e exportadores de açúcar do mundo a uma situação de insuficiência do produto para consumo interno, necessitando de importação. Se até 1990 o regime cubano vivia financiado pela União Soviética, após a queda da URSS Cuba viveu uma das piores décadas de sua história. A ilha ainda se valeu do petróleo venezuelano, depois que Fidel apoiou a chegada de Hugo Chávez ao poder, mas quando o socialismo fracassou na Venezuela, Cuba foi novamente envolta em crise, com milhões de cidadãos em pobreza extrema.
Antes da revolução, nos anos 1950, Cuba era um polo turístico promissor, recebendo investimentos e turistas americanos. Atualmente o cenário é de miséria, desigualdade, fome, estagnação, má qualidade de serviços essenciais, além de escassez de liberdade econômica e individual. As longas filas por alimentos e as ruas com carros ultrapassados são um ícone mundialmente conhecido da ilha, depois que suas relações comerciais com os Estados Unidos foram cortadas.
Em 2021, mais de 70% das famílias cubanas viviam com menos de 3,80 dólares por dia (menos de 20 reais) por dia, valor considerado abaixo da linha de pobreza pelo Banco Mundial. O acesso a medicamentos também é um desafio da população, além das interrupções no fornecimento de energia. Durante o ano, quase metade dos cubanos disseram ter que abrir mão de pelo menos uma refeição e 73% acreditam que a alimentação familiar é insuficiente.
O regime também é acusado de manter profissionais fora do país em condições análogas à escravidão. Uma ação movida por quatro médicos cubanos aponta que o governo socialista embolsava 85% do salário dos profissionais que atuavam no programa Mais Médicos, criado pelo PT, no Brasil. Eles contam que tinham seus documentos confiscados e recebiam ameaças, estendidas aos familiares, caso abandonassem a missão.
Bônus: Suécia e países nórdicos
Uma busca no Google sobre lugares em que o socialismo foi bem-sucedido pode levar equivocadamente a Suécia, Finlândia, Noruega e Dinamarca. Embora esses países nórdicos tenham diminuído a distância entre ricos e pobres, por meio de um Estado de bem-estar social, o mérito não é do socialismo, mas do livre mercado.
“A Suécia não é socialista – porque o governo não possui os meios de produção. Para ver isso, você precisa ir à Venezuela, a Cuba ou à Coreia do Norte”, afirma o historiador sueco Johan Norberg, em um de seus documentários. “Nós tivemos, isso sim, em um período entre as décadas de 1970 e 1980, algo que se parecia com o socialismo: um governo graúdo que taxava e gastava bastante. E esse é o período da história sueca em que a nossa economia despencou”, acrescenta.
Depois de amargar a queda do PIB per capita e de ver a inflação e os impostos nas alturas, a Suécia reduziu o papel do governo. Cortou gastos públicos, privatizou ferrovias, parte da previdência e grandes empresas, como a fabricante da vodka Absolut, aboliu monopólios estatais, eliminou impostos sobre herança e instituiu um sistema de livre escolha de escolas por meio de vouchers - o que obriga as instituições de ensino a melhorar em qualidade para competir pelo recurso recebido pelos pais.
Com isso, a “nação camponesa empobrecida se desenvolveu e se tornou um dos países mais ricos do mundo”, avalia Norberg, acrescentando que, embora a política de bem-estar sueca seja maior que a dos EUA e os impostos mais altos, “quando o assunto são os livres mercados, a competitividade e o livre comércio, a Suécia na verdade tem mais livre mercado que os Estados Unidos”.
O que financia o bem-estar na Suécia, portanto, é o livre mercado, que não é sobrecarregado por regulamentações excessivas, nem subsídios localizados. “Hoje nossos impostos custeiam a Previdência Social, licenças-parentais de 18 meses, creches para famílias que precisam deixar os filhos em algum lugar enquanto trabalham”, diz Norberg, reforçando que não é o governo sueco que administra todos esses programas.
Kristian Niemietz acrescenta que o modelo nórdico não é facilmente replicável para outros lugares. “Os países nórdicos também são virtualmente livres de corrupção, por isso as pessoas estão preparadas para pagar impostos mais altos, porque confiam que seu dinheiro será bem gasto. Essas também são sociedades com altos níveis de confiança social, o que significa que os contribuintes estão menos preocupados com o uso excessivo do sistema de bem-estar social”, pondera.
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